24 de junho de 2009

A receita de Lula para acabar com a crise do Senado

(Original aqui.)

Receita oferecida por Lula ao Senado para superar a mais grave crise de sua história:

- Ora, se houve alguém no Senado que cometeu um erro de contratar uma pessoa indevidamente, essa pessoa é dispensada, pode-se desculpas à sociedade, muda as normas de contratação e está resolvido. O que não pode é estabelecer processo de paralisia da atuação do legislativo por conta de uma coisa que acontece há 40, 50 anos.

Desconstruindo a receita de Lula:

1. Se houve alguém no senado que cometeu um erro...

A essa altura, é muito cinismo pôr em dúvida se "alguém" no Senado cometeu algum erro. Quer dizer que o senhor presidente da República, depois do que leu nos jornais ou soube por meio dos seus assessores, ainda duvida que "alguém" cometeu algum erro?

Comovente o esforço renovado dele de sempre livrar a cara de aliados ou simpatizantes.

2. Se houve alguém no Senado que cometeu um erro de contratar uma pessoa indevidamente...

Foram cometidos erros aos montes - e a maioria deles já está comprovada. Contudo, Lula tenta reduzir a história quando a ela se refere como contratação indevida de uma ou mais pessoas.

Se os erros se limitassem à contratação indevida de pessoas, a crise do Senado não teria atingido o ponto que atingiu.

3. ...essa pessoa é dispensada, pode-se desculpas à sociedade, muda as normas de contratação e está resolvido.

Quer dizer: para Lula bastaria dispensar os autores do erro, pedir desculpas à sociedade e mudar as normas de contratação para que a paz voltasse a reinar na casa do senhor Sarney.

Ninguém errou sozinho dentro do Senado. E parte dos senadores avalizou e se beneficiou deles.

A faxina que pede o Senado vai muito além de uma mera mudança de normas para contratação de pessoas. Ou simplesmente mudança de normas - por mais abrangentes que elas possam ser.

O Orçamento do Senado, por exemplo, é superior ao orçamento de cidades como Curitiba e Manaus. Isso é escandaloso.

É escandaloso o número de funcionários em cargos de comissão e de funcionários terceirizados.

Salários e benefícios concedidos a funcionários estáveis ou não são outro escândalo.

Tem motorista ganhando no Senado mais de R$ 7 mil mensais. E tem motorista, promovido à condição de analista não sei do quê, ganhando R$ 12 mil para dirigir.

Sem falar da profusão de funcionários fantasmas - que ganham sem trabalhar. E de funcionários a serviço dos senadores em seus respectivos Estados.

O Senado, tal como está organizado hoje, é uma instituição política, jurídica e administrativamente doente. Não pode ser curada à base de receitas simplórias.

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