3 de agosto de 2007

Muita cara-de-pau

E ela ainda tem coragem de dizer que o PC do B não tem nenhuma ingerência sobre o movimento estudantil...

Qualquer um que vá a um encontro nacional da UNE pode desmentir esta informação, de tão óbvio que é o relacionamento entre partidos políticos e movimentos sociais.

E estudar que é bom, nada...

(Original aqui)

UNE adota pautas ‘light’ para atrair mais estudantes
Nova presidente quer agregar os que gostam de esporte, cultura, meio ambiente.
Mesmo com a diversificação de pautas, seu objetivo é ter uma gestão mais 'ousada'.

O movimento estudantil buscar resolveu encampar pautas “light” para atrair mais adeptos nas universidades brasileiras. De acordo com a nova presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, 25, o desafio é cativar os diferentes perfis de alunos - desde os que trabalham até os que gostam de esporte, cultura, meio ambiente.

A promessa da jovem que foi eleita em julho para liderar a entidade durante dois anos- apesar dos temas leves- é “ousar” e “radicalizar” e, para isso, ela não descarta ocupações de reitorias.

Jovem, bonita e engajada, a porto-alegrense que trocou o Sul pela capital paulista para se dedicar ao movimento estudantil contou ao G1 seus planos na presidência da UNE, os desafios que enfrentou como mulher no movimento estudantil e seus objetivos na vida política. Leia a entrevista abaixo:

G1 - Como você entrou para o movimento estudantil? Como foi sua trajetória?
Lúcia - Comecei quando eu era representante do grêmio que existia na minha escola. Naquele momento explodiram as manifestações do Fora Collor, em 1992, e o grêmio começou a organizar os estudantes para saírem em manifestações. Quando entrei na faculdade [no curso de ciências sociais] fui logo disputar o centro acadêmico, conhecer o DCE e daí, para entrar na UNE foi um pulo. Em 1999 fui delegada no congresso da UNE. Depois, eleita para ser representante do meu curso e, dois anos depois, para representar a UNE no Rio Grande do Sul. Em 2003 fui eleita diretora de comunicação social da UNE e tinha de morar em São Paulo. Então, não vacilei e deixei tudo para trás. Tranquei as faculdades de jornalismo [na Pontifícia Universidade Católica do RS] e ciências sociais [na Universidade Federal do Rio Grande do Sul] e vim morar em uma república de diretores da UNE, com gente de vários estados. Só depois de um ano e meio é que eu consegui fazer a transferência do curso de jornalismo para a Fiam [Faculdades Integradas Alcântara Machado].

G1 – Qual marca pessoal você quer deixar nessa gestão?
Lúcia – Essa gestão tem que acabar esses dois anos com o movimento estudantil ainda mais ativo, ainda mais ousado, ainda mais radicalizado nas lutas por uma universidade diferente.

G1 – Como a UNE pretende atrair a juventude?
Lúcia – A diversificação de pautas é uma forma de aproximar os estudantes. A gente precisa discutir hoje com aquele estudante que quer fazer cultura na universidade, então a gente cria um centro universitário de cultura e arte. Temos que atrair quem faz pesquisa, então fazemos um encontro de jovens cientistas.

G1 – Por que o movimento estudantil perdeu a força?
Lucia – Hoje é mais difícil para o jovem conseguir se engajar no cotidiano do movimento estudantil, porque, às vezes, ele trabalha o dia inteiro e tem aula na universidade. Na década de 60, que foi o auge do movimento estudantil, a juventude que estava na universidade era filha da classe média, não precisava trabalhar.

G1 – Há alguma ação que já está pronta para acontecer?
Lúcia – O que a gente aprovou para os próximos dois anos é desenvolver as campanhas da descriminalização do aborto, do meio ambiente, o Centro Universitário de Cultura e Arte e fomentar mais esses espaços dentro das universidades.

G1 – A imagem da UNE enfraqueceu com as invasões de reitorias de universidades pelo país? A maioria dos movimentos não teve a participação da UNE, inclusive o da USP, que foi o que mais durou.
Lúcia – A ocupação da USP ocorreu num momento em que a gente estava muito voltada para a construção de nosso congresso. Foi um movimento que aconteceu comandando por uma vanguarda do movimento estudantil da USP, que teve essa opinião de ficar fora das instâncias da UNE. Nós não cobramos vínculo ideológico para representar a base de estudantes, então tomamos para nós as pautas da ocupação da USP e fizemos um grande dia nacional de lutas. Reconhecemos a importância que o movimento da USP teve na construção de uma perspectiva de mais ousadia para o movimento estudantil. Acho que essa situação da USP nos ajudou a resolver para essa pauta de mais ousadia, de mais reivindicações, de mais radicalidade para esses próximos dois anos.

G1 – Que medidas vocês vão adotar para ter mais conquistas?
Lúcia - Vamos exigir a regulamentação do ensino privado no país. Essas universidades hoje são espaços sem democracia, de aumento abusivo de mensalidades. Isso só vai acabar quando se criar um conjunto de regras, que regulamente o ensino superior privado, fazendo com que as liberdades dos tubarões de ensino, que são os donos dessas universidades, acabem. A gente não descarta [fazer] ocupação de reitorias de universidades privadas.

G1 - O fato de ser mulher, bonita e nova ajuda ou atrapalha? Há preconceito?
Lúcia - O principal preconceito que a gente vê no movimento estudantil é o machismo. Em 70 anos, cerca de 50 presidentes [da UNE], e eu sou a quarta mulher eleita. A beleza não ajuda, até atrapalha. No movimento estudantil, quando uma menina sobe no palanque para fazer um discurso, a primeira coisa que se avalia nela não é o conteúdo, mas se ela é bonita ou feia. Quando a gente está no microfone, a gente quer que ouçam o conteúdo, sem ficar preocupada com a avaliação rasa que possam vir a fazer.

G1 – Você é filiada ao PC do B. Por que quis essa ligação?
Lúcia – Eu tinha 17 anos, quando tirei meu título, e fui bater na porta de todos os partidos em Porto Alegre, conversar com as pessoas, no PDT, PSB, PCB, PT, PC do B. Acabei optando pelo PC do B e acho que é uma forma de participar mais efetivamente dos rumos da transformação por meio dos movimentos sociais. A ampla maioria das pessoas filiadas não vai ser nunca candidata a cargos eletivos.

G1 – Você pretende seguir carreira política?
Lúcia - Pretendo seguir carreira na profissão [no jornalismo]. Acho que minha maior contribuição é a política, mas fazer política no Brasil é muito mais do que disputar cargos eletivos. Fazer política é fazer parte do movimento social. Não tenho aspiração de ser candidata.

G1 - Mas a gente viu o fenômeno Manuela, que veio do movimento jovem e hoje é deputada federal pelo PC do B do Rio Grande do Sul.
Lúcia - Ela foi minha colega da faculdade, nas duas faculdades [Lúcia cursava jornalismo na PUC-RS e ciências sociais na UFRGS]. Nós ficamos amigas e eu acabei trazendo a Manu para o movimento. A gente foi para cargos diferentes. Eu fui para a UNE e a Manu foi vereadora em 2004, em Porto Alegre, e agora foi eleita deputada federal. Mas não está nos meus planos [ter carreira política], não sou presidente da UNE pensando nisso. Hoje, minha opção é continuar no movimento social. Mas caso haja alguma questão nesse sentido, vou poder avaliar mais para frente.

G1 – Você recebe salário como presidente da UNE?
Lúcia - Quem se muda para São Paulo tem uma ajuda de custo e a gente tem de comprovar que usou o dinheiro exclusivamente para pagamento de aluguel. Não posso comprar roupa, por exemplo. Hoje recebemos R$ 1.200. Mas, no fim de ano, a gente passa por dificuldade. A gente já chegou a receber R$ 300. Ficamos devendo aluguel. Só faz mesmo quem tem essa disposição de doar sua vida para o movimento estudantil.

G1 - O PC do B interfere na UNE? Paga a faculdade dos presidentes?
Lúcia - O PC do B não tem nenhum tipo de ingerência sobre a UNE. Quem define os rumos que a UNE vai ter é o congresso da entidade. E o PC do B não paga a minha faculdade, eu consigo [fazer faculdade] graças ao apoio da minha família.

G1 – O que você gosta de ler, que música escuta?
Lúcia - Meu escritor favorito é o Eduardo Galeano. Gosto muito de literatura latino-americana. De música, gosto bastante de brasileira, de Chico, Cordel [do Fogo Encantado], Los Hermanos. Mas sempre ouvi muito músicas de Porto Alegre. Lá a gente tem grandes bandas de rock gaúchas, tem o Replicantes, Wander Wildner.

G1 – Dá para perceber que você gosta de tatuagens, quantas tem?
Lúcia - Em conjunto deve ter umas 15, se contar cada estrelinha. Tenho uma de estrela no ombro, uma flor na barriga, um dragão nas costas. Umas tatuagens espalhadas aí.

G1 - Por que você tatuou estrelas? Tem algum sentido ideológico?
Lúcia - Eu cheguei a São Paulo, e adoro estrela no céu, mas a gente não vê estrela aqui. Eu surtei com isso. No meu quarto inteiro, na república, preguei estrelas daquelas que brilham. Daí comecei a fazer estrelas no braço. Não tem nenhuma conotação mais ideológica.


Um comentário:

Káh disse...

Okay okay caro mestre! Tenho que admitir que de vez em quando você tem um pouco de razão :P

Os dois termos não são sinônimos, são complementares! Daqui para frente falarei em "discípulo manipulável"


Valeu Sr Chuchu

Beijos ;)