Minha próxima história é ainda mais adequada, uma vez que fala de alguém que não era "líder", talvez não fosse nem membro do Partido. Aconteceu em Königsberg, na Prússia Oriental, um canto inteiramente diferente da Alemanha, em janeiro de 1945, poucos dias antes de os russos destruírem a cidade, ocuparem suas ruínas e anexarem toda a província. Essa história é contada pelo conde Hans von Lehnsdorff, em seu Ostpreussisches Tagebuch (1961). Ele havia ficado na cidade como médico para cuidar de soldados feridos que não podiam ser evacuados e foi chamado a um dos vastos centros de refugiados do campo, que já estava ocupado pelo Exército Vermelho. Lá, foi perseguido por uma mulher que lhe mostrou uma veia varicosa que tinha havia anos e que queria tratar agora, porque tinha tempo. "Tentei explicar que seria mais importante para ela sair de Königsberg e deixar o tratamento para depois. 'Aonde você quer ir?', perguntei a ela. Ela não sabe, mas sabe que serão todos levados para o Reich. E acrescenta, surpreendentemente: 'Os russos nunca vão nos pegar. O Führer nunca vai permitir. Antes disso ele nos põe na câmara de gás'. Olho em volta, disfarçando, mas ninguém parece achar a frase fora do comum." Dá para sentir que a história, como toda história verdadeira, está incompleta. Devia haver uma outra voz, de preferência feminina, que, suspirando profundamente, respondesse: "E agora todo aquele gás tão bom e tão caro é desperdiçado com judeus!".
ARENDT, Hanna. Eichmann em Jerusalém. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. Pág.127.
ARENDT, Hanna. Eichmann em Jerusalém. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. Pág.127.
Um comentário:
Hummmmmmmmmmmmm, lendo as recomendações da sua discípula...
Esse é o meu garoto!
kkkkkkkkkkkkkkkkk
Bem,então acho que a minha explicação do "Schutzstafeln" foi satisfatória SE perguntada lendo o livro do Eichmann... :)
Para terminar eu recomendo "O valor do Estado e o significado do indivíduo" de Schmitt.
Bão bão
Tá bom, falei demais né?????
hihihi
Beijooooo
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