6 de junho de 2007

Ocupação israelense completa 40 anos sem solução

(Original aqui)

Há 40 anos, o então jovem Estado de Israel, festejava o que, naquela época, parecia ser uma vitória fulminante contra os paises árabes.

Porém, 40 anos depois, essa vitória pode se configurar como uma tragédia. Em seis dias, de 5 a 10 de junho de 1967, o Exército israelense venceu os exércitos do Egito, da Jordânia e da Síria e ocupou os territórios palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza, o deserto egípcio do Sinai e as colinas sírias do Golã.

O governo israelense daquela época, liderado pelo Partido Trabalhista, anunciou que não tinha intenções de manter os territórios ocupados e que esses serviriam como “cartas para a negociação, com o objetivo de assinar um acordo de paz geral com o mundo árabe”.

Quarenta anos depois, Israel continua ocupando grande parte das tais “cartas” – exceto o deserto do Sinai, que foi inteiramente devolvido ao Egito depois do acordo de Camp David, assinado pelo primeiro-ministro israelense Menahem Begin e pelo presidente egípcio Anuar Saadat, em 1979.

Colonização

Os territórios que Israel “não tinha intenções de manter” foram colonizados e parte deles – as colinas do Golã e Jerusalém Oriental – foi anexada por lei.

Hoje mais de 450 mil cidadãos israelenses moram nos territórios ocupados por Israel em 1967.

Cerca de 250 mil deles são colonos residentes em mais de 150 assentamentos que pontilham toda a Cisjordânia. Outros 200 mil moram nos bairros israelenses construídos na parte oriental de Jerusalém (reivindicada pelos palestinos como capital de um futuro Estado Palestino).

Cerca de 15 mil estão em assentamentos nas colinas do Golã (a Síria exige a devolução do Golã como condição para um acordo de paz com Israel).

Faixa de Gaza

Os 8 mil colonos israelenses que moravam em assentamentos na Faixa de Gaza foram retirados em 2005, porém Israel continua controlando totalmente essa região.

Todas as entradas e saídas de pessoas e mercadorias da Faixa de Gaza são controladas por Israel, assim como o espaço aéreo e marítimo.

Os quase 4 milhões de palestinos da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza vivem sob ocupação militar há quatro décadas.

O sonho de um Estado Palestino independente e viável não se concretizou, e não há sinais de que a criação desse Estado esteja se aproximando.

Acordo de Oslo

Durante estes 40 anos de ocupação, em um momento parecia haver uma chance de paz entre Israel e seus vizinhos: em 1993, quando o primeiro-ministro Yitzhak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat assinaram os Acordos de Oslo.

Naquela época, Rabin afirmou que a paz era mais importante do que os territórios. Porém dois anos depois, em dia 4 de novembro de 1995, Rabin foi assassinado por um fundamentalista israelense que considerava a devolução das terras aos palestinos uma afronta ao próprio “Deus que havia prometido essas terras ao povo de Israel”.

Os Acordos de Oslo fracassaram. Quatorze anos depois, palestinos e israelenses continuam envolvidos em um conflito sangrento, sem perspectivas aparentes de qualquer avanço significativo.

Os moderados e seculares do Fatah, que apoiaram o acordo de paz com Israel, se enfraqueceram. Em 2004, morreu Yasser Arafat, o líder que conduziu os palestinos ao acordo e chamava Yitzhak Rabin de "meu parceiro corajoso".

Pouco depois, em janeiro de 2005, o grupo islâmico Hamas, responsável por dezenas de ataques suicidas contra civis israelenses, ganhou as eleições para o Parlamento palestino.

Governo enfraquecido

Em Israel, o governo atual é composto por uma coalizão na qual o Partido Trabalhista, que assinou o acordo com os palestinos, é minoria.

As pesquisas de opinião em Israel indicam que o governo de Ehud Olmert ficou completamente desacreditado depois da Segunda Guerra do Líbano, em 2006.

Segundo essas pesquisas, se as eleições fossem realizadas hoje, o próximo primeiro-ministro de Israel seria o líder do Likud, o ex-premiê direitista Binyamin Netanyahu. Seu principal parceiro na coalizão governamental seria Avigdor Liberman, líder do partido de extrema direita Israel Beiteinu e atual ministro para assuntos estratégicos.

Uma coalizão Likud/Israel Beiteinu dificilmente levaria os israelenses a abrirem mão dos territórios ocupados.

Tanto em Israel como nos territórios palestinos, se fortalecem as lideranças que se opõem a um acordo histórico entre os dois povos. Depois de 40 anos de ocupação, ainda não parece haver luz no fim do túnel, nem para os israelenses nem para os palestinos.


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