2 de agosto de 2007

Perdendo oportunidades

Antes de colocar a postagem de hoje do Sardenberg, quero fazer um comentário.

Uma vez, na UnB, um professor meu me disse que, quando a gente é novo, é radical de esquerda. Conforme a idade vai passando, vamos lentamente nos movendo para a direita e vamos nos tornando conservadores. Esta é, segundo ele, a evolução política de 99% das pessoas.

Na época achei uma besteirada danada. Passados apenas três anos que ouvi esta frase, começo a concordar com ele. Por que? Porque o estado brasileiro realmente não tem condições de fazer os investimentos necessários para o país crescer. Solução? Privatizar -- atitude típica de liberais (ou, como são comumente chamados, de "pessoal de direita").

Mas ainda não me converti totalmente ao liberalismo. Ainda estou no meio termo -- mas concordo que, pelo menos em certas áreas, o correto seria privatizar mesmo.

(Original aqui)

Gostemos ou não, a energia nuclear está voltando à moda. É o mercado que diz isso. Em 2005, a tonelada no urânio custava 11 dólares. Na semana passada chegou a US$133,00, conforme nos informou Rinaldo Mancin, Diretor de Meio Ambiente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Ora, o Brasil tem boas reservas de urânio – inexploradas, contudo. E por que? Porque, pela Constituição de 88, a exploração de urânio é monopólio da União, assim como era a exploração de petróleo e gás, entre outras bobagens estatizantes.

Como urânio não era atraente, havia até um movimento contra as usinas nucleares no mundo todo, não se mexeu nesse item da Constituição, nem mesmo que se aboliu o monopólio do petróleo.

Como está a situação hoje?

Continua monopólio da União, mas o governo não tem dinheiro nem competência para investir em aeroportos e estradas, o que dirá de urânio em grande escala.

Mas companhias brasileiras têm dinheiro, capacidade e interesse. A Vale do Rio Doce, por exemplo, já entrou no negócio: vai explorar urânio... na Austrália.

Aqui no Brasil, Rinaldo Mancin comunica que o Ibram apresentou recentemente ao presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, proposta de projeto que trate da flexibilização do monopólio do urânio, apenas no que se refere à mineração do urânio. (Claro, para ninguém pensar que companhias privadas pretendem ir além e fazer a bomba).

A sério: embora o Ibram diga que a Chinaglia recebeu bem a proposta, o projeto nem está na pauta da Câmara.

A sério também: o presidente da Vale, Roger Agnelli, disse que a companhia estuda produzir alumínio fora do Brasil. O executivo informou que a Vale tem buscado oportunidades no Oriente Médio, África e América Latina.

E por que? Porque alumínio exige muita eletricidade, e esse insumo está ficando muito caro no Brasil, dada a expectativa de escassez.

São comentários de um executivo que sempre foi simpático a Lula, ajudou-o desde a primeira eleição e do primeiro mandato. É também um executivo que ganhou muito dinheiro com sua empresa.

Tirem suas conclusões.


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