Hoje eu não havia planejado escrever no blog quando voltasse pra casa. Estava me sentindo meio cansado durante a noite, e pensei em chegar em casa, tomar um banho, trocar de roupa e pular na minha cama -- até mesmo porque amanhã, como sempre, acordo às 6:50 h da manhã. Mas não pude resistir. Um fato aconteceu hoje e eu senti a vontade/necessidade de vir aqui escrever.
O fato foi muito "simples" -- um dos alunos da turma da noite veio conversar comigo após a aula. Assim como outro aluno já havia feito, este aluno de hoje disse-me que percebeu que a minha motivação para dar aula para esta turma já não é mais a mesma e que, por isso, a motivação dele mesmo também não era mais a mesma. Dizendo o aluno que gosta da minha disciplina (eu acredito), mas que a minha própria aparência, a minha feição já não é mais a mesma quando entro em sala de aula. O aluno disse-me que eu estou deixando visualmente claro que não sinto vontade alguma de dar aula pra eles.
E a verdade, como todos aqueles que visitam meu blog sabem, é esta mesmo: eu não sinto a mínima vontade de dar aula para esta turma. Não sinto vergonha alguma disso e, como disse para este aluno, espero que todos os outros alunos da turma visitem este blog e leiam o que eu escrevi. E leiam novamente: não sinto nenhuma vontade de me esforçar por uma turma que demonstrou estar muito mais preocupada com a nota do que em adquirir conhecimento. Espero que todos venham aqui no meu blog e leiam esta frase, a qual faço questão de colocar em negrito.
Mas, após conversar com este aluno, senti-me em um dilema: estou generalizando. E generalizações, como todos sabemos, não são boas quando lidamos com dados heterogêneos. Sim, estou me utilizando de uma terminologia característica da disciplina de Metodologia Científica: quando lidamos com dados diversos, que possuem apenas poucas características em comum, torna-se impossível generalizar o resultado de um estudo. A conclusão deve ser extremamente específica, lidando com os casos particulares de maneira que os mesmos não sejam mal-interpretados.
O problema é que, neste caso, não posso lidar com os dados particulares. Preciso tratar a turma como um todo.
Eu sempre digo que "é a vida", ou seja, a maioria paga pela minoria. É assim. Sempre foi, é e sempre vai ser assim, uns pagando pelos outros. Neste sentido, não tenho muito o que fazer: a turma toda paga pelo erro de alguns. Mas, ao mesmo tempo em que ajo assim, não me sinto muito bem, pois sei que tem pessoas ali dentro que poderiam ser "salvas". Ah, se eu pudesse montar minhas próprias turmas, de acordo com minha própria avaliação... Seria tão bom! Montaria uma turma com os ótimos alunos, uma com os bons, uma com os medianos e uma com os picaretas. Sentir-me-ia extremamente feliz com todas as turmas caso isto fosse possível!
Mas não é. E meu dilema é a realidade que enfrento no momento. Por um lado, sei que há alunos que estão sendo prejudicados com esta minha postura, pois têm potencial para ir adiante. Por outro, não sinto ainda a mínima vontade de voltar a me dedicar como fazia antes. Resultado: estou em uma situação da qual não gosto nem um pouco, qual seja, a situação de simplesmente não saber o que fazer. Não quero simplesmente dar aula da maneira alegre como sei que sou capaz de fazer, pois não quero dar "gostinho de vitória" pra ninguém (eu sei que é orgulho, mas não apenas orgulho -- orgulho associado com decepção). Por outro lado, sei que não posso continuar com esta burocratização do meu trabalho porque isto prejudica alguns que estão ali dentro. Simplesmente não sei bem como agir.
Ao mesmo tempo em que exponho este meu "drama", não me preocupo com nada. Vou deixar o barco correr e ver o que acontece. Se eu sentir que devo/posso/consigo voltar a dar aula como fazia antes -- destaco o "consigo" porque, como disse para esse aluno que conversou comigo hoje, é algo baseado em sentimento, e um sentimento que está sendo incontrolável --, a coisa voltará a ser como antes. Mas se eu não me sentir à vontade para ser quem realmente sou como professor, sinto muito para a turma. Terão perdido a chance de aprender um conteúdo que, para além da aplicação prática do dia-a-dia, é básico para determinadas matérias do segundo e terceiro semestres do curso de Direito e, modéstia beeem à parte, terão perdido a chance de aprender tal conteúdo com um professor muito bom, que eu me considero (e que me consideram). Aprenderão à força palavras como "respeito", "dignidade", "hombridade" e "diálogo", dentre outras que vêm à minha mente agora.
Enfim, a situação é esta. Talvez eu esteja fazendo uma tempestade em copo d'água, como me disse uma amiga. Talvez. Mas a questão é que eu estou agindo baseado no que eu sinto, e o que eu sinto é de grande importância pra mim. Meus sentimentos são, muitas vezes, a base das minhas decisões. E não adianta reclamar. Isso é que dá ter nascido sob o signo de Câncer...
Pra terminar, quero agradecer à pessoa que conversou comigo hoje. Imagino que, após nossa conversa, tal pessoa virá aqui novamente para ler meu blog. Espero que venha. E, caso venha, faço meu agradecimento: agradeço por, indiretamente, ter-me feito pensar sobre o assunto. Agradeço porque, se tal conversa não tivesse acontecido, provavelmente eu seguiria meus planos de simplesmente "ir levando". Não quero dizer que não vou segui-los, mas também não digo que os seguirei. Veremos o que acontecerá. Independentemente do resultado, e com base apenas no meu humor atual, digo apenas o seguinte: uma quarta a menos! Agora faltam apenas cinco para eu me livrar desta turma!
O fato foi muito "simples" -- um dos alunos da turma da noite veio conversar comigo após a aula. Assim como outro aluno já havia feito, este aluno de hoje disse-me que percebeu que a minha motivação para dar aula para esta turma já não é mais a mesma e que, por isso, a motivação dele mesmo também não era mais a mesma. Dizendo o aluno que gosta da minha disciplina (eu acredito), mas que a minha própria aparência, a minha feição já não é mais a mesma quando entro em sala de aula. O aluno disse-me que eu estou deixando visualmente claro que não sinto vontade alguma de dar aula pra eles.
E a verdade, como todos aqueles que visitam meu blog sabem, é esta mesmo: eu não sinto a mínima vontade de dar aula para esta turma. Não sinto vergonha alguma disso e, como disse para este aluno, espero que todos os outros alunos da turma visitem este blog e leiam o que eu escrevi. E leiam novamente: não sinto nenhuma vontade de me esforçar por uma turma que demonstrou estar muito mais preocupada com a nota do que em adquirir conhecimento. Espero que todos venham aqui no meu blog e leiam esta frase, a qual faço questão de colocar em negrito.
Mas, após conversar com este aluno, senti-me em um dilema: estou generalizando. E generalizações, como todos sabemos, não são boas quando lidamos com dados heterogêneos. Sim, estou me utilizando de uma terminologia característica da disciplina de Metodologia Científica: quando lidamos com dados diversos, que possuem apenas poucas características em comum, torna-se impossível generalizar o resultado de um estudo. A conclusão deve ser extremamente específica, lidando com os casos particulares de maneira que os mesmos não sejam mal-interpretados.
O problema é que, neste caso, não posso lidar com os dados particulares. Preciso tratar a turma como um todo.
Eu sempre digo que "é a vida", ou seja, a maioria paga pela minoria. É assim. Sempre foi, é e sempre vai ser assim, uns pagando pelos outros. Neste sentido, não tenho muito o que fazer: a turma toda paga pelo erro de alguns. Mas, ao mesmo tempo em que ajo assim, não me sinto muito bem, pois sei que tem pessoas ali dentro que poderiam ser "salvas". Ah, se eu pudesse montar minhas próprias turmas, de acordo com minha própria avaliação... Seria tão bom! Montaria uma turma com os ótimos alunos, uma com os bons, uma com os medianos e uma com os picaretas. Sentir-me-ia extremamente feliz com todas as turmas caso isto fosse possível!
Mas não é. E meu dilema é a realidade que enfrento no momento. Por um lado, sei que há alunos que estão sendo prejudicados com esta minha postura, pois têm potencial para ir adiante. Por outro, não sinto ainda a mínima vontade de voltar a me dedicar como fazia antes. Resultado: estou em uma situação da qual não gosto nem um pouco, qual seja, a situação de simplesmente não saber o que fazer. Não quero simplesmente dar aula da maneira alegre como sei que sou capaz de fazer, pois não quero dar "gostinho de vitória" pra ninguém (eu sei que é orgulho, mas não apenas orgulho -- orgulho associado com decepção). Por outro lado, sei que não posso continuar com esta burocratização do meu trabalho porque isto prejudica alguns que estão ali dentro. Simplesmente não sei bem como agir.
Ao mesmo tempo em que exponho este meu "drama", não me preocupo com nada. Vou deixar o barco correr e ver o que acontece. Se eu sentir que devo/posso/consigo voltar a dar aula como fazia antes -- destaco o "consigo" porque, como disse para esse aluno que conversou comigo hoje, é algo baseado em sentimento, e um sentimento que está sendo incontrolável --, a coisa voltará a ser como antes. Mas se eu não me sentir à vontade para ser quem realmente sou como professor, sinto muito para a turma. Terão perdido a chance de aprender um conteúdo que, para além da aplicação prática do dia-a-dia, é básico para determinadas matérias do segundo e terceiro semestres do curso de Direito e, modéstia beeem à parte, terão perdido a chance de aprender tal conteúdo com um professor muito bom, que eu me considero (e que me consideram). Aprenderão à força palavras como "respeito", "dignidade", "hombridade" e "diálogo", dentre outras que vêm à minha mente agora.
Enfim, a situação é esta. Talvez eu esteja fazendo uma tempestade em copo d'água, como me disse uma amiga. Talvez. Mas a questão é que eu estou agindo baseado no que eu sinto, e o que eu sinto é de grande importância pra mim. Meus sentimentos são, muitas vezes, a base das minhas decisões. E não adianta reclamar. Isso é que dá ter nascido sob o signo de Câncer...
Pra terminar, quero agradecer à pessoa que conversou comigo hoje. Imagino que, após nossa conversa, tal pessoa virá aqui novamente para ler meu blog. Espero que venha. E, caso venha, faço meu agradecimento: agradeço por, indiretamente, ter-me feito pensar sobre o assunto. Agradeço porque, se tal conversa não tivesse acontecido, provavelmente eu seguiria meus planos de simplesmente "ir levando". Não quero dizer que não vou segui-los, mas também não digo que os seguirei. Veremos o que acontecerá. Independentemente do resultado, e com base apenas no meu humor atual, digo apenas o seguinte: uma quarta a menos! Agora faltam apenas cinco para eu me livrar desta turma!
2 comentários:
De nada!!! Eu é que agadeço por você ter tirado aquela sua cara de Vlad Ţepeş e parado pra me ouvir um pouquinho.Em relação à frase em negrito, PARE DE GENERALIZAR!
Não desconte na turma o "desafeto" que nutre por um grupo em especial.
Outra coisa, sobre aquele assunto da Sibéria, como todos os lugares gelados pra onde eu costumo mandar as pessoas são perto da Rússia, troque pelo Alaska. É mais fácil e eu tenho certeza que você nunca foi lá!
*ALUNO*
Até mais...
Generalizar faz parte. Eles tÊm que aprender que estão no nível superior e que não cabe a o professor nada além de ir lá e dar sua aula. Nós alunos não podemos esperar tudo mastigado e pronto, temos que correr atrás do que realmente nos interessa e do que nos é importante. No seu caso, tente encontrar uma motivação, pois você escolheu essa profissão e tem que fazer o melhor sem esperar nada em troca. Somos adultos e devemos escolher nosso caminho respeitando além de tudo o ser humano que cada um é...
Desabafe, não guarde nenhuma mágoa.Se precisar de mim, conte comigo........
Kukla
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