31 de julho de 2007

Dúvida cruel

Por que mulheres em geral, e mulheres novinhas em particular, preocupam-se tanto com essa lorota de "amor"? Por que ficam gastando suas energias (físicas e psicológicas) tentando entender um sentimento que é tão... Estranho?

Minha possível contribuição para esta busca incessante será dada em um futuro próximo.


Ai ai viu...

Hoje o povo tá rápido na leitura do meu blog. Rápido e chato. Rápido e inconseqüente no que dizem.

Conversando com certa pessoa no msn, que leu minha postagem sobre o dia de hoje, tal pessoa veio querer tirar uma onda comigo: "Mas que vergonha! Você se matriculou em apenas duas disciplinas no próximo semestre? Eu, no meu curso [de Direito, diga-se de passagem], estou fazendo 6 disciplinas neste semestre! Você é fraco mesmo!" A pessoa falou outras coisas, todas seguindo o caminho da frase acima, mas, para poupar meus leitores de tamanha desfaçatez, limito-me a parar por aqui na descrição dos argumentos e das gracinhas de tal pessoa.

Durante a conversa, eu, no auge da minha personalidade "um pouco brutinha", deixei a pessoa ser feliz por alguns minutos, e esperei o momento e o local certos para "dar o troco". O momento é agora, o local é aqui mesmo. Senão vejamos:

  1. A pessoa estuda em uma instituição que dá a seguinte ordem aos seus professores: "Vocês não podem reprovar mais do que 3% de alunos das turmas. Se vocês reprovarem mais que isso, vocês serão demitidos." Eu falo com conhecimento de causa, pois já dei aula em tal instituição (e "fui saído" justamente porque eu reprovei mais do que 3% da turma e tive uma certa discussão "agradável" com um dos principais coordenadores da instituição). Conseqüentemente, é fácil fazer 6 matérias quando você sabe que suas chances de reprovar são baixíssimas.
  2. Se há tal regra na instituição, significa dizer que o aluno é aprovado não por méritos próprios, mas por (boa) vontade do professor. E o que garante que você, pessoa, tem capacidade própria para ser aprovada nas suas seis disciplinas?
  3. Apenas uma mula sem cabeça (a contradição é de proposito) poderia querer comparar a graduação com o doutorado. São níveis diferentes, e é óbvio que o doutorado é muito mais difícil. Para que você tenha uma idéia, na semana passada eu li mais de 600 páginas para fazer um trabalho de no máximo 10 páginas. Para escrever tais 10 páginas, tive de me basear em 12 referências bibliográficas -- sendo que, destas, 10 são livros completos, uma foi uma palestra que assisti e a última é um jornal que só está disponível on-line. Detalhe: apesar de ter lido estas mais de 600 páginas em uma semana (quero ver você ler 60 páginas em uma semana), eu não li todos os textos desta disciplina. Eu fiz as contas: se eu tivesse lido tudo o que a professora solicitou, teriam sido 1.100 páginas de texto. Façamos as contas: foram 18 aulas neste semestre, ou seja, 18 semanas (uma aula por semana). Mil e cem páginas divididas por 18 aulas dá uma média de 61 páginas por semana. Isso só de uma disciplina -- no semestre passado eu fiz duas disciplinas.

Não quero, com esta minha pequena resposta, dizer que sou melhor do que você. Discordo totalmente dessas pessoas que se acham superiores do que outras em tudo. Todos temos capacidades para fazermos tudo que quisermos -- basta corrermos atrás. Agora, vir dizer que sou "fraco" só porque eu faço "apenas" duas disciplinas enquanto você faz seis...

Portanto, "pessoa", quem é fraco aqui? Ah, vá para o inferno!


Para pensar

"Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana." Do anarquista russo do século 19, Mikhail Bakunin (1814-1876).


Satisfação

Creio que a palavra que dá título a esta postagem sintetiza o dia de hoje, e por vários motivos:

  1. Voltei a dar aulas;
  2. Minha turma em Sobradinho é bem pequena: tem apenas 30 alunos, o que permite muito mais "intimidade" com os mesmos e, conseqüentemente, a aula rende bem mais;
  3. Os alunos pareceram-me extremamente participativos, a ponto de hoje, no primeiro dia de aula, eu não conseguir terminar o conteúdo devido a perguntas e comentários que vários deles fizeram no decorrer da aula;
  4. Almocei em um restaurante vegetariano muito bom -- e, o que é melhor ainda, meu coordenador foi quem pagou minha conta;
  5. Conversei com a minha (horrível) professora de uma das disciplinas do doutorado e ela aceitou meu trabalho com 10 páginas e meia (o limite máximo era de 10 páginas), de forma que eu não precisarei reescrevê-lo;
  6. Peguei meu histórico do doutorado na UnB e, das duas disciplinas que cursei neste semestre, em uma delas fiquei com SS (caso alguém não saiba o que é isso, é uma menção que corresponde a uma nota entre 9,0 e 10,0) -- mas pude conversar pessoalmente com o professor e ele me disse que, numericamente, minha nota foi 10,0 (a outra nota é do trabalho que entreguei hoje, portanto ainda não sei quanto tirei);
  7. Meu pedido de aproveitamento de disciplinas no doutorado -- tanto disciplinas que cursei no mestrado e que podem ser aproveitadas quanto a disciplina que fiz como aluno especial -- foi aceito, o que significa dizer que meu curso de doutorado será reduzido de 4 para 3 anos;
  8. Fiz minha matrícula para mais duas disciplinas no próximo semestre, e consegui encaixar as melhores disciplinas com os melhores professores no horário exato que eu posso cursá-las (à tarde);
  9. Meus últimos 4 DVDs, que eu havia comprado há uma semana atrás, chegaram;
  10. Tomei duas canecas de cappuccino com canela neste lindo fim de tarde (o céu estava muito bonito) e o café estava delicioso.

Quer dia melhor que esse? :D


Pergunta da hora

Existe algo melhor do que tomar um cappuccino com canela após um dia de longas caminhadas e de longos períodos em pé?


Custo Brasil

(Original aqui)

Eis o relato que recebi da advogada Suzana Magalhães Lacerda, do escritório Monteiro, Neves e Fleury Advogados, de S.Paulo:

”Fui a Campinas com três objetivos e nenhuma esperança: Posto Fiscal, Justiça e Procuradoria da Fazenda.
O problema é simples: empresa cliente precisa de Certidão Negativa de Débitos e, para isso, precisa “baixar” todos esses débitos. A solução é complicada: percorrer todas as repartições públicas, conversar com todos os funcionários públicos e esperar.

Destino 1: Posto Fiscal (na parte da tarde).
Dirijo-me ao balcão de informação e explico o caso.
A funcionária (pública), de cabeça apoiada nas mãos, já adverte: “O responsável não está mais aqui, mas se quiser, pega uma senha.”
Entro na fila, espero e chego a outra funcionária (pública) e explico o caso:
- Preciso ver dois processos, recentes, para saber do que se trata.
- Xiiiiiiiii, processo só com Zé[1]. E ele já foi embora (eram 14:30h). Só amanhã, das 8h às 11h.
Eu insisto:
- Mas é urgente e só preciso saber do que se trata. Não tem outra pessoa?
- Não tem. Só o Zé.
E ela tenta me animar:
- Vem bem cedinho... aí ele te deixa ver o processo na hora. Senão.... tem que agendar para ver outro dia.
Sim, sim. Eu já conheço o Zé. Funcionário público de meia-idade, dono da verdade (e de todos os processos da Receita Federal de Campinas), todo prosa.
Desisto de ver esses processos e prossigo:
- Tem outro processo, mas este está com o Sr. Geni. Preciso falar com ele para saber o andamento....
- O Geni?? (ela dá uma risadinha). O Geni não recebe ninguém....
- Sei.
Já tinham me alertado.
- Mas, moça, é urgente!! Tenho que falar com o Geni.
- Olha, para falar com o Geni, você tem que falar com a Sara primeiro... que é chefe dele.
- E onde a Sara fica?
- Iiiiiiiiiiii, a Sara já foi embora... mas ela fica aqui do meu lado, de manhã. Ai você volta amanhã, fala com a Sara, ela te dá uma autorização para subir e falar com o Geni. Com a autorização, você liga para o Geni e vê se ele te recebe! Assim, bem simples.
Já que o Zé e nem a Sara estavam lá e o Geni não quis me receber, fui embora. Sem resolver nada.

Destino 2: Justiça
Na Justiça, o objetivo era mais simples: conversar com o juiz (que já havia me recebido outro dia).
Dirijo-me ao gabinete e converso com a moça (sim, para se chegar a um funcionário público, sempre é preciso falar com outro antes):
- Queria despachar com o juiz.
A moça lembra de mim, pede para eu esperar, vai falar com o juiz e volta com cara de lamento:
- Olha, o juiz não vai te receber porque você já falou com ele e já já ele irá decidir sobre seu processo.
Resignada, peço, gentilmente:
- Então, posso ver o processo? Só para saber o que a Receita Federal (não o Geni, ou a Sara ou o Zé) disse?
- Ai, acho que não pode....
- Como não posso? O processo não está aí na sua mesa? Por que não posso?
- Acho que é irregular...(!?)
- Irregular???
A funcionária (pública) pergunta para a outra:
- Ela pode ver o processo? Não é irregular?
- Não, ela pode.
Pego o processo e percebo um erro de um funcionário (público) que esqueceu de me intimar de um despacho de um mês atrás. E digo:
- Olha, teve um despacho, há um mês atrás, e eu não fui intimada ainda.... e se eu não cumprir o despacho, o juiz não vai decidir....
Ela pega o processo, analisa, faz cara de descrédito e rebate:
Foi erro do funcionário .........(público). Vou ter que mandar o processo de volta para a Secretaria, eles vão mandar publicar o despacho, depois abre seu prazo para resposta, daí ele volta para cá e, então, mandamos para o juiz decidir.
Impaciente, eu argumento:
- É que eu tenho pressa na decisão.... se eu for esperar tudo isso, serão mais uns 20 dias.Não posso tomar ciência do despacho agora e já cumpri-lo e, depois, bem rápido, você manda o processo de volta ao juiz?
A parte do “bem rápido” foi um acesso de ingenuidade, mas a funcionária concordou e explicou: é melhor. O erro foi de um funcionário e ele ia levar uma bronca do juiz.... e ele é um moço tão bonzinho, tadinho. Vamos lá falar com ele.
Vem o funcionário (público) que errou. Corrige o erro.
Se não fosse minha pressa, eu faria questão da bronca do juiz.
Tiro cópia do processo, devolvo e sigo minha jornada. Sem resolver nada.

Destino 3: Procuradoria da Fazenda
Pego a senha, sento, abro meu livro e espero.
20 senhas e 40 minutos depois, sou chamada.
Explico o caso e a funcionária prontamente responde:
- Para saber disso, é só a senhora entrar no site do órgão .
Ora, se fosse simples assim, eu não teria andado 80 km até Campinas, pegado senha e esperado 40 minutos!
São 16:30h, rodízio do meu carro, paciência gasta no Posto Fiscal, paciência gasta na Justiça e eu retruco:
- Posso falar com a Amanda?
O negócio de chamar um nome faz efeito. O serviço público agora é personalizado. O Zé é processo, a Sara é para Geni, o Geni para decidir, a Jô para o procurador e a Amanda para um pouco de atenção.
Enquanto espero, meu chefe liga. Tento explicar que passei o dia todo em Campinas e não resolvi nada.... e que não foi culpa minha. Ainda bem que ele já foi funcionário público e que, na hora que ele começa a perguntar, a Amanda aparece.
- Preciso desligar. Chegou minha vez, depois te ligo.
A Amanda, funcionária pública educada, aparece. Lembra de mim, mas não lembra do meu caso.
Explico e ela recorda:
- Seu processo já está com o procurador! (passados dois meses)
- Mas já foi enviado para a Receita dar baixa no débito?
- Ah, daí eu não sei.
- Mas, você não pode olhar isso para mim? Eu tenho pressa... a empresa precisa, urgente, da CND. E, além do mais, o erro foi de vocês...
- Não posso. Quem pode te ajudar é a Jô.
- Então, posso falar com a Jô?
- Ela não está aqui hoje.... só terça. Volta terça-feira, daí você fala com ela, ela fala com o Procurador e vê se seu processo está ou não aqui!
São 17:30h, vou para São Paulo com uma única certeza: vou levar multa de rodízio.
No caminho, um dilema. Não sei se queria ser funcionária pública para também não fazer nada e irritar todo mundo ou se queria ser uma terrorista e jogar uma bomba em cada repartição que passei.
Chego em São Paulo, 19h, trânsito, multa e ainda bato o carro”.

E o internauta Marcelo completa: “Na Califórnia o tempo para conseguir um CNPJ é de 2 dias Uma inscrição estadual 30 minutos e um alvará 5 minutos. Dá para competir?”


30 de julho de 2007

Amanhã recomeçamos

Pois é, amanhã o semestre recomeça pra mim. Não no Projeção, mas na Espam, em Sobradinho (ou seja, terei de acordar às 6:15 h da manhã. São 23:42 h e ainda estou aqui na net. Tô ferrado!).

Vai dar tudo certo, é claro. Não porque eu me ache o melhor, mas porque está tudo racionalmente preparado. E, como as aulas dependem de mim, e não dos outros, não há como nada dar errado -- só se alguma coisa de ruim acontecer comigo, o que eu espero não aconteça.


Que ótimo!

Não havia ainda visto esta notícia, e tive a imensa alegria de vê-la agora. Sim, eu detesto, eu odeio o Piquet. E fodam-se aqueles que sejam fãs do cara. Queria que ele tivesse perdido a habilitação dele pra sempre (pra não dizer em público outros desejos de "coisas" que eu gostaria que tivessem acontecido com ele.

(Original aqui)

Piquet perde carteira de habilitação
Tricampeão mundial de Fórmula 1, ele ultrapassou o máximo de pontos permitidos.
Ele e sua mulher, que está na mesma situação, têm de fazer aulas no Detran.

Tricampeão mundial de Fórmula 1, Nelson Piquet ultrapassou, desde junho deste ano, o limite de pontos aceitos pelo Departamento de Trânsito (Detran) para infrações, que são 20. Ele tem, pelo site do Detran-DF, 128 pontos na carteira de habilitação, apesar de o piloto afimar que só foi informado de ter 29 pontos. Sua mulher, Viviane Piquet, também está na mesma situação.

Dessa forma, o piloto e a mulher não podem dirigir pelas ruas do país até que regularizem a situação junto ao órgão. Para resolver o problema, o casal Piquet participou nesta segunda-feira (30) da primeira aula da escola do Detran. Ele terá que percorrer todo o trâmite burocrático exigido atualmente pelo órgão para reaver a habilitação – escola com aula teórica e, depois, uma prova.

O piloto, que transita pelas ruas de Brasília em carros possantes – Fusca com motor de Porsche, M3 conversível da BMW e um Ford GT, entre outros -, está há quase três meses com a carteira suspensa.

Aluno dedicado

Sentado na primeira fila, acompanhado de outros 30 motoristas na mesma situação, o tricampeão assistiu à primeira aula: direção defensiva. E outra virão: primeiros socorros, relações interpessoais e legislação de trânsito. Serão oito dias de curso, 30 horas/aula no total, só 15 minutos diários de intervalo.

"Eu acho que a gente tem que pagar pelos atos que a gente faz, é não é nem o problema de alta velocidade, é multa em geral, parar em lugar que não pode, aeroporto, isso e aquilo, então eu acho que é válido", confessou Nelson Piquet.

Um colega de turma do tricampeão está empolgado com a presença ilustre. "Ele está bem comportado na aula", declarou o representante comercial Marco Túlio Vieira.

Sem regalias

No final do curso, Nelson Piquet e os colegas vão ter que fazer uma prova. Serão 40 questões. Para conseguir a carteira de motorista de volta, é preciso acertar pelo menos 70% das perguntas. "Ele tem que cumprir toda a carga horária, como determina o Código de Trânsito. Não tem nenhuma regalia, como nenhum brasileiro haverá de ter", garante o diretor do Detran-DF, Délio Cardoso. "Vamos tirar um bom proveito disso e aprender alguma coisa", conforma-se Piquet.

Sua esposa também está conformada. "Não tem como fugir. Lei é lei. A gente tem que cumprir e é isso aí", disse Viviane Piquet.

Espontaneamente

Segundo a assessoria do Detran, o piloto se apresentou ao órgão espontaneamente para requerer a nova habilitação, ou seja, a carteira de motorista dele não foi cassada, o que, geralmente, acontece com motoristas que são pegos em blitz e têm excesso de pontos.

Piquet tem carteira de motorista categorias A (motos) e B (carros). Ele cometeu, segundo o site do Detran, infrações médias e graves, cujos preços variam de R$ 80 a R$ 191,53.

O órgão, no entanto, não informou quais foram as irregularidades cometidas pelo tricampeão, mas, pela Legislação de Trânsito, infrações graves são, por exemplo, ultrapassar outro veículo pelo acostamento. Já as médias, podem ser deixar de dar passagem pela esquerda quando solicitado.


Sobre política

Não me perguntem o por quê. Apenas deu vontade de postar isto aqui hoje.

O texto, apesar de grande (os vagabundos não irão lê-lo), é instrutivo -- e, diria eu, fundamental para se entender os processos políticos que hoje ocorrem não apenas em nosso país mas também no restante do mundo. Se meus alunos se dispusessem a ler este texto -- e, mais do que simplesmente ler, se se dispusessem a compreendê-lo --, texto este que corresponde ao conteúdo da primeira aula, não teriam tanta dificuldade na minha disciplina.

Política: derivado do adjetivo originado de pólis (politikós), que significa tudo o que se refere à cidade e, conseqüentemente, o que é urbano, civil, público, e até mesmo sociável e social. Na época moderna, o termo perdeu seu significado original, substituído pouco a pouco por outras expressões como "ciência do Estado", "doutrina do Estado", "ciência política", "filosofia política", etc., passando a ser comumente usado para indicar a atividade ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis, ou seja, o Estado. Contrastando com a tradição clássica, segundo a qual a esfera da Política, entendida como esfera do que diz respeito à vida da pólis, compreende toda a sorte de relações sociais, tanto que o "político" vem a coincidir com o "social", a doutrina exposta sobre a categoria da Política é certamente limitativa: reduzir, como se fez, a categoria da Política à atividade direta ou indiretamente relacionada com a organização do poder coativo é restringir o âmbito do "político" quanto ao "social", é rejeitar a plena coincidência de um com o outro.

O conceito de Política, entendida como forma de atividade ou de práxis humana, está estreitamente ligado ao de poder. Para acharmos o elemento específico do poder político, parece mais apropriado o critério de classificação das várias formas de poder que se baseia nos meios de que se serve o sujeito ativo da relação para determinar o comportamento do sujeito passivo. Com base neste critério, podemos distinguir três grandes classes no âmbito de um conceito amplíssimo do poder. Estas classes são: o poder econômico, o poder ideológico e o poder político. O primeiro é o que se vale da posse de certos bens, necessários ou considerados como tais, numa situação de escassez, para induzir aqueles que não os possuem a manter um certo comportamento, consistente sobretudo na realização de um certo tipo de trabalho. Na posse dos meios de produção reside uma enorme fonte de poder para aqueles que os têm em relação àqueles que os não têm: o poder do chefe de uma empresa deriva da possibilidade que a posse ou disponibilidade dos meios de produção lhe oferece de poder vender a força de trabalho a troco de um salário. Em geral, todo aquele que possui abundância de bens é capaz de determinar o comportamento de quem se encontra em condições de penúria, mediante a promessa e concessão de vantagens. O poder ideológico se baseia na influência que as idéias formuladas de um certo modo, expressas em certas circunstâncias, por uma pessoa investida de certa autoridade e difundidas mediante certos processos, exercem sobre a conduta dos consociados: deste tipo de condicionamento nasce a importância social que atinge, nos grupos organizados, aqueles que sabem, os sábios, sejam eles os sacerdotes das sociedades arcaicas, sejam os intelectuais ou cientistas das sociedades evoluídas, pois é por eles, pelos valores que difundem ou pelos conhecimentos que comunicam, que se consuma o processo de socialização necessário à coesão e integração do grupo. Finalmente, o poder político se baseia na posse dos instrumentos mediante os quais se exerce a força física (as armas de toda a espécie e potência): é o poder coator no sentido mais estrito da palavra. Todas estas três formas de poder fundamentam e mantêm uma sociedade de desiguais, isto é, dividida em ricos e pobres com base no primeiro, em sábios e ignorantes com base no segundo, em fortes e fracos, com base no terceiro: genericamente, em superiores e inferiores.

Como poder cujo meio específico é a força, de longe o meio mais eficaz para condicionar os comportamentos, o poder político é, em toda a sociedade de desiguais, o poder supremo, ou seja, o poder ao qual todos os demais estão de algum modo subordinados: o poder coativo é, de fato, aquele a que recorrem todos os grupos sociais (a classe dominante), em última instância, ou como extrema ratio, para se defenderem dos ataques externos, ou para impedirem, com a desagregação do grupo, de ser eliminados. Nas relações entre os membros de um mesmo grupo social só o uso da força física serve, pelo menos em casos extremos, para impedir a insubordinação ou a desobediência dos subordinados, como o demonstra à saciedade a experiência histórica.

Embora a possibilidade de recorrer à força seja o elemento que distingue o poder político das outras formas de poder, isso não significa que ele se resolva no uso da força; tal uso é uma condição necessária, mas não suficiente para a existência do poder político. Não é qualquer grupo social, em condições de usar a força, mesmo com certa continuidade (uma associação de delinqüência, uma chusma de piratas, um grupo subversivo, etc.), que exerce um poder político. O que caracteriza o poder político é a exclusividade do uso da força em relação à totalidade dos grupos que atuam num determinado contexto social, exclusividade que é o resultado de um processo que se desenvolve em toda a sociedade organizada, no sentido da monopolização da posse e uso dos meios com que se pode exercer a coação física. Este processo de monopolização acompanha pari passu o processo de incriminação e punição de todos os atos de violência que não sejam executados por pessoas autorizadas pelos detentores e beneficiários de tal monopólio.

Conseqüência direta da monopolização da força no âmbito de um determinado território e relativas a um determinado grupo social, assim hão de ser consideradas algumas características comumente atribuídas ao poder político e que o diferenciam de toda e qualquer outra forma de poder: a exclusividade, a universalidade e a inclusividade. Por exclusividade se entende a tendência revelada pelos detentores do poder político ao não permitirem, no âmbito de seu domínio, a formação de grupos armados independentes e ao debelarem ou dispersarem os que porventura se vierem formando, assim como ao iludirem as infiltrações, as ingerências ou as agressões de grupos políticos do exterior. Esta característica distingue um grupo político organizado da "societas" de "latrones" (o "latrocinium" de que falava Agostinho). Por universalidade se entende a capacidade que têm os detentores do poder político, e eles sós, de tomar decisões legítimas e verdadeiramente eficazes para toda a coletividade, no concernente à distribuição e destinação dos recursos (não apenas econômicos). Por inclusividade se entende a possibilidade de intervir, de modo imperativo, em todas as esferas possíveis da atividade dos membros do grupo e de encaminhar tal atividade ao fim desejado ou de a desviar de um fim não desejado, por meio de instrumentos de ordenamento jurídico, isto é, de um conjunto de normas primárias destinadas aos membros do grupo e de normas secundárias destinadas a funcionários especializados, com autoridade para intervir em caso de violação daquelas. Isto não quer dizer que o poder político não se imponha limites.

Fonte: BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1998. Verbete “Política”.


Mais um absurdo no Brasil

Lembrem-se da postagem que fiz ontem ou anteontem sobre o desempenho do Congresso Nacional. Imaginem como não seria se estas propostas forem aprovadas...

(Original aqui)

Projetos prevêem criação de mais 6 estados
Se aprovados, país terá mais 144 deputados estaduais, 48 federais e 18 senadores.
Novos estados dividiriam Pará, Mato Grosso, Bahia, Maranhão e Piauí.

Estão prontos para votação no Congresso projetos que prevêem a criação de mais seis estados. Se aprovados, eles vão agravar o inchaço do Legislativo, abrindo 144 cadeiras de deputado estadual, 48 vagas de deputado federal e 18 de senador.

Esses projetos de decreto legislativo, que prevêem a realização de plebiscito, foram aprovados nas respectivas Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e podem ser inseridos na pauta a qualquer momento.

Os novos estados em estudo são: Carajás e Tapajós no Pará; Mato Grosso do Norte em Mato Grosso; Rio São Francisco na Bahia; Maranhão do Sul no Maranhão e Gurguéia no Piauí.

Em comparação, os Estados Unidos têm 50 Estados, com representação fixa no Congresso de 100 senadores e 435 deputados. Se forem criadas mais unidades da federação, não haverá aumento do Parlamento, apenas a redistribuição das vagas.

O Brasil tem 26 estados e 1 Distrito Federal. O Congresso abriga 513 deputados e 81 senadores. Aqui, ao contrário dos EUA, a configuração aumenta se houver novos estados. Em média, a Assembléia Legislativa de um pequeno Estado, com 24 deputados, consome R$ 110 milhões ao ano.

Na maior parte, os projetos de criação de estados são antigos e apresentam lacunas. Nenhum deles, por exemplo, inclui um estudo detalhado sobre a viabilidade econômica e os custos da medida.

A criação de um estado pressupõe a existência de um novo Executivo, um novo Judiciário e um novo Legislativo. Todos devem ser dotados de completa estrutura física, como prédios, veículos e equipamentos, e administrativa - governadores, secretários, servidores, juízes, promotores, deputados e assessores.

As propostas tampouco apresentam solução para um problema crucial: quem arcará com os custos do plebiscito. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".


Para terminar o dia

Quase uma hora da manhã, hora de ir dormir. Mas antes, gostaria de deixar aqui uma foto que eu mesmo tirei lá em MG e da qual gostei muito. A foto está no meu álbum do orkut, e lá eu coloquei a legenda que está logo abaixo da foto.


Alguém olhando por nós (?)


Heróis?

Agora, depois da letra da música, algo mais sério (não que a música não seja). Existem heróis brasileiros?

Faço a pergunta porque, nestas duas últimas semanas de Pan, esta foi uma das palavras que mais li na revista Época, mais ouvi na Globonews e mais li no portal G1 (todos eles partes do conglomerado das Organizações Globo). Era "herói" pra cá, "herói" pra lá", "nossos novos heróis", "o heroísmo de nossos campeões", e por aí vai. E fiquei a pensar: heróis?

Segundo o dicionário on-line da empresa Priberam, herói é o seguinte:

s. m.,
homem extraordinário pelas suas qualidades guerreiras, triunfos, valor ou magnanimidade;
Lit.,
protagonista ou personagem principal de uma obra literária;
a figura mais exaltada em um poema épico;
Hist.,
nome que os Gregos davam aos grandes homens divinizados;
deprec.,
homem notável pelos seus desmandos, que se envolveu em aventuras e escândalos.

Aí eu fiquei pensando: será que os atletas brasileiros são "heróis"?

Das definições acima, a que mais faria um atleta brasileiro se aproximar do conceito de herói seria a primeira: uma pessoa "extraordinária pelas suas qualidades guerreiras, triunfos, valor ou magnanimidade". Mas mesmo assim, para mim chamar um atleta que ganhou uma medalha de ouro de "herói" soa meio falso. Falso porque o cara fez/faz aquilo pela vida inteira, dedica-se apenas àquilo, ganha para fazer aquilo... Então, na hora do "vamos ver", ele tem mesmo é que ganhar uma medalha de ouro (só a de ouro serve, como já postei anteriormente por aqui. Prata e bronze não significam nada pra mim.) Nem mesmo o Ayrton Senna, que pra mim foi, é e continuará sendo o maior atleta que o Brasil já teve, nunca foi um herói pra mim, quanto mais esses filhinhos de papai riquinhos que tiveram bons investimentos desde a infância e que não têm nada na cabeça a não ser buscar um bom patrocinador vão ser heróis!

Provavelmente muitos não concordarão comigo, com as palavras acima, e nem mesmo com as palavras abaixo: herói pra mim são os bombeiros. E não falo isso porque eles estiveram meio que em evidência na semana passada, por causa do acidente com o avião da TAM. Falo isso porque sempre, em qualquer merda que acontece, eles são os primeiros a aparecer. Em qualquer merda que acontece, eles são os que vão lá enfrentar o perigo de um prédio desabando, por exemplo. Eles que, no seu anonimato, conseguem salvar vidas. O argumento é o mesmo: são pagos pra fazer isso e estão lá porque querem (pelo menos, eu acho que é o caso da maioria), e por isso têm de ser bons no que fazem. E o fazem, e o fazem de maneira anônima. Esses sim são heróis, são pessoas "de valor", como nos diz o dicionário.

Não adianta. Pra mim, nenhum atleta contemporâneo, em qualquer esporte, é um "herói". Só porque foram lá e ganharam umas medalhinhas não os tornam melhores que ninguém, não a ponto de se destacarem e serem tão paparicados pela mídia (= Globo) a ponto de merecerem o rótulo de "heróis". Até porque os heróis de hoje, se se ferrarem nas Olimpíadas do ano que vem, transformar-se-ão em "patinhos feios". A Daiane dos Santos que o diga: alguém ouviu falar da nossa "heroína que consegue dar um salto sei lá como que só ela consegue no mundo todo" neste Pan? Não, ela sumiu.

Heróis de verdade nunca somem.


Letra de música

Saí do banho agora. Fiquei pensando em várias coisas, uma das quais vou escrever logo em seguida, mas, além disso, fiquei cantarolando uma música o tempo todo. Então aqui vai a letra da música.

Rita Lee - Doce Vampiro

Venha me beijar
meu doce vampiroooo
Ou ouuuuu
Na luz do luar
Ãh ahãããããh
Venha sugar o calor
de dentro do meu sangue
vermelhoooo
Tão vivo tão eterno
veneno
que mata sua sede
e me bebe quente
como um licor,
brindando a morte e fazendo amor,
meu doce vampiro
Ou ouuuuu
Na luz do luar
Ãh ahãããããh
Me acostumei com você
sempre reclamando da vidaaaa
me ferindo, me curando
a ferida
mas nada disso importaaaa
vou abrir a portaaaa
pra você entrar
beijar minha boca
até me matar
Cha lá lá lá
Ou ouuuuu
Cha lá lá lá
Ou ouuuuu 2x
Ãh ahãããããh
Ou ouuuuu 2x
Ãh ahãããããh
Ãh ahãããããh
Me acostumei com você
sempre reclamando da vidaaaa
me ferindo, me curando
a ferida
mas nada disso importaaaa
vou abrir a porta
pra você entrar,
beijar minha boca
até me matar
de amoooor

PS: Aos psicólogos de plantão, desde já aviso que coloquei a música porque eu a estava cantarolando, e por um motivo muito simples: antes de entrar no banho, eu li uma entrevista com a Rita Lee. Por isso a música veio à mente. Nada daquelas coisas de "ele escreveu isso porque quis dizer aquilo outro..."


29 de julho de 2007

Para a amiga da amiga

Prezada amiga da minha amiga,

Vi no blog dela que ela não quis te dar meu telefone para que pudéssemos entrar em contato e filmar aquele que seria o blockbuster do ano.

Eu até entendo a situação dela -- ela se sentiria meio "menosprezada" por tal ato de bondade da nossa parte --, e sei que foi por isso que ela não quis que entrássemos em contato um com o outro.

Em todo caso, te dou uma dica: aqui no meu blog, do lado esquerdo, um pouco mais abaixo, há um link para meu perfil. Neste perfil está meu e-mail do MSN. Eu quase não uso o e-mail do Hotmail, mas de vez em quando passo por lá pra ver o que mandaram pra mim. Sendo assim, mande-me um e-mail naquele e-mail que está neste perfil e a gente entra em contato -- isso se ainda houver interesse de sua parte em filmar nossa tão bela dedicatória à nossa amiga em comum. Eu estou à disposição.

Abraços!


E para completar o dia...

Meu São Paulo venceu pela terceira vez seguida e foi à liderança do Campeonato Brasileiro. E o melhor ainda, o Corinthians empatou com o Flamengo e continua lá embaixo... :D


Besteirinha legal

Meu blog chegou aos 3.333 visitantes.

3 + 3 + 3 + 3 = 12

1 + 2 = 3

Ou seja, de todo jeito o número 3 está presente no blog, pelo menos por enquanto... :P


Mais um dia daqueles!

Sim, um dia daqueles, mas daqueles bons, muito bons!

Primeiro, de manhã, acordei relativamente cedo (umas 7:30 h), mas levantei-me tarde (por volta das 9:30 h). Tive uma noite excelente, extremamente revigorante, daquelas que, ainda que você se canse, você se sente descansado. (Talvez esta última frase seja meio nebulosa pra muita gente, mas este é o objetivo.)

Depois disso, ia redigir meu trabalho, mas acabei assistindo à Globonews (e vendo mais um dos programas falando sobre o caos aéreo -- já me cansei deste assunto, nunca há novidade). O bom do programa é que havia um cientista político no meio (do qual não gosto muito, mas vá lá) e, como conseqüência, o programa ficou bem mais interessante do que se só estivessem os outros dois elementos lá (dois membros do governo).

Na hora do almoço ia comer fora, em um restaurante aqui perto, mas acabei deixando a idéia de lado e só comprei uma pizza em um supermercado. Aliás, comprei duas pizzas, o que significa dizer que, daqui a pouco, logo após esta postagem, estarei comendo mais uma.

Após almoçar, fiquei enrolando um pouco até 14:30 h, porque eu tinha de ligar para minha família para resolver umas coisas com minha irmã e meu pai. E, quando liguei, lá se foi mais uma hora de conversa ao telefone -- bom demais!

Mas isto significa dizer que eu só comecei a redigir meu trabalho às 15:30 h. Massss... Como sou um excelente aluno, bem organizado, eu já tinha as idéias principais destacadas em um rascunho que fiz ontem, bem como os números das páginas de onde eu ia fazer as minhas citações, e todas as fontes de onde eu ia tirar o que eu precisava. Resumo: redigi as 10 páginas (aliás, redigi 11 páginas, mas como o limite máximo era de 10 páginas, tive de tirar algumas coisas) em 4 horas -- comecei às 15:30 h e terminei às 19:30 h. Dei apenas uma lida rápida após a redação, e acho que tá até bonzinho :P Agora eu imprimi o trabalho, vou deixá-lo quietinho aqui no meu sofá e amanhã de manhã eu o leio novamente, para fazer eventuais correções -- já que o dito cujo tem de ser entregue amanhã mesmo. Acho que o trabalho ficou bom... Escrevi defendendo coisas em relação às quais minha professora é totalmente contra, e vamos ver o que vai dar. Claro que minha redação está extremamente baseada em argumentos, e não em achismos, o que significa dizer que, se a professora me der uma nota abaixo de 9,0, o pau vai torar...

No mais é isso. Ontem acabei nem vendo filme à noite, mas o banho revigorante foi tomado. O que significa dizer que o filme ficou pra hoje -- e vou vê-lo daqui a pouquinho.

Ah, e claro: tudo isto que fiz hoje foi devidamente acompanhado, mais uma vez, das melhores músicas clássicas existentes...


Balanço do Contresso Nacional no primeiro semestre

Câmara dos Deputados:

- Os 513 deputados apresentaram 1.734 novas propostas de todos os tipos;
- Em 106 sessões, foram aprovadas 117 proposições de leis e medidas provisórias, das quais 30 viraram leis;
- Instalada a CPI da Crise Aérea;
- Três deputados acusados pela Polícia Federal de fazerem parte de esquemas de fraudes em licitações (Operação Navalha);
- Um deputado acusado pela Polícia Civil de Osasco (SP) de ser o mandante de plano para assassinato de outro deputado;
- Apenas 10 parlamentares (2% do total) estiveram presentes em todas as 106 sessões deliberativas.

Senado Federal:

- Os 81 senadores apresentaram 427 projetos de lei de todos os tipos;

- Em 57 sessões deliberativas, os senadores aprovaram 36 medidas provisórias e 101 projetos de lei, enviados à sanção presidencial ou para a Câmara dos Deputados. No total, foram aprovadas 158 proposições;
- Instalada a CPI da Crise Aérea;
- Um senador acusado de tráfico de influência para favorecer grilagem;
- Escândalo do presidente do Senado, Renan Calheiros;
- Renúncia de Roriz e investigação prévia de Argello, seu suplente.

Para terminar:

No Brasil, cada parlamentar (senador ou deputado) custa, em média, 10 milhões e 200 mil reais por ano. Na Itália cada parlamentar sai por 3 milhões e 900 mil reais por ano. Na França, 2 milhões e 800 mil reais por ano. Na Espanha, 850 miil reais por ano. Na Argentina, um milhão e 300 mil reais por ano. Isso -- lembremo-nos -- apenas no nível federal.


Será que nossos congressistas valem mesmo 10 milhões e 200 mil reais por ano, ou seja, 850 mil reais por mês?

Fontes: Matéria no G1 e site Transparência Brasil.


Existe louco pra tudo

Não bastam as mil e uma utilidades e adaptações do iPhone: é preciso também garantir que o telefone da Apple pode resistir a impactos muito grandes. O site Will it Blend? não teve dó e colocou o portátil mais esperado dos últimos tempos em um liquidificador, para ver o tamanho do estrago. O resultado pode ser visto aqui.


28 de julho de 2007

Afe, que dia!

São 20:08 h agora e eu estou meio zonzo. Muito simples: passei o sábado terminando minhas leituras para o meu trabalho do meu doutorado.

Acordei cedo, antes das 8 h da manhã, mas a preguiça só me permitiu levantar às 9:30 h. E, dando continuidade à preguiça, fiquei mexendo no computador (vendo e-mail, orkut, notícias, estas merdas) e acabei que comecei a ler apenas às 10:40 h da manhã. Li bastante, aí saí para almoçar, cheguei em casa e mexi mais um pouquinho no computador, e às 15 h retomei a leitura. Terminei agora há pouco, por volta das 19:30 h. Total lido hoje: 148 páginas. Total lido de quarta a hoje: 594 páginas. Fora meu projeto do doutorado, que tem 20 páginas e terei de relê-lo. E tudo isso pra ser sintetizado em um trabalho que deve ter no máximo 10 páginas, para a próxima segunda-feira. Vocês podem imaginar como meu domingo será "divertido"...

Lado bom da história (pelo menos pra mim): toda a leitura foi acompanhada de muuuuuita música clássica... Nada melhor do que ler ao som dos grandes mestres da música erudita. Como disse, pra mim é maravilhoso. Ainda mais quando os arquivos são pegos de graça na net, hehehehe... :P

Agora, antes da noite terminar, nada melhor do que um cappuccino e um filmezinho... Só não sei qual. Mas nada que um banho quente não me ajude a decidir, hehehe...


Diretor da Anac teve despesa paga pela TAM

(Original aqui)

Josef Barat aparece em lista de palestrantes de evento da companhia em Nova York.
Apesar de fiscalizar o setor aéreo, a Anac não considera o acontecimento antiético.

O nome do economista Josef Barat foi aprovado pelo Senado há um ano para ocupar uma diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil. Três dias depois do desastre com o avião da TAM, ele recebeu uma medalha por prestar notórios serviços à Aeronáutica.

No começo de dezembro do ano passado, Josef Barat viajou a Nova York com tudo pago pela TAM, para, segundo a Anac, proferir uma palestra. O tema: "A visão da Anac quanto ao futuro desenvolvimento do setor aéreo e suas questões”.

O que a Anac não disse é que a palestra fazia parte do "TAM Day", como registrado em um convite enviado pela empresa ao mercado. O nome do diretor é um dos destaques do evento – que tinha como objetivo apresentar a empresa a investidores internacionais.

A Anac diz que recebeu o convite da TAM e que decidiu indicar o nome de Barat para participar do evento, e confirmou que as despesas de transporte e hotel foram bancadas pela companhia aérea – que é fiscalizada pela Agência Nacional de Aviação Civil.

Como as despesas foram pagas pela promotora do evento – ou seja, a TAM – a Anac não sabe responder o valor das passagens e das diárias do hotel onde Barat se hospedou.

O 'Jornal da Globo' tentou ouvir Josef Barat, mas a assessoria da Anac informou que, diante das inúmeras demandas e compromissos, o diretor não poderia dar entrevista. A nota diz que Josef Barat não considera que tenha havido falta de ética porque, antes da viagem, a corregedoria da Anac foi consultada e afirmou que o convite não feria princípios da administração pública.

A comissão de Ética do governo informou que poderá analisar a questão na próxima reunião, segunda-feira que vem.

A relação entre a TAM e Barat é antiga. A empresa dele, a Planam Consult, prestou serviços para a companhia aérea em três ocasiões, entre 1990 e 2005.

Defesa da TAM

Em pelo menos um episódio, o diretor Josef Barat defendeu claramente os interesses da TAM.

Na semana que antecedeu o Natal do ano passado a companhia vendeu mais passagens do que podia oferecer. O resultado, o país inteiro assistiu: um dos piores episódios da crise aérea. No dia 29 de dezembro, a Anac informou à imprensa que havia decidido instaurar uma auditoria para “apurar as irregularidades praticadas pela TAM Linhas Aéreas".

Duas semanas depois, Barat fez questão de deixar registrado na ata da reunião da Anac que discordava da decisão da Anac de “realizar uma auditoria em uma empresa aérea, no caso, a TAM, posteriormente aos trabalhos da FTA" – a força-tarefa da Anac, que investigava as causas do apagão aéreo.

Barat disse ainda: "acredito que esta não seja a decisão mais inteligente de lidar com uma crise de tamanha complexidade e amplitude. Isto porque, a rigor, a desejada auditoria deveria ter sido feita, de forma preventiva, anteriormente à eclosão mais aguda da crise".

A viagem de Barat foi discutida pela corregedoria da Anac, que não viu conflito ético. Para a corregedoria: "nesse evento, o representante da Anac poderia contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento do país”. Ele também demonstraria que “o Brasil possui uma agência reguladora independente, com o efeito de trazer mais divisas para o Brasil e contribuindo para a geração de empregos”.

Na opinião do cientista político Fernando Abrúcio, a viagem feriu, sim, princípios éticos do serviço público. “Isso é incompatível com o cargo que ele tinha. Ninguém que tem um cargo público pode ser pago pelo setor privado, exatamente na área em que o cargo regula aquele setor – no caso, a aviação”, afirma. “O que o diretor da Anac fez não é ético em relação a administração pública, e deveria merecer a perda do cargo”.


Para fechar a noite

Para fechar a noite, apenas um comentário final: hoje fui novamente chamado de frouxo (mas de maneira indireta) e de previsível. A tais agradáveis adjetivos juntaram-se outros dois: infantil e mentiroso.

Ok, ok, ok, tenho de ser sincero: os dois últimos adjetivos foram ditos "de brincadeira". Mas como é sabido, toda brincadeira tem um fundo de verdade e, portanto, aproveitei o momento para brincar com a pessoa que me falou palavras tão belas neste fim de noite.

E, pra terminar -- pois preciso dormir mais cedo hoje para acordar mais cedo amanhã e poder terminar de ler as 95 páginas que faltam do meu livro para, depois, fazer meu trabalho do doutorado, já comentado aqui --, quero dizer à amiga da Catharina que, se você quiser mesmo filmar meu depoimento, estou à disposição. É só combinarmos!

PS: Eu tinha mais coisa pra dizer, mas como já disse, está tarde. Então deixemos tais assuntos para o futuro próximo.


27 de julho de 2007

Surpresa

Estava eu a fazer a minha inalação, como faço em todas as noites, e fiquei a ouvir música clássica. Estava ouvindo uma música de Sergei Vassilievitch Rachmaninoff - Concerto para Piano Nº. 2 (Op. 18) - Adagio Sustenido (para os leigos, música clássica).

Enquanto ouvia a música (totalmente no escuro, é claro), percebi que os acordes são muitíssimo parecidos com os da música "All by myself", que foi escrita em 1975 e tem uma de suas mais famosas versões na voz de Celine Dion (lançada em 1995).

Resolvi pesquisar sobre a música "atual" (já que a música clássica original foi escrita em 1901), pois senão seria um caso descarado de plágio, e qual não foi a minha surpresa ao ver que, realmente, a música "moderna" se baseou quase que completamente na música clássica.

Vivendo e aprendendo...


Será que este tipo de livro presta?

Ontem, antes de dormir, enquanto eu fazia minha inalação e tomava meu chá, comecei a ler um livro que uma amiga me emprestou em junho e que, até então, nem havia posto a mão. Ao final da introdução, deparo-me com o seguinte parágrafo:

Isso não significa que esta obra é uma narrativa doutrinária ou ideológica. A comunidade de inteligência norte-americana, ou ao menos parte significativa dela, trava uma guerra surda contra a entourage de George W. Bush, que, há alguns anos, manipulou e torceu as investigações de campo até conseguir a documentação que "comprovava" o suposto programa de desenvolvimento de armas de destruição em massa do Iraque. Essa comunidade pode ou não ter compromissos com a verdade, mas certamente está interessada em preservar a própria reputação.
Destaques em itálico feitos por mim

Por enquanto não divulgarei o nome do livro, pois quero terminar de lê-lo todo para fazer os comentários completos. Sei que ontem li até a pág. 44, e agora à noite vou ler mais um pouquinho.

O que me chama a atenção neste livro é a fragilidade de seus argumentos e a estupidez de sua narrativa. O livro está falando de um órgão dos EUA, e afirma que "essa comunidade pode ou não ter compromissos com a verdade (...)"! Pra mim é ilógico: como um livro, baseado nas informações deste órgão do estado americano, pretende ser sério se, em sua própria introdução, ele deixa claro que não sabe se tal órgão tem compromissos com a verdade?

Isto porque eu estou me referindo agora a apenas este detalhe e nada mais. Estou ainda na introdução (que é bem grandinha, vai até a pág. 65). Já dei uma folheada no restante do livro e vi que qualquer um escreve o que está lá... Veremos o que o "núcleo" do livro irá me oferecer!


O amor é gostoso

Eu agora realmente entendo o por quê de tanta gente se preocupar com o amor. É que, sem dúvida, o amor é um sentimento gostoso.

Dúvidas? Clique aqui e entenda.


Paul Potts

Descobri este cantor por acaso, em um dos muitos e-mails de "piadas" que recebo e que resolvi ler hoje. Abaixo uma pequena descrição copiada inteiramente da Wikipédia (original aqui) e dois vídeos para que saibam de quem estou falando.

Paul Potts (nascido em 1971 em Bristol), residente no sul do País de Gales, foi o vencedor da primeira série do concurso de talentos artísticos Britain's Got Talent, transmitido pela ITV, onde cantou uma aria de ópera espantando o júri e a assistência com um fantástico timbre vocal. Potts tinha trabalhado em ópera amadora de 1999 a 2003, mas um acidente em 2003 colocou-lhe um fim súbito em tais atividades. No próprio momento da vitória foi-lhe atribuída a gravação de um álbum pelo produtor Simon Cowell.

Britain's Got Talent

Em 9 de Junho de 2007 tomou parte na busca de Simon Cowell para o show Britain's Got Talent da ITV. Cantou uma aria de Giacomo Puccini (o "Nessun dorma" da ópera Turandot). O vídeo do espetáculo foi disponibilizado no YouTube e em sites similares, atingindo rapidamente mais de 7 milhões de visualizações nos primeiros dias; na semi-final de 14 de Junho, Paul cantou alguns versos da aria "Con te partirò". Por fim, na final de 17 de Junho cantou a aria "Nessun dorma" por inteiro. Potts acabou por receber mais votos do que a pequena Connie Talbot que era a favorita nas casas de apostas.






Diálogos do dia

Os descritos abaixo foram os mais interessantes dos quais participei e/ou escutei. Há outros, mas coloco-os depois.

Dois professores conversando baixinho ao meu lado em uma reunião com a direção geral da faculdade.

Professora A: "E o Nelson Jobim agora, será que vai dar certo?"
Professor B: "Bom, eu o conheço há 30 anos, e tudo que tenho a dizer é que ele e um monte de bosta são a mesma coisa."
Professora A: "É mesmo? Não sabia..."
Professor B: "Sim, é isso mesmo. E um monte de bosta daqueles que fedem pra car@@@@. Daqueles que nem dá vontade de cheirar."
Eu: Começo a rir em plena reunião na frente de todos.

Senhora querendo almoçar: "Ah, eu não quero comer isto que está aqui no menu, tudo é muito gorduroso e muito pesado. Não tem nada mais leve não?"
Garçonete: "Então dê uma olhada no verso do cardápio. Temos macarronada com diversos tipos de molho, e se a senhora quiser algo sem gordura temos batata-frita..."

Compradora de DVD pirata: "Olha, se esse DVD der problema eu volto aqui e vou brigar com você!"
Vendedor de DVD pirata: "Não se preocupa, eu garanto!"
Companheiros do vendedor de DVD pirata, mais à frente: "Mais uma trouxa..."

Eu: "Vocês já têm o N95?"
Vendedor de celular: "Temos sim."
Eu: "Quanto tá?"
Vendedor de celular: "Ah, eu não sei não. Sou da área de celulares populares. Esses de ricos é com a outra vendedora."
(Como se eu fosse "o" ricaço)

Eu: "Vim ver se minha encomenda já chegou."
Vendedor da livraria: "Qual seu nome?"
Eu: "Matheus Passos."
Vendedor da livraria (depois de 5 minutos olhando as encomendas que estavam no balcão): "Você tem certeza que seu nome é esse mesmo?"
Eu: "Bom, há 30 anos me chamam assim... Deve ser meu nome mesmo, né?"


Turbulência mundial

(Original aqui)

Há dois problemas em torno dessa turbulência mundial nos mercados.

O primeiro está no campo da, digamos, economia real nos Estados Unidos. As famílias, já endividadas e com rendas menores, estão comprando menos casas e apartamentos e também reduziram o ritmo de início de novas obras. Construção civil é poderoso fator de crescimento econômico em qualquer país, mas muito especialmente nos Estados Unidos. Com juros muito baixos e eficiente sistema de financiamento e hipotecas, as famílias americanas passam boa parte da vida pagando a prestação da casa própria. Compram uma, pagam parcialmente, vendem, refinanciam e assim vai.

E dá-lhe cimento, ferro, aço, plásticos, madeiras, vidros, material elétrico, produção e comércio ativos.

Quando os juros sobem e esse negócio se retrai, a atividade econômica sente imediatamente.

Em resumo, há uma redução de crescimento nos EUA, por causa do setor imobiliário, principalmente, e isso afeta o mundo todo.

Por outro lado, há o problema financeiro. Os EUA e o mundo vieram tão bem nos últimos anos, desde 2003, que os investidores perderam o medo de sofrer prejuízos. Ficou parecendo que todos os negócios dão certo e sempre se ganha dinheiro.

Não é bem assim, como sabemos ou um dia aprendemos.

Mas na onda do tudo bem, pessoas e empresas tomaram muitos empréstimos, bancos concederam excesso de crédito.

No sistema imobiliário, por exemplo: a pessoa toma dinheiro emprestado para comprar uma casa. O banco não fica com esse crédito (dinheiro a receber, um ativo) em sua contabilidade. “Vende” a outros investidores (1 milhão a receber em dez anos pode valer uns 800 mil hoje) ou dá esse crédito em garantia de outros negócios.

Se o primeiro tomador de empréstimo não paga, se o banco recupera a casa e não consegue vendê-la ou só consegue a preço inferior ao do financiamento, ocorre não um prejuízo, mas uma cadeia de prejuízos.

Algo parecido ocorre com as fusões e aquisições, tão frequentes nos últimos anos. O fundo de investimento 1 toma dinheiro emprestado no banco A para comprar a companhia Alfa. A garantia está nas ações da companhia Alfa, a um dado valor. O banco A comercializa esse crédito garantido com outros investidores, isto é “vende” para outros fundos de investimento ou outros bancos. O fundo de investimento 1, da primeira compra, naturalmente espera que as ações da companhia Alfa se valorizem, para vendê-las de novo e pagar ao banco A .

E se as ações caem? E se os demais investidores entendem que o negócio ficou arriscado demais e se recusam a comprar o crédito do banco A? (Foi o que aconteceu com o banco que emprestou para um fundo de investimento comprar a Chrysler americana. Analistas acreditam que há cerca de US$ 300 bilhões, só nos últimos meses, desses empréstimos que diversos bancos não conseguiram revender. Por isso, as ações de grandes bancos caíram).

De novo, prejuízos seguem caindo como pedras de dominó.

Está todo mundo alavancado, ou seja, investindo com o dinheiro dos outros. O fundo pega dinheiro emprestado no Japão (os juros mais baratos) e compra ações no Brasil ou na China ou nos EUA. As ações caem ou ameaçam cair, bate o nervosismo, o fundo tem de vendê-las para cobrir o empréstimo de origem. Se não consegue fazer isso a tempo, compromete o emprestador de primeira instância.

Por isso o nervosismo se espalha em determinados momentos e leva às chamadas “ordens de venda” pelo mundo afora, o “stop loss” – cortar prejuízos, ou seja, vender mesmo com perdas para evitar perdas maiores.

Nessas situações, a manada pode ir toda para o abismo ou parar quando muitos percebem que os negócios reais vão bem. Nestes dias, por exemplo, houve muitos casos de empresas cujas ações despencaram nos pregões das bolsas, enquanto seus balanços mostravam resultados exuberantes (mais vendas, lucros e investimentos).

E todos os prognósticos indicam que o mundo está em crescimento e continuará assim no ano que vem.

Tudo bem?

Não. Crises financeiras podem levar a perda de riqueza e redução de investimentos (e pois, de crescimento) pelo mundo afora.

A ver.

Com um detalhe importante: o governo Lula até aqui só encontrou um cenário mundial de ótimo para melhor. Como se sairá diante de uma crise internacional? Se o padrão é esse que conhecemos...


A bolha imobiliária e o fim da hegemonia americana

(Original aqui)

Somando tudo o que a revista “Economist” e outros analistas de enorme reputação escreveram sobre a economia americana, é extraordinário que a catástrofe anunciada ainda não tenha ocorrido. Nos últimos três anos, a respeitadíssima revista previu por igual número de vezes o estouro da bolha imobiliária americana.

Ou tome-se o igualmente respeitado historiador britânico Niall Ferguson, por exemplo. Ainda em 2004 ele publicou “Colossus – the Rise and Fall of the American Empire”, um livro de agradável leitura tratando de provar como a maior potência do mundo está apoiada em pés de barro – a economia. E como o estouro da bolha imobiliária significaria muito mais do que perdas para investidores: seria o irrefreável fim da posição americana de única mega potência.

Pela segunda vez neste ano, os mercados no mundo inteiro sofreram severas perdas por conta de temores em relação à economia americana. As quedas desta semana, especialmente as ocorridas nesta quinta feira (26/07) tem um foco bastante fechado: refletem o fato de que os operadores nos mercados não confiam em papéis apoiados em créditos concedidos a devedores americanos que evidentemente não estão em condições de saldá-los.

Que devedores são esses? São os consumidores normais, os que se acostumaram a se endividar mais do que a prudente aritmética permitiria, incentivados pela valorização de ativos (a casa própria) que agora, ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, cada dia valem menos. E incentivados por uma oferta de crédito fácil que começou a ser retirada.

Foram os homens e mulheres que reelegeram Bush em 2004. É óbvio que não estou afirmando que os eleitores de Bush são apenas gente inadimplente – apenas volto a lembrar que as eleições de 2004 foram decididas pela expectativa de que os bons tempos de consumo farto, crédito barato e impostos baixos continuariam com Bush.

Parece bastante razoável dizer, a esta altura do declínio do mercado imobiliário nos EUA, que a conta na qual milhões de americanos acreditaram nunca poderia fechar. Ou, para lembrar uma frase pronunciada recentemente pelo mega investidor (ou mega especulador) George Soros numa entrevista ao “Jornal da Globo”: “as pessoas querem ser enganadas”.

No caso do consumidor/eleitor americano, é um engano de preço altíssimo. Economistas das mais variadas escolas já assinalaram o quanto o desempenho da economia americana depende da voracidade do consumidor, o quanto essa voracidade foi mantida por crédito fácil, o quanto esse crédito fácil foi mantido pela compra de papéis americanos por parte das prósperas economias asiáticas – e o quanto esse círculo um dia andaria ao contrário, como fez questão de assinalar o “Economist”.

É o começo de um espetacular e desastroso tombo do colosso? Não tenho essa resposta. A mesma situação da economia americana trinta anos atrás já teria produzido (por força do duplo deficit) uma crise devastadora – o mundo de hoje sempre surpreende aos economistas com fatores (o apetite da China por papéis americanos, por exemplo) que explicam porque o que se previa não aconteceu.

Os historiadores continuam envolvidos num atraente debate sobre quanto tempo levou a queda do Império Romano: 200, 300 ou 500 anos? O da Espanha levou uns 200? Mas o império britânico acabou em “apenas” 40 anos, não é mesmo? E o da União Soviética? A queda começou em 1989, com o Muro de Berlim, e completou-se em 1991 ou já havia sido iniciada muito antes – digamos, quando a URSS invadiu o Afeganistão, em 1979?

Para os que acham que o ritmo da queda dos impérios está se acelerando, é bom lembrar também que o mundo nunca viu um império como o americano.


26 de julho de 2007

Piadinha

(Recebi por e-mail. Sem fontes.)

Um menino de 5 anos queria ganhar 100 reais e orou durante 2 semanas para Deus.

Como nada acontecia, ele resolveu mandar uma carta Para o Todo-Poderoso com seu pedido.

O correio recebeu uma carta endereçada para "Deus-BRASIL".

Resolveram mandá-la para o Lula.

Lula ficou muito comovido com o pedido e resolveu mandar uma nota de 10 reais para o menino, pois achou que 100 reais era muito dinheiro para uma criança tão pequena.

O garotinho recebeu os 10 reais e imediatamente anotou o endereço do remetente: "Brasilia-DF". Pegou papel e
caneta e sentou-se para escrever uma carta de agradecimento:

"- Prezado Deus: Muito obrigado por me mandar o dinheiro que eu pedi. Contudo, eu pediria que na próxima vez o Senhor mandasse direto pro meu endereço, porque quando passa por Brasília aqueles filhos da puta ficam com 90%!"


Congonhas mostra o colapso do estado

(Original aqui)

O trágico acidente no aeroporto de Congonhas provocou dois sentimentos. O primeiro momento foi de imensa tristeza e impotência diante do fato. Trata-se de uma derrota do Homem para a lógica imponderável do destino. Mas a busca de explicações veio logo a seguir, sobretudo porque o evento foi antecedido por uma prolongada – e ainda não resolvida – crise da aviação brasileira. Mesmo que outros fatores tenham causado a queda, permanecerá a percepção de que a incompetência governamental é uma das explicações para a tragédia.

Só que essa fragilidade estatal vai além dos problemas do transporte aéreo. O Brasil passa por um colapso de sua infra-estrutura, resultado, em boa medida, do descompasso entre as crescentes demandas de modernização da economia e a incapacidade do Estado em responder a isso.

O apagão da infra-estrutura brasileira é uma realidade anterior à crise aérea. As estradas federais estão sucateadas há mais de uma década. Apesar das modernizações recentes, portos e ferrovias nacionais ainda estão anos-luz atrás dos principais competidores internacionais. A exceção se encontra nas telecomunicações. Sem ignorar o recorde de reclamações dos consumidores contra as operadoras, o avanço foi enorme nessa área, colocando o Brasil em pé de igualdade com o que há de melhor no mundo.

O que mais acentua a dimensão desse colapso é a modernização econômica pela qual o Brasil passa nos últimos anos. Se o país não tivesse gerado novas forças econômicas e sociais, o sucateamento da infra-estrutura teria menor efeito. Basta citar o transporte aéreo: o crescimento de 12% ao ano, maior que o da economia, tornou nítida a crise do setor.

Parte da modernização econômica recente advém de reformas da década de 1990. Outra parcela deriva de fatos recentes e externos, como a bonança internacional. Mas foi a estabilidade econômica, iniciada por FHC e aprofundada por Lula, e avanços do governo petista – como a expansão do crédito e da renda dos mais pobres – que hoje tornam mais patente a precariedade da infra-estrutura.

A modernização econômica, ademais, impulsiona novos atores e demandas sociais. Muitos que não viajavam de avião agora viajam. O uso cada vez maior da internet eleva a expectativa dos cidadãos e empresas com a infra-estrutura – e aí se descobre que o Brasil vive em dois mundos: um em intensa transformação e outro, lento, onde os meios não se adequam ao crescente espírito empreendedor.

Em qualquer nação bem-sucedida, o Estado é o fiador do sistema de infra-estrutura. Isso não quer dizer que ele deva assumir diretamente toda a provisão de serviços. Ao contrário, cada vez mais há uma dinâmica de múltiplos provedores e tipos diferentes de contratação. Falta ao Brasil, hoje, definir com clareza seu desenho institucional de regulação, implementando-o sem ideologismos, de forma eficiente e célere.

O que está acontecendo com os aeroportos no governo Lula repete-se na dificuldade em realizar concessões de estradas – e há mais mortes no transporte terrestre que no aéreo. Não basta aumentar a taxa de investimento público se a administração pública não se profissionaliza para tal tarefa. Aumentar as verbas e as obras da Infraero que existem hoje é jogar dinheiro no lixo. O ataque ao colapso da infra-estrutura depende de um projeto de modernização do Estado, para que ele acompanhe o ritmo frenético de mudança da economia e da sociedade brasileiras. Sem isso, ficaremos à mercê do destino – e voltaremos ao primeiro e impotente sentimento diante da tragédia de Congonhas.


Esqueci-me de dizer

Já desliguei o computer o já estou deitado na minha caminha, então vai pelo celular mesmo.

Além de ser frouxo, sou previsível. Foi o que a minha amiga não beijada me disse. Só porque eu fiz a postagem anterior ela disse isso. Sou um frouxo previsível.

Será a idade? Acho pouco provável, pois não mudou nada dos 29 pros 30 anos. Acho que é a falta de aula. Sem o correto estímulo, meu lado Vlad se retrai. Só pode ser isso!



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Enviado usando um telefone celular Sony Ericsson

25 de julho de 2007

Hoje serei chamado de "frouxo"

Provavelmente serei chamado de frouxo. Motivo: amiga minha veio aqui em casa agora à noite para me dar uns beijos. No entanto, como ela estava "abalada psicologicamente" (ela vai rir quando ler isso), preferi não abusar da boa vontade da garota. Afinal de contas, ela é toda romântica, em busca do "amor perfeito", e como ela estava meio fora de si, achei melhor não fazer nada. Eu sou precavido (ou frouxo, depende do ponto de vista).

É sempre aquela história: se você pega todas, você é safado. Se você não pega, você é gay. Como diria meu ídolo, "Que fazer?"

Por fim, recadinho para minha outra amiga que reclamou hoje comigo: você sabe que eu publico mesmo o que acontece comigo. Como já disse pelo msn, desculpe-me se não gostou. Mas continuarei narrando aqui os fatos que eu considero relevantes, seja lá quem forem as "personagens" das minhas "histórias". Nada pessoal.


Mentiras

(Original aqui)

Todos os órgãos responsáveis pelo setor aéreo – Aeronáutica, Anac, Infraero – sustentavam que as operações em Congonhas eram seguras e seguiam os padrões internacionais ótimos e atualizados.

Agora, dizem que a diminuição do número de vôos em Congonhas vai garantir mais segurança. Ou seja, antes não era.

A Infraero informa que já iniciou as obras para introduzir as ranhuras (o famoso grooving) na pista principal de Congonhas. Diz que o serviço será executado em 20 dias, por uma força tarefa que vai trabalhar à noite para não atrapalhar o funcionamento da pista auxiliar durante o dia. Antes, a mesma Infraero dizia que as ranhuras nem eram tão necessárias e que as obras demorariam o dobro do tempo e que poderiam interromper o tráfego.

A Aeronáutica informa agora que nenhum aeroporto brasileiro tem o ILS3 – sistema de aproximação das aeronaves por instrumentos, que permite pousos com visibilidade quase nula, durante nevoeiros e chuvas fortes. Congonhas usa o ILS1, primeira versão desse aparelho. Guarulhos, mais avançado, tem o ILS2.

Ou seja, o sistema de segurança não está atualizado (nós, os leigos, ficávamos mesmo intrigados: como é que não se podia pousar com chuva se nos EUA e Europa se pousa com neve? A resposta está aí: ILS3 e pistas melhores).

Assim, quando as autoridades informam que os atrasos do dia se devem à chuva e ao nevoeiro, é falso. Devem-se à falta de instrumentos.

Em tempo: cada um desses ILS3 custa cerca de R$ 4 milhões. Para equipar com isso os dez principais aeroportos se gastaria uma mixaria, se comparada a quantia com o que se gastou com as reformas externas de Congonhas e Santos Dumont.

Tudo indica que a administração de todas as áreas – tráfego, aeroportos e segurança – falhou. Por que o pessoal não se demite?


Finalmente!

O Lula criou coragem e demitiu o Waldir Pires.

Não que vá melhorar tudo da água pro vinho de hoje pra amanhã. Mas acho (e espero!) que o Nelson Jobim vai ter pulso mais firme pra resolver o que o anterior não teve coragem pra fazer.


É hora de dar tchau

São 01:17 h e eu vim aqui só pra desejar boa noite para meus visitantes. Sei que ninguém vai ler esta postagem antes de amanhã de manhã, mas fica o desejo.

Ah, peguem o programa Joost. Apesar dos programas serem curtos, são ótimos e a qualidade é excelente. Mas claro que você precisa ter uma banda larga bem larga mesmo -- no mínimo com 1 mega, senão o negócio fica ruim.


24 de julho de 2007

Detesto frescura

Estou conversando com alguém no msn. Esse alguém diz que não está muito bem, e que acha que é porque está com sono. E eu, todo educado, digo "Então vá dormir, assim você melhora". Não foi dando um fora nem nada, foi pensando que, se a pessoa disse que tá com sono, então o melhor é ir dormir (isso pra mim é questão de lógica). Aí a pessoa diz que sou grosso.

Putz, eu odeio frescura!


Confiança/desconfiança

(Original aqui)

O noticiário tem sido negativo para a imagem do país. Há tempos se discute o problema da infra-estrutura. De repente, sai a notícia: investimentos estrangeiros diretos (IED) chegam a US$ 10,3 bilhões em junho, um recorde absoluto. Investimentos externos indicam confiança no país. Como se combina isso?

Primeiro, a carência de infra-estrutura (estradas, portos, ferrovias, hidrovias e aeroportos) não inviabiliza o país, a não ser em casos extremos. Apenas aumenta o custo de se operar nesse país e limita a capacidade de crescimento. Mas muitas atividades continuam lucrativas.

Continua sendo muito lucrativo e eficiente produzir álcool e cana no país. Idem para aço, minérios, papel e celulose. (Aliás, a maior parte dos dólares que entraram em junho se destinava à compra de uma siderúrgica aqui instalada, a Arcelor, pela indiana Mittal).

Outra parte expressiva do dinheiro do IED de junho foi para pagar a compra da Serasa, empresa especializada na avaliação do risco de crédito. A Serasa já é uma baita empresa e, além disso, o crédito no Brasil está em expansão, uma consequência direta do fim da inflação da estabilização da economia.

Por outro lado, é difícil avaliar o efeito negativo dos problemas de infra-estrutura. Como medir coisas que não acontecem?

Uma empresa desiste de instalar uma fábrica por temer a falta de energia. Isso não aparece nas contas. Mas a gente sabe do que está acontecendo conversando com os chamados agentes econômicos.

E verificando os problemas reais. Por exemplo: empresas orientam seus funcionários para que não marquem compromissos no dia da viagem aérea. Isso é custo.


São burros mesmo

Estou vendo na Globonews a entrevista da cúpula da aviação brasileira (ANAC e Infraero). E vejo que os caras são muito burros mesmo: ao invés de ampliarem a oferta, tentam reduzir a demanda. A principal medida é a proibição de venda de passagens, por parte das empresas aéreas, a partir de Congonhas. Ou seja, para-se de vender passagens e, conseqüentemente, para-se de haver muita gente em Congonhas. Simples, não é mesmo?! Que inteligência estes caras têm...


Que coisa...

Ontem, como já expus aqui, fui assistir ao filme "Transformers". Pois não é que recebi um e-mail de uma amiga minha que sempre visita meu blog me criticando por ter ido assistir ao filme? Segundo ela, eu sou um "pensador", alguém que faz parte da "elite intelectual do país" e que, por isso, eu não deveria assistir a tais tipos de filmes; eu deveria, ao contrário, assistir apenas a "filmes-cabeça", e ela inclusive fez menção às minhas primeiras postagens neste blog, no início do ano, quando fiz relações entre filmes que assisti à época e a realidade do mundo de maneira geral e da África de maneira específica.

Bom, a tal pessoa (e a todas as demais que possam pensar como ela), só tenho uma coisa a dizer: o fato de eu ser alguém que usa o cérebro (como a maioria no Brasil, infelizmente, não faz) faz com que eu não tenha o direito de ver filmes-pipoca às vezes? Ora, fodam-se os filmes-cabeça! São importantes? Sem dúvida alguma! Filmes como "V de Vingança", "Diamante de Sangue", "Hotel Ruanda" e "Senhor das Armas", para ficar só em quatro filmes que adoro, são fundamentais para estimular o senso crítico de qualquer indivíduo. Mas o fato de eu ser alguém que faz parte da "elite intelectual do país" não me impede, de maneira alguma, de ir assistir a filmes tais como "Transformers", "X-Men" ou "Homem-Aranha". Até porque eu não tenho a mínima vontade de me tornar um Rubens Edwald Filho, o "melhor" crítico de cinema do Brasil e que faz comentários idiotas sobre filmes excelentes, como já o ouvi fazendo. Como vi um comentário que alguém fez na net: "Por que todo crítico acha que qualquer filme tem de ser uma aula de sociologia? Será que eles nunca se divertem? No que diz respeito ao 'Transformers', entremos no cinema e vejamos o Optimus Prime encher o Megatron de porrada e só, acabou ali. Que mal há nisso?"

Pra terminar, um exemplo. Todo mundo acha que os seis filmes da série "Guerra nas Estrelas" (ou os oito filmes, se considerarmos como parte da história os dois desenhos de uma hora cada que se situam entre o Episódio II e o Episódio III) não passam de ficção científica e de "filmes-pipoca", certo? Pois fique sabendo (dirijo-me à pessoa que me mandou o e-mail) que existem quatro trabalhos acadêmicos na UnB sobre a história toda. Como isso é possível? Muito simples: o trabalho mais interessante, por exemplo (que é uma dissertação de mestrado), analisa as relações de poder entre os principais personagens e mostra como a ideologia liberal está presente na cabeça dos rebeldes que lutam contra Darth Vader, ao passo que este tem interesse em criar um regime totalitário -- outro conceito fundamental em Ciência Política. Quer mostra mais clara de que "filmes-pipoca" assim o são se assim forem vistos por quem não usa o cérebro? Duvido que você (novamente dirijo-me à pessoa) seja capaz de enxergar o conteúdo sócio-político presente por trás da trilogia "X-Men"...


Costumes antigos

Estou lendo um livro que narra a maneira como os indivíduos se comportavam durante a Idade Média e como tais costumes foram sendo transformados até chegarem à maneira como nos comportamos nos dias de hoje.

Uma das partes do livro está reproduzida abaixo. Achei interessante porque os textos abaixo foram retirados do que seriam os "manuais de etiqueta" de suas respectivas épocas (apontadas também abaixo). Se os manuais diziam para os indivíduos se comportarem de tal maneira, imaginemos como as pessoas efetivamente se comportavam no seu dia-a-dia...

Extraído de De civilitate morum puerilium, de Erasmo. Os excertos foram retirados da edição de Colônia, de 1530, que provavelmente já fora lançada com finalidades educativas.

É indelicado cumprimentar alguém que esteja urinando ou defecando...

A pessoa bem educada sempre deve evitar expor, sem necessidade, as partes às quais a natureza atribuiu pudor. Se a necessidade a compele, isto deve ser feito com decência e reserva, mesmo que ninguém mais esteja presente. Isto porque os anjos estão sempre presentes e nada mais lhes agrada em um menino do que pudor, o companheiro e guardião da decência. Se produz vergonha mostrá-las aos olhos dos demais, ainda menos devem ser elas expostas pelo toque.

Prender a urina é prejudicial à saúde e urinar em segredo diz bem do pudor. Há aqueles que ensinam que o menino deve prender os gases, comprimindo-os no intestino. Mas não é conveniente, esforçando-se para parecer educado, contrair uma doença. Se for possível retirar-se do ambiente, que isto seja feito a sós. Mas, em caso contrário, de acordo com o antigo provérbio, que a tosse esconda o som. Além do mais, por que esses mesmos trabalhos não ensinam que meninos não devem defecar, uma vez que é mais perigoso prender os gases do que conter os intestinos?

(...)

(...) Escute a velha máxima sobre o som do vento. Se ele puder ser solto sem ruído, isto será melhor. Mas ainda melhor, ser solto com ruído do que contido.

A esta altura, porém, teria sido útil suprimir a sensação de embaraço de modo ou a acalmar o corpo ou, seguindo o conselho de todos os médicos, apertar bem juntas as nádegas e agir de acordo com as sugestões do epigrama de Aethon: fazia de tudo para não peidar explosivamente em lugar sagrado, e orou a Zeus, embora com as nádegas comprimidas. O som do peido, especialmente das pessoas que se encontram em lugar elevado, é horrível. Sacrifícios devem ser feitos, com as nádegas fortemente comprimidas.

Tossir para ocultar o som explosivo: aqueles que, porque estão embaraçados, não querem que o vento explosivo seja escutado, simulam um ataque de tosse. Siga a regra de uma quilíade: substitua os peidos por acessos de tosse.

(...)

De Galateo (1558), de Della Casa, extraído da edição em cinco idiomas (Genebra, 1609, p. 32):

Além do mais, não fica bem a um homem decoroso e honrado preparar-se para se aliviar na presença de outras pessoas, nem erguer as roupas, depois, na presença delas. Analogamente, não lavará as mãos ao voltar para a sociedade decente vindo de lugares privativos, uma vez que a razão para lavá-las provocará pensamentos desagradáveis nas pessoas. Pela mesma razão, não é hábito refinado, quando se encontra alguma coisa regupnante na rua, como às vezes acontece, virar-se imediatamente para o companheiro e lhe chamar a atenção para isso.

É ainda mais incorreto segurar a coisa malcheirosa para que o outro a cheire, como alguns têm o costume de fazer, e que mesmo insistam em que o outro faça isso, erguendo a coisa fedorenta até suas narinas e dizendo: “Eu gostaria de saber o que é que você acha disto”, quando seria melhor dizer: “Porque fede, não a cheire.”

Fonte: ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jore Zahar Ed., 1994. 2v. Pág, 135-137 (V.1).