18 de setembro de 2007

Grosseria

Hoje perguntaram-me o por quê da minha (suposta) "grosseria". Perguntaram-me se era falta de mulher, se era revolta com a vida, se era algo intrínseco à minha personalidade, se eu tenho mesmo um coração de pedra, e por aí vai.

Gostaria apenas de dizer o seguinte: eu não sou grosso. Eu sou direto. É diferente. Claro, dirão que é um eufemismo, mas não é. O brasileiro, devido à sua formação historico-cultural, é um indivíduo muito cordial, muito alegre, muito solícito, mas, no fundo, no fundo, não faz nada do que diz que faz (veja mais sobre a formação do brasileiro em meu outro blog -- link aí ao lado).

O que eu quero dizer com isto? Quero dizer que todos nós temos aquela mania de dizer coisas como "depois te ligo", e não ligamos. "Vamos nos encontrar?" "Com certeza!", mas não nos encontramos. "Deixa comigo que amanhã eu mando o arquivo pra você", e não mandamos. Ou seja, para evitar dizer "não" para os outros, falamos que vamos fazer as coisas, mas não fazemos. Esta é uma característica brasileira e, feliz ou infelizmente, não há como fugir dela.

Comparemos com alemães. Alemães não tem esta frescura. Se não podem ou não querem fazer algo, dizem que não vão fazer e pronto. Se não vão ligar, dizem que não vão ligar e pronto. Se não querem que os outros liguem, dizem isto e ponto final. Simples assim, direto, resolve tudo na hora. Sem frescuras.

Mas tal atitude é considerada pela maioria dos brasileiros como "grosseria". Alguém pede um favor pra gente, o que fazemos? "Vou ver o que posso fazer, depois te dou uma resposta". E, em muitas ocasiões, é possível que não façamos o tal favor e nem mesmo damos a resposta. Um alemão diria "sim" ou "não" diretamente. Ponto final, resolve-se o assunto e acaba-se com possíveis dramas futuros, do tipo "mas você falou que ia ver...".

É claro que eu nem sempre sou assim. Às vezes dou as minhas enroladas também, dizendo que vou ver o que posso fazer e nem me lembro do que prometi. Mas, em geral, tento ser direto, porque penso que, se enrolamos, causamos mal ao outro, que fica na expectativa, e a nós mesmos que, quando nos lembramos do fato, podemos nos sentir "culpados" por não termos feito. Então eu prefiro e tento ser sempre direto, dando meus "sim" ou "não" a torto e a direito, conforme a minha possibilidade.

Portanto, meus caros, eu não sou grosso, eu sou direto. Se alguém me pedir algo e eu não puder fazer, vou dizer que "não", e não estarei sendo grosso ou agindo com má-vontade. Se algum aluno achar que alguma atividade que eu passar é difícil, vou dizer mesmo "se vira" e deixar o aluno correr atrás. Vou sim falar em sala de aula coisas como "pessoal, o questionário surpresa está aí e é para ser feito. Se não quiserem fazer, podem ir embora. A escolha é de vocês." Para que ficar enrolando?


2 comentários:

Káh disse...

Ah, então quer dizer que quando você me diz: "Depois te ligo" é só para enrolar... assim que descobrimos as pessoas :P

Mas relaxa que quem não sabe ouvir "não" é fresco. É preferível ter uma resposta clara e objetiva do que ser enrolada.

Por exemplo, ao invés de dizer "Depois te ligo" é melhor ouvir um "Não!Não tô com vontade" (nada pessoal é claro), porque aí quando a pessoa em questão descobre a sua enrolação fica te enchendo o saco pelo resto da sua vida. :P

Beijooo

Káh disse...

E pelo o que eu saiba essa sua "grosseria" serve como afrodisíaco...
Não perca o charme amoreco kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk