Hoje, na parte da manhã, foi exibido o filme "A outra história americana". Recomendo a todos que assistam ao filme, pois o mesmo é muito bem estruturado e toca em pontos importantes da contemporaneidade.
Há uma série de itens que poderiam ser comentados sobre o filme; diria eu até que quase uma infinidade de temas. Mas vou me ater apenas em dois fatos que me chamaram a atenção.
O primeiro não se refere ao filme propriamente dito, e sim ao evento como um todo. Após o mesmo, alguns alunos vieram reclamar dizendo que o mesmo havia sido muito "superficial", especialmente a minha fala no que diz respeito à origem do nazismo. A tais alunos gostaria de dizer que a fala dos três professores não dizia respeito especificamente ao nazismo, e sim à discriminação social que existe nos dias de hoje. No que diz respeito à minha fala propriamente dita, expliquei bem rapidamente a origem do nazismo porque apareceram diversos símbolos desta ideologia durante o filme, e eu apenas quis mostrar que o nazismo como ideologia não é a mesma coisa que Hitler e Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. O objetivo principal da minha fala era mostrar que qualquer ideologia, se presente o tempo todo, leva ao surgimento de regimes totalitários, e não falar especificamente do nazismo. Mas a estes alunos que reclamaram da ausência de fatos mostrando que os judeus não foram tão coitadinhos como geralmente se afirma faço um convite: visitem meu outro blog a partir de terça-feira que vem (dia 20) e vocês verão uma série de textos sobre a origem do nazismo.
O segundo ponto é mais específico e diz respeito a idéias veiculadas durante o debate. Alguns alunos questionaram o seguinte ponto: como pode um professor branco falar da discriminação do negro? Uma aluna da faculdade escreveu em seu blog: "uma coisa é se colocar no lugar do outro e outra coisa é ser o outro". Segundo tais alunos, qualquer análise da discriminação social que os negros sofrem, se feitas por brancos, são inválidas, posto que o branco não passou/passa pela discriminação que o negro passou/passa e, portanto, seria incapaz de racionalizar sobre o assunto porque nunca "sentiu na pele" as agruras de fazer parte de um grupo discriminado.
Discordo de tal argumentação com base no seguinte argumento: quem disse que branco não é discriminado? Quem disse que racismo é só a opressão branca sobre negros? Racismo é discriminação de raça, o que é, em termos objetivos, associado à cor da pele do indivíduo. Então, quando o negro chama o branco de "branquelo azedo" (e eu já fui chamado assim várias vezes), ele não está cometendo o mesmo erro do branco que o chama de "neguinho" ou algo do tipo? Por que o negro pode se orgulhar de sua cor e sair às ruas com uma camisa na qual está escrito "black power" ("poder negro") e o branco não pode sair às ruas com uma camisa na qual está escrito "white power" ("poder branco")? O negro, com uma blusa "black power", está apenas afirmando sua identidade racial. O branco, com uma blusa "white power", é nazista e racista.
"Ah", argumentarão, "mas esta discriminação sobre a qual você se refere é muito mais subjetiva. O branco não é discriminado socialmente: se há um branco e um negro esperando um lugar em um restaurante, com certeza o branco vai ganhar tal lugar." Concordo em partes com tal crítica, pois já li textos que falam que para o negro a pior discriminação é aquela feita de maneira sutil, de maneira subjetiva, e não a discriminação objetiva.
É claro que esta pequena postagem, a esta hora da madrugada, não tem nenhum objetivo de dar uma solução ao problema da discriminação social (aliás, este é outro ponto que me incomoda: os alunos acham que os professores são obrigados a ter, na ponta da língua, resposta pra todos os problemas da humanidade. Se isso fosse possível/viável/verdade eu não seria professor, e sim consultor de algum presidente ou algo do tipo e estaria ganhando rios de dinheiro). O objetivo maior é tentar deixar clara a minha opinião: eu discordo totalmente desta baboseira de "discriminação racial". Como afirmei hoje de manhã, a discriminação é muito mais social do que racial: o problema está na esfera econômica, e não na esfera racial. Tanto é que o nazismo, em sua vertente hitlerista, tem todo um embasamento racial, de superioridade da raça ariana frente a eslavos, ciganos e judeus, mas a origem do nacional-socialismo como ideologia é econômica, e não racial (ou alguém acha que os alemães eram contrários aos judeus por estes serem pobres?). No filme de hoje fica claro que a motivação para o personagem principal agir vai além da questão da cor de pele: em várias oportunidades é dito que "negros, hispânicos e judeus estão roubando nossos empregos". O problema, pra mim, se origina na esfera econômica e daí se difunde para as demais esferas sociais.
Pronto, acabei a postagem. Critiquem à vontade. Mas quando o fizerem, por favor, utilizem-se de argumentos racionais, e não de argumentos passionais, pois bons debates são feitos com base em idéias, não em ideias/ideologias/sentimentos.
Há uma série de itens que poderiam ser comentados sobre o filme; diria eu até que quase uma infinidade de temas. Mas vou me ater apenas em dois fatos que me chamaram a atenção.
O primeiro não se refere ao filme propriamente dito, e sim ao evento como um todo. Após o mesmo, alguns alunos vieram reclamar dizendo que o mesmo havia sido muito "superficial", especialmente a minha fala no que diz respeito à origem do nazismo. A tais alunos gostaria de dizer que a fala dos três professores não dizia respeito especificamente ao nazismo, e sim à discriminação social que existe nos dias de hoje. No que diz respeito à minha fala propriamente dita, expliquei bem rapidamente a origem do nazismo porque apareceram diversos símbolos desta ideologia durante o filme, e eu apenas quis mostrar que o nazismo como ideologia não é a mesma coisa que Hitler e Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. O objetivo principal da minha fala era mostrar que qualquer ideologia, se presente o tempo todo, leva ao surgimento de regimes totalitários, e não falar especificamente do nazismo. Mas a estes alunos que reclamaram da ausência de fatos mostrando que os judeus não foram tão coitadinhos como geralmente se afirma faço um convite: visitem meu outro blog a partir de terça-feira que vem (dia 20) e vocês verão uma série de textos sobre a origem do nazismo.
O segundo ponto é mais específico e diz respeito a idéias veiculadas durante o debate. Alguns alunos questionaram o seguinte ponto: como pode um professor branco falar da discriminação do negro? Uma aluna da faculdade escreveu em seu blog: "uma coisa é se colocar no lugar do outro e outra coisa é ser o outro". Segundo tais alunos, qualquer análise da discriminação social que os negros sofrem, se feitas por brancos, são inválidas, posto que o branco não passou/passa pela discriminação que o negro passou/passa e, portanto, seria incapaz de racionalizar sobre o assunto porque nunca "sentiu na pele" as agruras de fazer parte de um grupo discriminado.
Discordo de tal argumentação com base no seguinte argumento: quem disse que branco não é discriminado? Quem disse que racismo é só a opressão branca sobre negros? Racismo é discriminação de raça, o que é, em termos objetivos, associado à cor da pele do indivíduo. Então, quando o negro chama o branco de "branquelo azedo" (e eu já fui chamado assim várias vezes), ele não está cometendo o mesmo erro do branco que o chama de "neguinho" ou algo do tipo? Por que o negro pode se orgulhar de sua cor e sair às ruas com uma camisa na qual está escrito "black power" ("poder negro") e o branco não pode sair às ruas com uma camisa na qual está escrito "white power" ("poder branco")? O negro, com uma blusa "black power", está apenas afirmando sua identidade racial. O branco, com uma blusa "white power", é nazista e racista.
"Ah", argumentarão, "mas esta discriminação sobre a qual você se refere é muito mais subjetiva. O branco não é discriminado socialmente: se há um branco e um negro esperando um lugar em um restaurante, com certeza o branco vai ganhar tal lugar." Concordo em partes com tal crítica, pois já li textos que falam que para o negro a pior discriminação é aquela feita de maneira sutil, de maneira subjetiva, e não a discriminação objetiva.
É claro que esta pequena postagem, a esta hora da madrugada, não tem nenhum objetivo de dar uma solução ao problema da discriminação social (aliás, este é outro ponto que me incomoda: os alunos acham que os professores são obrigados a ter, na ponta da língua, resposta pra todos os problemas da humanidade. Se isso fosse possível/viável/verdade eu não seria professor, e sim consultor de algum presidente ou algo do tipo e estaria ganhando rios de dinheiro). O objetivo maior é tentar deixar clara a minha opinião: eu discordo totalmente desta baboseira de "discriminação racial". Como afirmei hoje de manhã, a discriminação é muito mais social do que racial: o problema está na esfera econômica, e não na esfera racial. Tanto é que o nazismo, em sua vertente hitlerista, tem todo um embasamento racial, de superioridade da raça ariana frente a eslavos, ciganos e judeus, mas a origem do nacional-socialismo como ideologia é econômica, e não racial (ou alguém acha que os alemães eram contrários aos judeus por estes serem pobres?). No filme de hoje fica claro que a motivação para o personagem principal agir vai além da questão da cor de pele: em várias oportunidades é dito que "negros, hispânicos e judeus estão roubando nossos empregos". O problema, pra mim, se origina na esfera econômica e daí se difunde para as demais esferas sociais.
Pronto, acabei a postagem. Critiquem à vontade. Mas quando o fizerem, por favor, utilizem-se de argumentos racionais, e não de argumentos passionais, pois bons debates são feitos com base em idéias, não em ideias/ideologias/sentimentos.
3 comentários:
Mateus,
Não concordo inteiramente com sua opinião.
Lá em meu blog explico porque não concordo.
Eu ia colocar o texto aqui, mas ficaria muito grande.
Depois, se você quiser, entra lá e diz o que tu acha.
Também coloquei lá uma afirmação polêmica e expliquei o motivo de afirmar tal coisa.
Os seres humanos de hoje são fascistas.
http://diariodeumvagal.blig.ig.com.br/
Abraço.
Ninguém repara que no Brasil a grande coincidência é economica E social. Se vc tem um negro rico, logo passam todos a tratar bem.
Sistema de cotas, bah! Vê se alguém coloca sistema de cotas para as universidades tabajara do país? Não querem inserção, mas sim benefícios.
No caso dos judeus, foi feito o mesmo em portugal, antes da Alemanha. Trazidos para fazer as coisas funcionarem, depois "confiscados". Hitler teve assessores que estudaram bem hist., pois o lance mesmo dele era "pegar no pincel" apesar de frustrado (entendeu o trocadilho, ahm, ahm? hehehe).
Primeiro, "uma aluna da faculdade" um caramba! Você tem que escrever "A minha Chuzinha linda..."
Segundo, você está lendo o que não está escrito pois não me lembro de falar que nós "brancos" somos incapazes de racionalizar sobre esse assunto.
E continuo com as minhas considerações que como afirmei no meu blog não são baseiadas em "argumentos passionais".
Não critico a sua visão, apenas discordo de alguns pontos, concordo em outros e respeito a sua opinião!
"só isso" :P
Bitocas
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