11 de fevereiro de 2007

Mais uma do Sardenberg

A relativa falta de tempo neste fim de semana, mais especificamente hoje, domingo, aliada à falta de luz por pelo menos 4 horas seguidas, me fez ter a idéia de "simplesmente" copiar e colar o que Carlos Alberto Sardenberg escreveu em seu blog ontem, dia 10 (original aqui). No entanto, o fato de ser uma cópia não significa que não tenho nada a dizer, pois concordo plenamente com o que ele diz em seu texto. Mais uma dentro do comentarista da Globonews.

Amanhã, se tudo der certo, escrevo mais -- original, meu mesmo :)

O Brasil, segundo o Banco Central
Carlos Alberto Sardenberg

Estou em Lisboa, onde participei de um seminário sobre o Brasil promovido pela Fundação Luso-Brasileira, nas últimas quinta e sexta. Três temas: biocombustível, economia e política. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, fez a palestra de encerramento.

Para ele, do ponto de vista do BC, as coisas vão bastante bem: a inflação corre abaixo do centro da meta e isso não está errado, nem indica que o BC exagerou na dose de juros. Em países estáveis, é normal a inflação ficar abaixo da meta, o que ajuda a ancorar expectativas.

A taxa de juros, disse Meirelles, é a mais baixa em décadas. Já houve momentos de taxa real de juros mais baixa, mas por um motivo ruim, a inflação muito elevada. Hoje temos inflação na casa dos 3% ao ano, com taxa real de juros de 7,9%. E o presidente do BC e alardeia: é inédito isso.

Um exercício que agrada ao presidente do BC é apanhar projeções sobre os juros feitas há um , dois anos, por pessoas de fora do banco. Os 13% da atual taxa básica de juros, diz Meirelles, estão abaixo das previsões mais otimistas.

Mais ainda, comenta: políticos, inclusive do PT, e empresários, não faz muito tempo, “exigiam juros de pelo menos 15%...”

E as projeções indicam que os juros continuarão em queda.

Sobre o dólar, o presidente do BC mostrou a variação das cotações desde a introdução do câmbio flutuante, para concluir: a taxa atual está na média, nem alta, nem baixa.

Resumo da ópera, com base no discurso oficial e em conversa com o presidente do BC: ele está absolutamente seguro de que a condução da política monetária recente não é apenas correta, é um “case de sucesso”, estudado por outros BCs pelo mundo afora. Está seguro de que sua função é essa, entregar um ambiente de estabilidade duradoura.

O BC esclarece que não é um banco de fomento. Mas ao fornecer o ambiente de estabilidade e previsibilidade, facilita a vida dos investidores. Meirelles conta que tem recebido investidores estrangeiros que lhe dizem exatamente isso, que passaram a se interessar pelo Brasil uma vez estando convencidos de que a estabilidade é consistente.

Doce vingança

Estavam presentes no seminário os empresários Paulo Skaff e Benjamin Steinbruch, da Fiesp. Skaff fez palestra, dando a visão da indústria: os juros estão errados para cima, o dólar está errado para baixo, o crescimento é baixo e os industriais querem mais ousadia do governo e do BC.

Uma delegação, integrada, entre outros, pelos empresários e por Meirelles, visitou o presidente de Portugal, Cavaco Silva.

Lá pelas tantas, Skaff fez seu discurso pró-crescimento e Cavaco Silva, surpreendendo o empresário, saiu em defesa da política do BC. Disse que acompanha a atuação do BC brasileiro, que a derrubada da inflação foi notável, que o ambiente de estabilidade é um caso de sucesso e que é melhor crescer agora 4% com segurança do que se atirar em aventuras.

Meirelles não escondeu o sorriso de satisfação.


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