3 de abril de 2008

Idéias platônicas

Eu estava indo dormir. Juro que estava! Já tinha feito a minha postagem final falando do meu querido São Paulo, que ganhou mais uma (e que é líder isolado de seu grupo na Libertadores). Já tinha escovado os dentes. Já tinha tirado tudo de cima da cama. Eu ia dormir mesmo!

Mas como sou meio viciado em internet, resolvi dar aquela última olhada no msn. E aí dou de cara com a frase abaixo:

"Prefiro acreditar que não nos dissemos adeus, mas que nos separamos para que o destino nos dê um reencontro feliz!!!"

"Oh céus", automaticamente eu pensei. Por que as pessoas insistem em viver em suas ilusões de "um dia meu amor voltará pra mim" (com sua variante "um dia o amor que eu quero chegará até mim") ao invés de enfrentarem a realidade nua e crua?

Por que viver acreditando na possibilidade de algo que não existe? Por que viver tomando decisões com base em expectativas que podem nunca ser atingidas? Pra que viver em sofrimento, pensando "ah, seria tão bom se fulano estivesse aqui comigo..."

Seria bom se fulano estivesse, mas fulano não está! É possível fazer fulano estar comigo agora? Não. Então vou viver no mundo dos sonhos, pensando no ideal, ou vou ver na realidade, trabalhando com o que tenho em mãos e, mais importante ainda, sem expectativas sobre o que vai vir no futuro? Vou viver com base na realidade palpável ou vou viver com base em algo que não existe?

Tá certo que eu me considero uma pessoa platônica, e não aristotélica -- o que implica o fascínio pelo mundo das idéias, no qual tudo é perfeito. No entanto, assim como Platão, eu não vivo na expectativa do futuro: Platão tinha sua Teoria das Idéias, mas sabia que o importante era lidar com a realidade atual da pessoa para que ela, por meio desta mesma realidade atual, tentasse trazer as Idéias para o Mundo Material, melhorando este último com base naquele primeiro (já que no Mundo das Idéias tudo seria perfeito). Uma coisa é a pessoa transferir sua vida para expectativas não vividas e embasar-se em esperanças (muitas vezes vãs); outra coisa é a pessoa saber que há um Ideal a ser atingido e trabalhar para que este Ideal venha ao seu encontro.

"No futuro haverá um encontro feliz"... Quanto blá-blá-blá!


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