23 de abril de 2008

Culpa do Brasil (?)

(Original aqui.)

Crise dos alimentos gera ‘bombardeio’ contra o Brasil
Postado por Carlos Alberto Sardenberg em 22 de Abril de 2008 às 18:37

O Brasil tem enorme responsabilidade na atual crise global de alimentos.

Primeiro porque é um grande produtor e detém tecnologia agrícola de primeira. Isso quer dizer, por exemplo, que o Brasil pode, na emergência, fornecer alimentos baratos aos países mais pobres. E, no médio prazo, tem condições de ajudar a aumentar a produção global, transferindo e/ou vendendo tecnologia pelo mundo afora.

O açúcar e etanol de cana estão nesse programa. Via diplomacia e acordos comerciais, por exemplo, o governo pode facilitar a vida de empresas brasileiras que queiram produzir em outros países.

Mas, para fazer isso tudo, o Brasil precisa fazer uma lição de casa. Como disse o ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan, há um “bombardeio mundial” contra os biocombustíveis. Tem boa fé e muita malandragem nesse bombardeio, como o de países ricos defendendo seus subsídios a produtores ineficientes.

Ainda assim, cabe ao Brasil controlar a questão da Amazônia, pois o que mais pega lá fora é a acusação de que o país devasta a floresta para produzir carne e biocombustíveis. Não adianta sair por aí dizendo que os outros poluem mais. É preciso assumir e controlar nossos problemas.

Coisa de dois anos atrás, um produtor brasileiro de madeira me contou que havia perdido seus clientes nos EUA. Estes haviam dito que, por pressões locais, não podiam mais trabalhar com madeira brasileira da Amazônia, mesmo que fosse certificada e produzida em condições corretas. A briga era com a produção da Amazônia, a floresta, e ponto final.

O produtor brasileiro quis saber de onde os americanos passariam a comprar a madeira. China, Tailândia, Indonésia, disseram.

Mas também é madeira de florestas tropicais e lá a ação é muito mais predatória que na Amazônia, queixou-se o brasileiro.

É, mas não é Amazônia, responderam.

Podemos não gostar, mas é assim que é. O Brasil, governo, empresas, sociedade, precisa entrar nessa batalha pela opinião pública, começando por proteger de fato a Amazônia.

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