Bom, vamos lá fazer a segunda postagem sobre os últimos dias. Hoje pretendo escrever algumas coisas sobre a cidade na qual estou desde ontem: Ekaterinburg. A cidade se localiza nos Montes Urais, como já disse na outra postagem, e tem pouco mais de um milhão de habitantes -- bem mais que Krasnoyarsk, com seus 871 mil (ainda que parecesse uma cidade fantasma quando estive lá, por causa do frio), e que Irkutsk, com seus 590 mil habitantes. O impacto já foi inicial: ao vir da estação ferroviária pro hotel, diversos luminosos, gente na rua, bares abertos, e isso tudo porque eram 3 h da manhã. Entretanto, a estação ferroviária em si fica muito a desejar em relação às outras duas, especialmente em relação à de Krasnoyarsk, que é toda em mármore (infelizmente, por questões de segurança, não se pode fotografar o interior das estações).
Vim para o hotel e já me programei pro dia. Ainda que eu tivesse ido dormir às 3:30 h da manhã, acordei às 8:15 h, fiz a barba, tomei café no hotel e zarpei pra cidade. Pelo menos isso deu pra fazer na Transiberiana à noite: ler sobre a cidade no guia turístico que comprei e programar o que seria feito nos dois dias em que ficaria aqui (ontem e hoje).
Tendo tudo pronto, e com o mapa da cidade na cabeça (decorei os mapas das três cidades), lá fui eu rodar pela cidade. O primeiro impacto foi o melhor possível: o meu hotel fica atrás do principal teatro da cidade, e em frente ao teatro está o prédio principal da universidade. Resultado: saí do hotel às 10:10 h da manhã e já me deparei com um monte de universitários (e, principalmente, universitárias ;) ) na rua. Melhor ainda: o hotel no qual estou faz parte de um centro comercial, o que, por um lado, é ótimo, pois tem tudo aqui do lado. Até mesmo um museu de pedras preciosas e semi-preciosas dos Urais tem aqui no prédio!
Mas não fiquei por aqui: aproveitei enquanto o joelho direito ainda não estava dolorido e saí pra caminhar. E como caminhei! Pelas minhas contas, andei por volta de 10 km ontem rodando pela cidade e vendo os pontos descritos no guia. Não pôde faltar a visita à praça com uma gigantesca estátua do Lênin e com algumas construções no gelo (a propósito, falo mais adiante); a visita a uma mini-represa no meio da cidade, com direito a caminhada sobre o lago congelado; visita a uma região da cidade que se tornou famosa devido aos diversos assassinatos que a Máfia realizou durante os anos 90; visita a algumas igrejas ortodoxas; fotos e mais fotos de prédios antigos; e por fim, mas não menos importante, visita ao lugar no qual os bolcheviques, em julho de 1918, mataram o czar Nicolau e toda a sua família (meus alunos do semestre passado sabem do que estou falando. Quem não souber assista ao desenho "Anastácia" que dá pra ter uma vaga noção. Ou deixem de ser preguiçosos e procurem na net, se quiserem saber.). Depois disso ainda rodei por algumas ruas, tirei algumas fotos e, lá pelas 16:30 h, quando estava começando a escurecer, voltei pro hotel e, antes de ir pro quarto, visitei o museu de pedras preciosas e semi-preciosas dos Urais, tirando um monte de foto (porque comprar que é bom estava impossível: o brinco mais simples custava o equivalente a 140 reais).
Neste passeio de ontem dois fatos nada relacionados à viagem aconteceram. O primeiro foi um encontro fortuito com dois brasileiros. Estou eu tirando fotos do lugar exato em que o czar e sua família foram mortos quando ouço alguns sons bem familiares. Tentei escutar melhor mais não deu, pois ambos estavam com uma proteção no rosto contra o frio (vocês não imaginam o quanto dói o nariz e o quão ressecados ficam os lábios quando a temperatura está muito baixa). E aí arrisquei, perguntando em inglês de onde eram. Confirmado: o casal (de amigos) é de São Paulo. Acabamos trocando algumas idéias e fomos nos aquecer na gigantesca catedral construída para celebrar o czar e sua família (que foram canonizados pela Igreja Ortodoxa). O casal está fazendo o trajeto inverso ao meu: foram a Moscou e São Petersburgo, aí pegaram a Transiberiana até aqui, depois iam pra Krasnoyarsk e pra Irkutsk, voltando pra Moscou de avião. Telefones devidamente trocados pra gente ver se agita alguma coisa quando eles voltarem pra Moscou.
O segundo fato foi, talvez, mais bizarro: sem querer, acabei sendo entrevistado por uma rede de TV local. Como já comentado aqui neste blog, o natal na Rússia acontece no dia 7 de dezembro, e a rede de TV estava na catedral filmando as diversas esculturas de gelo feitas atrás da catedral e filmando os fiéis que ainda iam à igreja, apesar de ser dia 9 e o natal já ter passado. Estavam eles perguntando pras pessoas como era o natal pra elas e porque elas vinham àquela catedral feita para o czar, e não pra outra catedral. E aí vieram perguntar pra mim. Devidamente identificado como estrangeiro, resolveram mudar o foco e perguntaram o que um brasileiro estava fazendo na Rússia quando a temperatura está na casa dos -20 graus. No fim do dia, quando estava no hotel, me vi na TV... Oh, que emoção! kkkkkkkkkkkkkkk
Rapidamente, sobre as construções no gelo: todos já devem ter visto aquelas esculturas feitas em gelo. Pois bem, aqui em Ekaterinburg eles fizeram não apenas esculturas, mas uma cidadela de gelo. E lá estou eu, feliz, alegre e contente tirando fotos e filmando a tal cidadela sem me dar conta de que eu estava no meio do gelo. E, quando menos percebi, cadê que meus dedos mexiam? E o pior é que só fui perceber isto quando fui tentar fechar a máquina e não consegui (e nem precisou que eu fechasse, pois com o frio ela parou de funcionar). E adianta ir pro sol? Bom, não custa tentar, mesmo sabendo que este "sol de meio-dia" daqui, no inverno, é a mesma coisa que nada... E realmente não adiantou nada. O jeito foi sair de dentro da cidadela e deixar os dedos se descongelarem por conta própria.
No fim do dia, já no hotel, além de me ver na TV, como já disse, fiquei jogando um pouquinho no computador antes de dormir. Além de rever as fotos já tiradas, os vídeos e reler mais um pouco o guia de viagem, pra ver se a programação de hoje estava realmente perfeita.
E estava. Saí do hotel novamente às 10:10 h e fui em direção aos 5 museus que pretendia visitar hoje. Cheguei no primeiro e estava fechado, sendo restaurado; fui ao segundo, fechado para restauração; fui ao terceiro e, felizmente, estava aberto, mas a exposição não era a permanente -- era de um cara lá, não me lembro do nome dele -- e as obras deste tal fulano eram muito fraquinhas: não fiquei nem uma hora no museu. Fui para o quarto museu, este sim interessante -- Museu da Fotografia, com várias fotos antigas da cidade e com algumas coisas sobre os "Old Believers" (explico isso depois também) --, mas o museu é muito pequeno e, em 30 min, já tinha visto tudo. Fui pro último museu que eu queria ver e, mais uma vez, fechado pra restauração. Uma frustração só, que foi rapidamente dissipada quando me dirigi para uma das maiores -- se não a maior -- livraria da cidade. Quem me conhece sabe como me comporto em uma livraria... Fiquei lá por mais de uma hora, vendo o tanto de coisa útil pra minha tese do doutorado e embasbacado com o preço dos livros -- incomparavelmente mais baratos que no Brasil. Um livro de capa dura com 1980 páginas por 600 rublos -- ou mais ou menos 46 reais, ou seja, de graça. Mas não comprei nada: apenas peguei os títulos dos livros que quero e vou ver se os encontro em Moscou -- afinal de contas, minha mala já está pesada e não quero mais carregar muita coisa.
Pra terminar o dia, fui a uma loja especializada em mapas (adoro mapas), mas mais uma vez dei de cara com uma porta fechada: a loja está em balanço e abre... Amanhã, quando vou embora. Uma pena, pois pessoas de Irkutsk me recomendaram esta loja como uma das melhores com mapas da Rússia. O jeito vai ser comprar mesmo pela internet e pagar pelo frete :(
Por fim, retornei ao hotel com meu joelho direito estourando de dor. Não sei o que aconteceu quando eu estava em Irkutsk, mas sei que, quando ando muito -- os 10 km de ontem e mais 12 km hoje, pelas minhas contas -- o joelho dói que só. Cheguei ao hotel relativamente cedo -- eram 15 h, ainda estava claro, sol "forte" para os padrões do inverno russo --, mas eu não estava mais conseguindo andar. Ainda queria dar uma rodada pela parte sul da cidade pra ver se encontrava alguma "surpresa" -- como aconteceu hoje quando fui bem para o oeste e encontrei uma igrejinha sendo restaurada, com a cúpula em ouro maciço --, mas realmente não dava. Então vim pro hotel e assisti ao "Poderoso Chefão III", que eu tinha trago pra ver e até agora não tinha tido oportunidade. Aproveitei pra escrever estas postagens todas e daqui a pouquinho já vou cair na cama -- afinal de contas, amanhã o trem sai às 7 h da manhã, o que significa que eu tenho de sair daqui no máximo às 6 h e, antes de sair, tenho de arrumar as coisas, tomar banho, fazer a barba, fazer check-out, e por aí vai... Então vou ficando por aqui, e até a próxima postagem!
Vim para o hotel e já me programei pro dia. Ainda que eu tivesse ido dormir às 3:30 h da manhã, acordei às 8:15 h, fiz a barba, tomei café no hotel e zarpei pra cidade. Pelo menos isso deu pra fazer na Transiberiana à noite: ler sobre a cidade no guia turístico que comprei e programar o que seria feito nos dois dias em que ficaria aqui (ontem e hoje).
Tendo tudo pronto, e com o mapa da cidade na cabeça (decorei os mapas das três cidades), lá fui eu rodar pela cidade. O primeiro impacto foi o melhor possível: o meu hotel fica atrás do principal teatro da cidade, e em frente ao teatro está o prédio principal da universidade. Resultado: saí do hotel às 10:10 h da manhã e já me deparei com um monte de universitários (e, principalmente, universitárias ;) ) na rua. Melhor ainda: o hotel no qual estou faz parte de um centro comercial, o que, por um lado, é ótimo, pois tem tudo aqui do lado. Até mesmo um museu de pedras preciosas e semi-preciosas dos Urais tem aqui no prédio!
Mas não fiquei por aqui: aproveitei enquanto o joelho direito ainda não estava dolorido e saí pra caminhar. E como caminhei! Pelas minhas contas, andei por volta de 10 km ontem rodando pela cidade e vendo os pontos descritos no guia. Não pôde faltar a visita à praça com uma gigantesca estátua do Lênin e com algumas construções no gelo (a propósito, falo mais adiante); a visita a uma mini-represa no meio da cidade, com direito a caminhada sobre o lago congelado; visita a uma região da cidade que se tornou famosa devido aos diversos assassinatos que a Máfia realizou durante os anos 90; visita a algumas igrejas ortodoxas; fotos e mais fotos de prédios antigos; e por fim, mas não menos importante, visita ao lugar no qual os bolcheviques, em julho de 1918, mataram o czar Nicolau e toda a sua família (meus alunos do semestre passado sabem do que estou falando. Quem não souber assista ao desenho "Anastácia" que dá pra ter uma vaga noção. Ou deixem de ser preguiçosos e procurem na net, se quiserem saber.). Depois disso ainda rodei por algumas ruas, tirei algumas fotos e, lá pelas 16:30 h, quando estava começando a escurecer, voltei pro hotel e, antes de ir pro quarto, visitei o museu de pedras preciosas e semi-preciosas dos Urais, tirando um monte de foto (porque comprar que é bom estava impossível: o brinco mais simples custava o equivalente a 140 reais).
Neste passeio de ontem dois fatos nada relacionados à viagem aconteceram. O primeiro foi um encontro fortuito com dois brasileiros. Estou eu tirando fotos do lugar exato em que o czar e sua família foram mortos quando ouço alguns sons bem familiares. Tentei escutar melhor mais não deu, pois ambos estavam com uma proteção no rosto contra o frio (vocês não imaginam o quanto dói o nariz e o quão ressecados ficam os lábios quando a temperatura está muito baixa). E aí arrisquei, perguntando em inglês de onde eram. Confirmado: o casal (de amigos) é de São Paulo. Acabamos trocando algumas idéias e fomos nos aquecer na gigantesca catedral construída para celebrar o czar e sua família (que foram canonizados pela Igreja Ortodoxa). O casal está fazendo o trajeto inverso ao meu: foram a Moscou e São Petersburgo, aí pegaram a Transiberiana até aqui, depois iam pra Krasnoyarsk e pra Irkutsk, voltando pra Moscou de avião. Telefones devidamente trocados pra gente ver se agita alguma coisa quando eles voltarem pra Moscou.
O segundo fato foi, talvez, mais bizarro: sem querer, acabei sendo entrevistado por uma rede de TV local. Como já comentado aqui neste blog, o natal na Rússia acontece no dia 7 de dezembro, e a rede de TV estava na catedral filmando as diversas esculturas de gelo feitas atrás da catedral e filmando os fiéis que ainda iam à igreja, apesar de ser dia 9 e o natal já ter passado. Estavam eles perguntando pras pessoas como era o natal pra elas e porque elas vinham àquela catedral feita para o czar, e não pra outra catedral. E aí vieram perguntar pra mim. Devidamente identificado como estrangeiro, resolveram mudar o foco e perguntaram o que um brasileiro estava fazendo na Rússia quando a temperatura está na casa dos -20 graus. No fim do dia, quando estava no hotel, me vi na TV... Oh, que emoção! kkkkkkkkkkkkkkk
Rapidamente, sobre as construções no gelo: todos já devem ter visto aquelas esculturas feitas em gelo. Pois bem, aqui em Ekaterinburg eles fizeram não apenas esculturas, mas uma cidadela de gelo. E lá estou eu, feliz, alegre e contente tirando fotos e filmando a tal cidadela sem me dar conta de que eu estava no meio do gelo. E, quando menos percebi, cadê que meus dedos mexiam? E o pior é que só fui perceber isto quando fui tentar fechar a máquina e não consegui (e nem precisou que eu fechasse, pois com o frio ela parou de funcionar). E adianta ir pro sol? Bom, não custa tentar, mesmo sabendo que este "sol de meio-dia" daqui, no inverno, é a mesma coisa que nada... E realmente não adiantou nada. O jeito foi sair de dentro da cidadela e deixar os dedos se descongelarem por conta própria.
No fim do dia, já no hotel, além de me ver na TV, como já disse, fiquei jogando um pouquinho no computador antes de dormir. Além de rever as fotos já tiradas, os vídeos e reler mais um pouco o guia de viagem, pra ver se a programação de hoje estava realmente perfeita.
E estava. Saí do hotel novamente às 10:10 h e fui em direção aos 5 museus que pretendia visitar hoje. Cheguei no primeiro e estava fechado, sendo restaurado; fui ao segundo, fechado para restauração; fui ao terceiro e, felizmente, estava aberto, mas a exposição não era a permanente -- era de um cara lá, não me lembro do nome dele -- e as obras deste tal fulano eram muito fraquinhas: não fiquei nem uma hora no museu. Fui para o quarto museu, este sim interessante -- Museu da Fotografia, com várias fotos antigas da cidade e com algumas coisas sobre os "Old Believers" (explico isso depois também) --, mas o museu é muito pequeno e, em 30 min, já tinha visto tudo. Fui pro último museu que eu queria ver e, mais uma vez, fechado pra restauração. Uma frustração só, que foi rapidamente dissipada quando me dirigi para uma das maiores -- se não a maior -- livraria da cidade. Quem me conhece sabe como me comporto em uma livraria... Fiquei lá por mais de uma hora, vendo o tanto de coisa útil pra minha tese do doutorado e embasbacado com o preço dos livros -- incomparavelmente mais baratos que no Brasil. Um livro de capa dura com 1980 páginas por 600 rublos -- ou mais ou menos 46 reais, ou seja, de graça. Mas não comprei nada: apenas peguei os títulos dos livros que quero e vou ver se os encontro em Moscou -- afinal de contas, minha mala já está pesada e não quero mais carregar muita coisa.
Pra terminar o dia, fui a uma loja especializada em mapas (adoro mapas), mas mais uma vez dei de cara com uma porta fechada: a loja está em balanço e abre... Amanhã, quando vou embora. Uma pena, pois pessoas de Irkutsk me recomendaram esta loja como uma das melhores com mapas da Rússia. O jeito vai ser comprar mesmo pela internet e pagar pelo frete :(
Por fim, retornei ao hotel com meu joelho direito estourando de dor. Não sei o que aconteceu quando eu estava em Irkutsk, mas sei que, quando ando muito -- os 10 km de ontem e mais 12 km hoje, pelas minhas contas -- o joelho dói que só. Cheguei ao hotel relativamente cedo -- eram 15 h, ainda estava claro, sol "forte" para os padrões do inverno russo --, mas eu não estava mais conseguindo andar. Ainda queria dar uma rodada pela parte sul da cidade pra ver se encontrava alguma "surpresa" -- como aconteceu hoje quando fui bem para o oeste e encontrei uma igrejinha sendo restaurada, com a cúpula em ouro maciço --, mas realmente não dava. Então vim pro hotel e assisti ao "Poderoso Chefão III", que eu tinha trago pra ver e até agora não tinha tido oportunidade. Aproveitei pra escrever estas postagens todas e daqui a pouquinho já vou cair na cama -- afinal de contas, amanhã o trem sai às 7 h da manhã, o que significa que eu tenho de sair daqui no máximo às 6 h e, antes de sair, tenho de arrumar as coisas, tomar banho, fazer a barba, fazer check-out, e por aí vai... Então vou ficando por aqui, e até a próxima postagem!
Um comentário:
Não conheci Ekaterinburg, mas tinha uma amigade lá. E pelo que me lembro ela era linda..........Imagino que a cidade também seja.
Agora, sacnaagem em?. 4 museus fechados....Que falta de sorte. Saudades de museus descentes....eu ia sempre, tipo 2 vezes na semana. em outro dia visitava alguma biblioteca e ficava até 3 horas nela, fuçando e gastando em livros. Hoje acredito que poderia ter gasto mais.
Viva a cultura de verdade!
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