É esta a palavra que veio à mente quando li a entrevista de D. Geraldo Majella, futuro ex-presidente da CNBB. Leiam a entrevista aqui.
Que me perdoem os extremamente católicos, mas é sim um absurdo. Apesar de não ser católico, fui criado sob os preceitos de tal religião, e conheço um pouquinho a ideologia por trás da entrevista.
Entretanto, o que considero absurdo não é o teor ideológico da entrevista, mas o teor prático da mesma. Quatro temas chamam a atenção: 1) O aborto; 2) As células-tronco; 3) A camisinha; 4) O governo Lula.
Em relação aos dois primeiros pontos, por enquanto não direi nada, até mesmo porque não tenho opinião 100% formada (apesar de ter a tendência de ser contra o primeiro e a favor do segundo). O que me surpreende é a cara-de-pau de d. Majella (perdoem-me os católicos) ao dizer, com outras palavras, que não sabe por quê é contra, mas simplesmente é contra o governo fazer propaganda a favor da camisinha. Copiei e colei o trecho logo abaixo:
Eu não acho que as crianças devam ser "liberadas" para fazerem sexo quando quiserem. Gostaria muito que as crianças de hoje aproveitassem sua infância e adolescência do mesmo jeito que eu aproveitei, brincando muito e curtindo um período que, depois, não volta mais. Mas, ao mesmo tempo, é inegável que é função do governo ser prático e pragmático: se há crianças transando, estas devem ser educadas para evitar que a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis se disseminem no Brasil como aconteceu na África.
O segundo item é sobre o governo Lula. Para além das críticas feitas por d. Majella (discutíveis), chama-me a atenção de forma negativa o fato de que -- parece-me -- o religioso se esqueceu de que o Brasil é um estado laico. Vejam:
Ora, quem é capaz de definir quais são "os verdadeiros valores que contam para a vida"? A Igreja Católica? Imaginemos que o presidente do Brasil fosse muçulmano ou budista, e resolvesse pôr em prática preceitos de tais religiões aqui no Brasil. Será que a Igreja Católica chamaria tais preceitos de "verdadeiros valores que contam para a vida"? Ou são "verdadeiros valores" aqueles que ela mesma defende? Outro exemplo do absurdo que este religioso fala:
Com o perdão do trocadilho: meu Deus! Em que mundo este sujeito acha que vive? No século XV? Repito: não que as crianças (e pessoas em geral) devam sair transando a torto e a direito, mas ao estado caberia apenas a função de educação científica sim! Caímos aqui no conteúdo do post anterior: o que é uma educação que prime pelo "verdadeiro amor"? Qual é uma educação que "induz à promiscuidade"? Poderíamos até mesmo questionar o científico: quais são os critérios para se dizer que uma educação é científica e/ou religiosa?
Enfim, são questionamentos que quis fazer em relação a esta entrevista porque ela me fez pensar -- mais uma vez -- na relatividade dos conceitos com os quais lidamos. E vejam, não são conceitos científicos, rígidos, de difícil compreensão; são conceitos cotidianos, com os quais temos contato o tempo todo -- e que, por isto mesmo, são os mais difíceis de "decifrar".
Cada vez mais me convenço de que, realmente, preciso estudar pra valer a teoria da relatividade do Einstein. Acho que só aquele "louco" conseguiu entender perfeitamente esta idéia de como tudo é relativo.
Que me perdoem os extremamente católicos, mas é sim um absurdo. Apesar de não ser católico, fui criado sob os preceitos de tal religião, e conheço um pouquinho a ideologia por trás da entrevista.
Entretanto, o que considero absurdo não é o teor ideológico da entrevista, mas o teor prático da mesma. Quatro temas chamam a atenção: 1) O aborto; 2) As células-tronco; 3) A camisinha; 4) O governo Lula.
Em relação aos dois primeiros pontos, por enquanto não direi nada, até mesmo porque não tenho opinião 100% formada (apesar de ter a tendência de ser contra o primeiro e a favor do segundo). O que me surpreende é a cara-de-pau de d. Majella (perdoem-me os católicos) ao dizer, com outras palavras, que não sabe por quê é contra, mas simplesmente é contra o governo fazer propaganda a favor da camisinha. Copiei e colei o trecho logo abaixo:
BBC Brasil - Outro ponto polêmico é o uso de preservativos. Há pouco tempo, surgiu a possibilidade de a Igreja vir a permitir o uso da camisinha entre casais casados para evitar a Aids. Qual é a orientação que um padre brasileiro deve dar a um casal quando um dos dois tem a doença, que não tem cura, e cuja contaminação pode ser evitada com o uso do preservativo?
Dom Geraldo - Se é que vão vir novas orientações da Santa Sé - nós não recebemos nada. Nós procuramos não ter saídas fáceis para todos os problemas que acontecem. É importante levar as pessoas a tomar uma consciência de que é preciso ter sempre os cuidados para não dizer simplesmente o único remédio é este.Em outras palavras: "não sei como resolver o problema, mas não pode ser deste jeito". Não pode usar camisinha, mas não tem como solucionar o problema da AIDS. Cada vez mais e mais crianças fazem sexo, mas não se pode ensiná-las a usar a camisinha porque "incita à promiscuidade"... Ora, então por que a Igreja Católica não abre mão de seus vastíssimos recursos financeiros (leiam a reportagem de capa da revista Época da semana passada e verão do que estou falando) para ajudar os aidéticos? É muito fácil meter o pau no governo por fazer propaganda e, ao mesmo tempo, esquivar-se de ajudar aqueles que precisam: "Não, a gente sabe que a Saúde deve socorrer todos os casos de acidentes" ("Saúde" com letra maiúscula, ou seja, Saúde pública).
Eu não acho que as crianças devam ser "liberadas" para fazerem sexo quando quiserem. Gostaria muito que as crianças de hoje aproveitassem sua infância e adolescência do mesmo jeito que eu aproveitei, brincando muito e curtindo um período que, depois, não volta mais. Mas, ao mesmo tempo, é inegável que é função do governo ser prático e pragmático: se há crianças transando, estas devem ser educadas para evitar que a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis se disseminem no Brasil como aconteceu na África.
O segundo item é sobre o governo Lula. Para além das críticas feitas por d. Majella (discutíveis), chama-me a atenção de forma negativa o fato de que -- parece-me -- o religioso se esqueceu de que o Brasil é um estado laico. Vejam:
BBC Brasil - O senhor acha que as políticas do governo para educação incentivam só educação sexual e deveriam ter talvez algum aspecto de educação religiosa?
Dom Geraldo - Os verdadeiros valores que contam para a vida. Se não houver o respeito à justiça, o respeito à dignidade, à fraternidade, à solidariedade, nós não vamos formar pessoas que queiram construir uma sociedade de respeito umas com as outras.
Ora, quem é capaz de definir quais são "os verdadeiros valores que contam para a vida"? A Igreja Católica? Imaginemos que o presidente do Brasil fosse muçulmano ou budista, e resolvesse pôr em prática preceitos de tais religiões aqui no Brasil. Será que a Igreja Católica chamaria tais preceitos de "verdadeiros valores que contam para a vida"? Ou são "verdadeiros valores" aqueles que ela mesma defende? Outro exemplo do absurdo que este religioso fala:
(...) eu vejo que a educação, não é só promover a pessoa, é algo mais profundo. Não só passar informações científicas, mas formar a pessoa para a vida. Isso deve ser desde pequeno. Uma educação que seja de qualidade, com bons professores. Porque, como aconteceu, favorecer uma educação, para quê? Para estimular a precocidade da criança, do adolescente, como no caso da camisinha. Será que isso é educativo? Isso é mau educativo, isso é mau informativo, é induzir todos à promiscuidade. Isso não é respeito à vida, nem ao verdadeiro amor.
Com o perdão do trocadilho: meu Deus! Em que mundo este sujeito acha que vive? No século XV? Repito: não que as crianças (e pessoas em geral) devam sair transando a torto e a direito, mas ao estado caberia apenas a função de educação científica sim! Caímos aqui no conteúdo do post anterior: o que é uma educação que prime pelo "verdadeiro amor"? Qual é uma educação que "induz à promiscuidade"? Poderíamos até mesmo questionar o científico: quais são os critérios para se dizer que uma educação é científica e/ou religiosa?
Enfim, são questionamentos que quis fazer em relação a esta entrevista porque ela me fez pensar -- mais uma vez -- na relatividade dos conceitos com os quais lidamos. E vejam, não são conceitos científicos, rígidos, de difícil compreensão; são conceitos cotidianos, com os quais temos contato o tempo todo -- e que, por isto mesmo, são os mais difíceis de "decifrar".
Cada vez mais me convenço de que, realmente, preciso estudar pra valer a teoria da relatividade do Einstein. Acho que só aquele "louco" conseguiu entender perfeitamente esta idéia de como tudo é relativo.
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