15 de janeiro de 2007

"Tudo se resume à canalhice do ser humano"

A frase acima não é minha. Tal frase é típica de colega de trabalho que posso, sem medo de errar, chamar de "amigo". É um professor de uma das faculdades nas quais dou aula. Ele sempre fala esta frase quando dá de cara com certas atitudes de pessoas ditas "civilizadas" e que o surpreendem. Geralmente eu tiro sarro desse professor, dizendo pra ele não se preocupar e deixar as coisas pra lá, pois não vale a pena gastar tempo e/ou energia com aqueles que não estão no nosso nível. Mas hoje lembrei-me muito desse professor, e especificamente dessa frase, porque passei por duas situações que realmente me "tiraram do sério", como frequentemente se diz. Duas situações que me deixaram decepcionado, e que, por mais que eu tente ignorar (como sempre digo pra esse amigo fazer), não tô conseguindo.

Ambas as situações se relacionam com um tema de outro post anterior: o fato de que a gente só é "legal" enquanto os outros nos acham úteis. Hoje serei um pouco mais prolixo, creio eu, apesar do adiantado da hora, mas sinto uma necessidade enorme de expor o que está se passando pelo meu cérebro e, especialmente, pelo meu coração. É necessário pôr no papel (ou na tela, ou em bits, sei lá) o que se passa comigo no momento. E, além disso, ainda tenho de ficar uma meia hora aqui até o outro computador terminar as atualizações automáticas, então... Lá vamos nós.

A primeira "surpresa" adveio de um ex-grande amigo meu. Sim, digo "ex-grande amigo", porque depois dessa a coisa já não será mais a mesma. A situação pode parecer simples, mas pra mim é importante. Nesta semana retorno a Brasília, com uma mala grande, cheia de roupas. A mala está leve, mas por ser grande, é incômoda para levar pra casa de ônibus ou de metrô. Então, de maneira singela, na sexta passada deixei um recado no msn desse meu ex-grande amigo pedindo a ele que me desse uma carona da rodoferroviária até Taguatinga, onde moro, devido à mala. Disse a ele que pagaria a gasolina, é claro, e que se ele não pudesse, pra que ele me avisasse, pra eu tentar alguma coisa com outra pessoa. Mandei a mensagem na sexta de manhã, e aí se passou a sexta à tarde, a sexta à noite, o sábado inteiro, o domingo... E nada! Nem uma mensagem pelo msn, nem um e-mail, nem uma mensagem pelo celular. Então eu, muito chato que sou, mandei novamente o pedido pra ele, dessa vez pelo celular -- e vi que a mensagem foi entregue no celular dele, pois eu recebi a confirmação. Mandei o pedido por celular ontem, domingo à noite, e pedi novamente: "Se você não puder, não tem problema algum, mas me avisa". Agora, quando escrevo estas poucas linhas, são 23:10 h de segunda-feira. E até agora nada. Entrei no msn, o cara tá online, falei com ele, mandei uns pedidos de atenção, e o cara não se dignou a nem mesmo responder nada.

Sabe, não vejo problema algum em dizer "não". Eu sei que é extremamente difícil fazer isso. Sei muito bem porque eu mesmo não sei dizer "não", às vezes. Mas, por outro lado, quando realmente não posso fazer algo, digo "não" e não me preocupo muito com o que o outro vai achar. Se eu não posso fazer algo, pra que prometer e decepcionar a pessoa depois? Então eu pergunto: será que seria tão difícil assim pra esse meu ex-grande amigo dizer "não"? Putz, ele já me disse "não" pra tantas outras coisas, tantas outras vezes... Justamente por ser meu amigo, ops, ex-amigo, ele tem liberdade total pra dizer "não" quando quiser! Então, eu realmente não entendo tal comportamento, e me decepciono quando as pessoas agem assim.

Mas o que verdadeiramente me deixa puto não é o "não" ou o "sim", mas é a ausência de resposta. É isso o que mais me irrita, o que mais me aborrece e, no fim, o que mais me faz pensar (e pesar) o que sinto pelas pessoas. Essa ausência de resposta, esse medo (será que é medo?) que os outros têm de enfrentar as coisas me deixa extremamente irritado. Nesse sentido, se algum aluno meu ler isso aqui, não vai me deixar mentir: sou bastante direto quando dá e quando não dá. É só falar! Qual o problema? Mas não, o fulano tem de sumir, fazer de conta que não é com ele, e não dar resposta alguma. Putz, como eu me irrito quando alguém não dá uma resposta!

A segunda situação é com outra pessoa, dessa vez do sexo feminino. A pessoa escreveu certa coisa no orkut dela e eu simplesmente questionei o por quê dessa pessoa não ter me dito isso. Aí a gente entra no msn, a pessoa tá lá, mas a gente fica na nossa, não querendo se passar por chato, e por isso não puxa conversa. Afinal de contas, eu havia questionado essa pessoa: por que ela escreveu isso no orkut e não me falou nada? Não tinha o mínimo de consideração que dissera antes que tinha? Mas, como eu disse, pra não ser chato, não ser "grudento", eu fiquei na minha. Aí, depois de uns 15 min sem a pessoa nem mesmo te dar "oi", você vai e puxa conversa com a pessoa. E aí -- que coincidência! -- a pessoa fala aquelas lorotas básicas ("Oi, tudo bem, como você tá? Eu tô bem, sem novidades") e em seguida diz "Ah, me desculpe, mas eu preciso sair agora". É coincidência demais, não acham? Quer dizer, você tá lá quietinho e a pessoa não precisa sair do msn. Aí, quando você resolve falar com ela, a pessoa se lembra de que tinha de fazer algo e sai do msn. "Engraçado", eu diria.

Engraçado, se não fosse trágico. Como eu disse no início, essas duas situações podem parecer extremamente simples pra quem estiver lendo, mas pra mim foram importantes. Importantes não pela situação em si, mas por serem situações desagradáveis -- a indiferença -- de duas pessoas em relação a mim. Mais que isso, o que me deixou chateado não foi o fato de a indiferença ter sido em relação a mim, mas o fato de que foram estas duas pessoas, por quem eu tenho (ou melhor, tinha) um respeito e carinho muito grande, que fizeram isso. Se tivessem sido outras pessoas a me ignorarem, eu não estaria nem aí. Mas por serem estas duas pessoas, com as quais eu compartilhei um pouco da minha vida, que agiram assim, isso que me decepciona ainda mais.

E aí, ao me decepcionar com pessoas que eu chamaria de "próximas", num primeiro momento fico surpreso, num segundo momento fico chateado e, num terceiro momento, fico com ódio. Eu sei que não é muito bonitinho dizer que sinto ódio, mas fazer o que? Não há como negar isso. Dá vontade de sair sendo escroto com tudo e com todos também. Não querem ser assim? Então aguentem! E ódio é o que eu estou sentindo neste exato momento. Mas vocês que estão lendo, não se preocupem. O ódio passa, fica "apenas" a indiferença e, às vezes, um certo sentimento de vingança (ser vingativo era uma característica extremamente forte da minha personalidade. Atualmente já não sou assim, mas às vezes há certos picos de vontade de ser vingativo). Ah, e quando sou vingativo... Adoro-me mais ainda quando sou vingativo! Um dia, quem sabe, contarei a vingança que fiz com uma ex-namorada (alguns sabem da história). Atualmente não faria do mesmo jeito, mas ainda assim me vanglorio um pouquinho do que fiz (por mais vergonhoso que possa ser para alguém se vangloriar de um ato ruim).

Enfim, voltando ao que importa, fato é que, nos momentos em que vejo pessoas próximas agindo de tal forma para comigo, lembro-me da frase do meu amigo professor. Realmente, "tudo se resume à canalhice do ser humano". Só tenho tais palavras para descrever estas duas pessoas: são duas canalhas. No sentido bizarro mesmo, são canalhas porque se fazem (ou se faziam) passar por minhas amigas, mas na hora do "vamos ver" dão pra trás e me tratam desta forma indiferente, desta forma superficial. Demonstram pra mim o quão fracas são, por terem medo de enfrentarem uma situação que, por mais delicada que possa ser, tem de ser enfrentada -- no caso de um, dizer o por quê da impossibilidade de uma eventual carona, e no caso de outra, dizer simplesmente "sim, estou namorando sim", e pronto. Tão simples isso... Pelo menos pra mim é. E, além de ser simples, é "útil", pois assim deixa tudo bem claro pra todas as pessoas. Não entendo, acho que sou descendente mesmo de europeus, especialmente alemães ou russos, que dizem tudo que pensam na lata, sem medo de magoar os outros. Preferem a sinceridade à falsidade, preferem fazer o outro sofrer por uma realidade dura, porém imutável, do que fazer o outro sofrer por uma realidade bonitinha, mas falsa. E eu concordo plenamente com eles: é tão mais produtivo enfrentar as situações da vida, os problemas e desafios de frente, do que criar subterfúgios para deixar tudo pra depois, porque depois a gente vê como fica... São fracos, são infantis, são incapazes de se portarem como pessoas dignas daquilo que são ou que querem ser! Seres ignóbeis, que não merecerão nem um pingo da minha consideração a partir de hoje.



Pra terminar um pouco mais bem-humorado, quero mudar os sentimentos: da raiva/ódio, quero passar para a tristeza. Logo estarei retornando pra Bsb, e sei que, pelo menos por uns dias, sentir-me-ei extremamente triste por estar sozinho, sem a companhia da minha família. Publico aqui uma foto do meu irmão, de quem talvez sentirei ainda mais falta justamente por não ter tido tanto contato com ele quanto eu queria. Amo meu irmão! Como sempre, sentirei saudades de você, meu querido!

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi meu gatão! Que bom que ainda esta vivo! :)
Você anda muito decepcionado, estou ficando preocupado com o meu Chu!

Manda noticias homi!

Beijão!