31 de março de 2007

O dólar é barato

Por Carlos Alberto Sardenberg

E o dólar, hein?

Não tem como encarecer. O dólar caro do passado refletia a situação de uma economia que tinha pesados compromissos na moeda americana (importações a pagar, juros e dívida a amortizar) e, ao mesmo tempo, uma fraca capacidade de gerar dólares. Ou seja, o dólar era caro porque era escasso. E porque a confiança na economia brasileira, por causa mesmo dessa vulnerabilidade, era menor.

O cenário hoje é exatamente o contrário. O país tem uma enorme capacidade de gerar dólares (exportações anuais de US$ 140 bilhões, investimentos diretos que podem chegar a 20 bilhões ao ano, mais as aplicações em mercado financeiro e, finalmente, os dólares enviados por brasileiros que trabalham lá fora).

Quando o dólar custava mais de três reais, as reservas do Banco Central brasileiro eram de US$ 35 bilhões, as exportações, de US$ 60 bilhões, o superávit comercial mal aparecia, e a dívida externa era de US$ 220 bilhões.

Agora estamos no terceiro ano seguido de superávit em torno dos US$ 45 bilhões; as reservas chegam a US$ 110 bilhões e a dívida caiu para US$ 150 bilhões. Sendo que a dívida pública não chega a US$ 80 bilhões. Ou seja, o governo hoje é credor em dólares.

Com tudo isso, cai o risco de aplicar e emprestar ao Brasil. Governo e companhias privadas tomam empréstimos no exterior a juros cada vez menores – e é mais dólar que entra.

O dólar não está barato, o dólar é barato.


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