16 de fevereiro de 2007

O Oriente Médio é igual ao Rio de Janeiro -- não tem solução

Eu nunca fui muito fã de Israel e/ou dos israelenses. Sempre estive do lado dos árabes, no eterno conflito árabe-israelense. Sempre achei que os palestinos tinham o direito de mandar uns foguetes contra Israel, devido a tudo que este país já fez contra o povo sem Estado. Já tive até mesmo, em alguns momentos, uma pequena simpatia pelo nazismo, que buscava exterminar os judeus... Mas isto é outra história. Enfim, sempre fui contra os israelenses, e desde que me entendo por gente tenho tal posição contrária a Israel e favorável aos árabes/palestinos.

Mas esta minha visão está mudando um pouco nos últimos tempos.

Não que eu vá "mudar de lado", isto de forma alguma. É impossível para mim ignorar o que os judeus já fizeram com os árabes naquele pequeno espaço (da mesma forma como é impossível para mim esquecer os erros da Igreja Católica durante quase toda sua existência -- mas isto também é outra história).

Mas venhamos e convenhamos: como é possível defender um povo cujo líder, por causa de uma reforma em uma rampa de acesso a uma mesquita, resolve convocar uma nova intifada contra Israel?

Vi esta notícia hoje no Jornal das 10 (na Globonews), e isto me chamou a atenção, e muito. Fiquei pensando: onde isso vai parar? Como é que um líder pode dizer aos seus liderados "vamos atacá-los com violência porque estão reformando uma rampa, e tal reforma é para nossa própria segurança"? A pergunta correta, talvez, seja a seguinte: como é possível que alguém com tal mentalidade se torne líder?

Se os palestinos fossem espertos, conseguiriam angariar a opinião pública mundial para sua causa e conseguiriam atingir seus objetivos. No entanto, ficam brigando entre si ao invés de se unirem e lutarem contra o "inimigo" comum -- o Estado de Israel. O exemplo mais claro desta falta de inteligência das lideranças palestinas foi a recente demora e quase impossibilidade se estabelecer um governo de coalizão entre o Fatah e o Hamas -- as duas principais lideranças político-religiosas daquele povo, que não se entendiam porque o primeiro-ministro é de uma facção e o presidente é de outra. Se os caras não conseguem se unir, como poderão atingir algum objetivo?

E agora, voltando à questão da intifada: Israel não é flor que se cheire, e poderia realizar a reforma com participação de engenheiros árabes/palestinos, por exemplo. Mas enfim, resolveu fazer a coisa por conta própria e não tem como voltar atrás. Mas será que é tão difícil para a liderança palestina entender a reforma como uma possibilidade de aproximação, ou como uma possibilidade até mesmo de obter uma brecha junto ao governo israelense? Não, eles têm de solicitar uma nova intifada. Depois, quando morrem, dizem que Israel é exagerado em suas reações militares.

A situação naquele pedaço de mundo segue tensa desde que Israel foi criado, em 1948. Todo mundo sabe os interesses diversos que todas as grandes potências têm na região, o que complica ainda mais a coisa. É por isso que eu coloquei como título o fato de que o problema ali não tem solução -- é igual ao Rio de Janeiro: enquanto houver interesses ganhando com o conflito, com a guerra, com a morte de pessoas inocentes (?), nada vai mudar. É igual ao Rio: só um poder ditatorial, que use a força em um primeiro momento, poderia solucionar o problema -- mas quem quer solucioná-lo?


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