20 de outubro de 2007

O que fazer?

Hoje entreguei os trabalhos da minha turma de sexta-feira. Três grupos receberam a nota zero porque os trabalhos eram iguais. Uma pessoa, de um dos grupos, afirmou categoricamente, na frente de muita gente, que ela fez o trabalho dela e dos outros dois grupos, tendo recebido R$ 50 de cada um deles. Mas ela cometeu um erro básico, que foi entregar três trabalhos iguais. Eu dei zero e tal pessoa disse que vai "até os tribunais" para rever a nota dela.

Eu poderia usar este meu blog para falar sobre a incompetência intelectual daqueles que pagam para outros fazerem trabalhos, mas não vou fazer isso.

Eu poderia usar este meu blog para falar sobre a vergonha que é para uma pessoa se utilizar de um esquema ilícito para tentar ganhar nota, mas não vou fazer isso.

Eu poderia usar este meu blog para falar sobre como a corrupção nasce no cotidiano de cada um, e que não adianta o indivíduo dizer que "são os políticos que roubam" se o próprio indivíduo não tiver a consciência do certo e do errado, mas não vou fazer isso.

Eu poderia usar este meu blog para falar sobre o ridículo que foi para tal pessoa tentar argumentar comigo dizendo que "não está escrito em nenhum lugar que os trabalhos não podem ser iguais", mas não vou fazer isso.

O que eu vou fazer?

Não vou fazer nada. Porque a indiferença é a pior coisa que podemos sentir ou demonstrar em relação a outra pessoa. Nada melhor do que ouvir a pessoa me ameaçando, dizendo que vai "entrar com recurso até os tribunais", e deixá-la falando sozinha, à toa.

Para sacanear alguém, nada melhor que a indiferença.

Acompanhada, é claro, por um novo modelo avaliativo. Estou pensando em algo como perguntas V ou F com o conteúdo do semestre inteiro, sendo que o aluno tem de justificar as que ele considerar falsas. Mas acho que este sistema é muito simples e fácil -- preciso usar meu lado "Darth Vader", que está meio ativo nestes últimos dias, e pensar em alguma sacanagem bem feita.


2 comentários:

Leandro Coelho disse...

Não há ofensa maior à uma pessoa que negar a existência dela. Por isso ignorá-la é o pior retorno. Deixe-a MESMO na mediocridade. Não perca seu tempo. Se a instituição que vc trabalha é séria e não fica lhe fazendo de capacho, aproveite, pois não é a realidade da maioria das instituições do país, onde o professor virou um reles prestador de serviço.

Lele sugere: nesse tipo de de avaliação faça um mix das questões. Não precisa ser uma prova para cada aluno, mas separe em 4 ou 3 grandes grupos, mas sem identificar que são provas diferentes. Depois separa por algum identificador que tenha colocado (a última igual, ou a 1a) e facilitará a correção.

Perguntas no estilo acompanhamento de leitura, como faziam com a gente na UnB, não podem ser feitas não? Controle de leitura surpresa? E que tal jogar uma pergunta do conteúdo e a 1a pessoa que responder ganha um bônus? Tipo um ponto à mais na prova? Fica a dica.

Rodrigo Gomes disse...

"sacanear" 50 alunos por culpa de uma picareta?

Rodrigo Gomes