3 de agosto de 2007

Ser ou estar sozinho

No início desta semana, contei para uma amiga minha que havia grande probabilidade da minha irmã vir morar aqui comigo (ela ainda não tinha 100% de certeza). Aí essa amiga virou e me disse que seria muito bom minha irmã vir, porque assim eu "deixaria de ser sozinho". Aí ontem eu postei aqui dizendo que hoje minha irmã chega, e recebi um e-mail de outra amiga dizendo a mesma coisa: "Que bom que sua irmã vai morar com você, assim você não fica mais sozinho".

Gente, de uma vez por todas: eu nunca fui sozinho. Há quatro anos e meio que moro sozinho (pois minha família se mudou para MG no início de 2003) e nem por isso eu fui sozinho. Em momento algum, nesses quatro anos e meio, eu me senti solitário. Sempre senti a presença das pessoas que amo junto a mim, independentemente delas estarem ou não fisicamente ao meu lado.

Eu acho que essa história de "ser sozinho" é extremamente relativo. Como é sabido, há pessoas que moram em São Paulo e são rodeadas de milhares (quiçá milhões) de outros indivíduos e se sentem solitárias. Por outro lado, há pessoas que moram sem ninguém por perto (meu tio na floresta amazônica nos anos 1980 seria um bom exemplo) e não se sentem solitárias. Na minha visão, uma coisa é você "ser sozinho", outra coisa é você "estar sozinho".

Além disso -- e sei que o pensamento seguinte pode causar certos sentimentos do tipo "este cara se acha", e eu me acho mesmo --, eu me basto. É isso mesmo que você leu: eu me basto. Para ser feliz, eu não preciso de ninguém ao meu lado, em nenhum sentido -- seja família, amante, namorada, irmã, amigos, o que for. É claro que a presença de tais pessoas sempre traz um ar diferente ao nosso dia-a-dia -- até porque, como já dizia Aristóteles, o homem é um "ser social" --, mas eu não dependo da presença física de ninguém para ser feliz e me sentir bem. É neste sentido que afirmo que "eu me basto": se eu não for feliz por mim mesmo, comigo mesmo, não o serei com a presença de outros ao meu redor. Ao contrário, serei apenas um estorvo para os outros.

É claro que vou ficar super-feliz com a presença da minha irmã aqui em casa, no mínimo, pelos próximos seis meses. Sem dúvida alguma que alguma coisa irá mudar. Mas minha vida continuará, a vida dela também, e eu não vou deixar de ser mais ou menos sozinho do que antes -- simplesmente porque eu, felizmente, com outros ou sem outros ao meu redor, nunca fui sozinho!


Um comentário:

Káh disse...

Na verdade nem tem como você se sentir sozinho, sempre tem uma chata (eu) no seu pé te pertubando...hihihihi

Respondendo ao seu comentário do "discípulo maleável": Maleável e manipulável são termos sinônimos que convergem em um mesmo ponto, ou seja, os dois se manipulam facilmente não tendo assim diferença de um para o outro. Então tanto faz, tudo da na mesma!

Beijos