17 de fevereiro de 2007

O que é a justiça?

Não há uma resposta exata para tal pergunta. No entanto, com o objetivo de trazer certa luz a tal pergunta, irei colocar alguns excertos de alguns autores sobre o tema. O primeiro deles é um dos meus preferidos: Platão. Em seu livro "A República", Platão trata do tema de maneira a buscar a justiça para a cidade ideal. Abaixo, algumas poucas frases sobre o assunto. (Os números entre parênteses se referem ao número da página da qual a citação foi retirada. Referências: PLATÃO. A República. São Paulo: Ed. Martin Claret, 2003)

O que é justiça?

  • Consiste na verdade e em restituir aquilo que se tomou de alguém ou que essas mesmas coisas, umas vezes é justo, outras injusto fazê-las? (Pág. 15).
  • O pensamento de Simônides era, aparentemente, que a justiça consistia em restituir a cada um o que lhe convém, e a isso chamou ele restituir o que é devido (...). A justiça consiste em fazer bem aos amigos e mal aos inimigos? (Pág. 17).
  • A justiça é inútil quando nos servimos dela, e útil quando não nos servimos. (...) Então a justiça não poderia ser uma coisa lá muito importante, se se dá o caso de ser útil para as coisas que não são utilizadas. (Pág. 19).
  • A justiça é uma espécie de arte de furtar, mas para vantagem de amigos e dano de inimigos. (Pág. 19).
  • É justo fazer bem a um amigo bom e mal a um inimigo mau? (Pág. 21).
  • O homem justo é bom? – Absolutamente. – Então, Polemarco, fazer mal não é a ação do homem justo, quer seja a um amigo, quer a qualquer outra pessoa, mas, pelo contrário, é a ação de um homem injusto. (...) Em caso algum nos pareceu que fosse justo fazer mal a alguém. (Pág. 21-22).
  • Trasímaco: Cada governo estabelece as leis de acordo com a sua conveniência: a democracia, leis democráticas; a monarquia, monárquicas; e os outros, da mesma maneira. Uma vez promulgadas essas leis, fazem saber que é justo para os governos aquilo que lhes convém, e castigam os transgressores, a título de que violaram a lei e cometeram uma injustiça. Aqui tens, meu excelente amigo, aquilo que eu quero dizer, ao afirmar que há um só modelo de justiça em todos os estados, o que convém aos poderes constituídos? Ora, estes é que detêm a força. De onde resulta, para quem pensar corretamente, que a justiça é a mesma em toda a parte: a conveniência do mais forte. (Pág. 25).
  • Nenhum chefe, em qualquer lugar de comando, na medida em que é chefe, examina ou prescreve o que é vantajoso a ele mesmo, mas o que o é para o seu subordinado, para o qual exerce sua profissão, e é tendo esse homem em atenção, e o que lhe é vantajoso e conveniente, que diz o que diz e faz tudo quanto faz. (Pág. 30).
  • O justo revela-se-nos como bom e sábio, e o injusto, como ignorante e mau. A justiça é virtude e sabedoria, e a injustiça maldade e ignorância. (Pág. 38).
  • A injustiça parece ter uma força tal, em qualquer entidade em que se origine, quer seja um estado qualquer, nação, exército ou qualquer outra coisa, que, em primeiro lugar, a incapacita de atuar de acordo consigo mesma, devido às dissensões e discordâncias; e, além disso, tornam-na inimiga de si mesma e de todos os que lhe são contrários e que são justos. (Pág. 40).
  • Diremos também que existe uma virtude da alma? – Sim. – Então, Trasímaco, a alma algum dia desempenhará bem as suas funções, se for privada da sua virtude própria, ou é impossível? – É impossível. – Logo, é forçoso que quem tem uma alma má governe e dirija mal, e quem tem uma boa, faça tudo isso bem. – É forçoso. – Não concordamos que a justiça é uma virtude da alma, e a injustiça, um defeito? – Concordamos, efetivamente. – Então, a alma justa e o homem justo viverão bem, e o injusto, mal. – Assim parece, segundo o teu raciocínio. – Mas sem dúvida o que vive bem é feliz e venturoso, e o que não vive bem, inversamente. – Como não? – Logo, o homem justo é feliz, e o injusto é desgraçado. – Seja – respondeu. – Contudo, não há vantagem em se ser desgraçado, mas sim em se ser feliz. – Como não? – Então jamais a injustiça será mais vantajosa do que a justiça, ó bem-aventurado Trasímaco! (Pág. 42-43).

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