31 de janeiro de 2007

Término do livro


Esqueci-me de escrever aqui: na segunda, dia 29, terminei de ler o livro de Metodologia científica que comecei a ler no dia 26. Agora estou me dedicando apenas ao do Steve Berry, que tem 475 páginas. Hoje, em duas horas e 10 minutos, li 140 páginas dele. É muito bom e a leitura é muito fácil, então vai rápido. E preciso retomar a leitura do livro de filosofia, que é interessante, mas ao mesmo tempo maçante. Mais tarde escrevo mais, se der.

Satisfação

Hoje, mais três pessoas disseram que lêem meu blog. E, mais que isso, elogiaram-no, dizendo que no mesmo existem coisas relevantes e que foram interessantes, em algum momento, para estas pessoas. Sem querer desmerecer ninguém, chamou-me a atenção o elogio recebido de uma destas três pessoas, por quem passei a ter um olhar diferente nestes últimos dois meses.

Fico satisfeito não pela questão do ego inflado, pois pra isso não tô nem aí (sei que quase todos vão dizer que é o contrário, mas também não tô nem aí pro que vão dizer). Sinto-me satisfeito porque, como disse a esta pessoa especial, acredito que a função deste blog é permitir que eu possa repassar o conhecimento que tenho a todos. Sinto-me extremamente satisfeito em contribuir para com o crescimento intelectual, moral, ético, religioso, acadêmico, pessoal ou de qualquer outro tipo das demais pessoas. Sinto-me satisfeito quando percebo que estou sendo útil, quando vejo que estou contribuindo com alguma coisa -- este, aliás, foi o motivo que me fez tornar-me professor. Assim, ao receber este elogio desta pessoa especificamente, senti-me extremamente recompensado por gastar estes minutos por aqui escrevendo este monte de coisa! Espero que mais pessoas visitem meu blog e que possam, de uma forma ou de outra, aprender com o que está aqui -- não que eu seja dono da verdade, mas uma vez que lemos alguma coisa, quer concordemos ou não, estamos sempre aprendendo mais e mais.


Finalmente algo sensato

Eu não gosto do nosso ministro da fazenda, Guido Mantega. Eu o considero desenvolvimentista demais, e realmente tenho um receio muito grande de que, se as "vontade políticas" dele fossem postas em prática, o Brasil perderia um pouco da sua atual estabilidade na esfera econômica. Sempre gostei do ex-ministro Pallocci, e agora que este está fora do governo, a última esperança está nas mãos do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

No entanto, na última segunda-feira o ministro "deu uma dentro": frente às diversas pressões divulgadas na mídia de que "o Brasil precisa crescer mais e seguir o ritmo de China, Índia e Rússia", o ministro afirmou que o Brasil não precisa crescer tanto quanto tais países. Copiei a matéria do site da BBC logo abaixo.

Surpreendi-me com tal frase não pelo que ela possa ter de polêmica -- de que o Brasil não precisa crescer tanto --, mas por ela ter vindo de quem veio. Nunca imaginei que o ministro Mantega fosse capaz de fazer tal declaração. No entanto, como não nasci ontem, não me deixo enganar: sei muito bem que ele diz isso devido ao cargo que ocupa e à orientação que o presidente Lula ainda segue -- a de Henrique Meirelles e de Antonio Pallocci. O ministro Mantega, por sua vez, sempre que pode dá uma alfinetada nos demais membros da equipe econômica, como fez na segunda passada, durante o lançamento do PAC.

A meu ver, o ministro "mandou bem" por um motivo muito simples, citado por ele na reportagem: os demais três países (China, Índia e Rússia) estão em graus de industrialização atrasados, em comparação com o Brasil. A China cresce porque só nos últimos 25 anos que começou a se industrializar. Além disso, tendo uma classe média de mais ou menos 250 a 300 milhões de habitantes, é claro que vai crescer (vale notar, entretanto, que proporcionalmente à sua população, a classe média chinesa é bem menor que a brasileira). Então, com tanta gente consumindo e com necessidade de atualizar e modernizar seu parque industrial, é claro que a China vai crescer. A Índia está mais ou menos na mesma situação: 60% de sua economia vem da agricultura, 12% da indústria e 28% dos serviços, enquanto no Brasil a proporção é, respectivamente, de 8%, 38% e 54%. A Rússia está também em recuperação: se considerarmos que de 1990 a 1998 o PIB russo "cresceu" -7,2% ao ano (ou seja, na verdade diminuiu durante toda a década de 1990), a média atual entre 1999 e 2006, de 6,7% ao ano, nada mais é do que uma recuperação do que foi perdido. Além disso, vale lembrar que a Rússia é a maior produtora mundial de petróleo e a maior (ou segunda maior, não me lembro) produtora mundial de gás natural. Ora, é claro que países assim irão crescer, e muito, e neste sentido a declaração do ministro é totalmente válida.

Não quero dizer com isto que a economia brasileira está "a mil maravilhas". De forma alguma. É claro que diversos ajustes precisam ser feitos, e é claro que o Brasil tem espaço para crescer mais do que está crescendo. Mas vale lembrar que os países desenvolvidos, especialmente europeus, ficam extremamente felizes quando crescem 2% ao ano. Por que? Porque são economias consolidadas, desenvolvidas, nas quais não tem mais muito espaço pra crescer. E é inegável que o Brasil, dos países em desenvolvimento, é um dos que tem o parque industrial mais desenvolvido. Então, é claro que o país pode crescer mais, pode se desenvolver mais, mas sem esta verdadeira "neura" que a imprensa brasileira vem tendo neste início de ano no sentido de "crescer a todo custo". Tentativas de crescer de qualquer jeito já foram feitas inúmeras vezes em nosso país, e a coisa sempre foi buraco abaixo. É melhor, portanto, ter um crescimento moderado, porém constante, do que crescer muito em um período e nada, ou até mesmo ter crescimento negativo, em outro.

29 de janeiro, 2007 - 20h56 GMT (18h56 Brasília)

Rogério Wassermann
De Londres

Mantega: Brasil não precisa crescer como Índia e China

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira em Londres que o Brasil não tem condições nem precisa crescer nos mesmos níveis da Índia e da China.

"Não precisamos crescer a 10% ao ano e nem temos condições para isso", afirmou Mantega.

O ministro argumentou que só países com mercados consumidores internos relativamente pouco desenvolvidos e num estágio menos avançado de industrialização conseguem crescer a taxas tão elevadas.

Mantega sugeriu que o Brasil está partindo de um estágio econômico mais avançado e usou uma metáfora automobilística para falar do crescimento brasileiro.

"Agora temos um carro melhor com uma estrada boa e podemos aumentar a velocidade de 80 km/h para 120 km/h."

Investimentos

Em relação aos investimentos públicos, o ministro da Fazenda disse que, embora o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) projete um aumento dos atuais 0,6% para 1,1% do PIB em 2007, esse porcentual pode chegar a 2% ou 2,5% se somados os investimentos das empresas estatais.

Segundo Mantega, apesar de a taxa de investimentos públicos ser de cerca de 10% na Índia e na China, "não cabe às condições do Brasil algo dessa magnitude".

O ministro descartou também comparações com a Argentina, que segundo ele, conseguiu ter elevadas taxas de crescimento nos últimos anos apenas porque está se recuperando da crise de 2001/2002.

"Temos que olhar as nossas condições e objetivar o máximo possível", disse o ministro.

"Com um crescimentom médio de 5% ao ano, será possível gerar empregos, fortalecer o mercado interno e o Brasil se tornar uma das maiores economias do mundo."

Encontro com Gordon Brown

Mantega reuniu-se nesta segunda-feira com o ministro das Finanças britânico, Gordon Brown, na residência oficial do britânico, no número 11 da Downing Street.

Segundo Mantega, o principal objetivo no encontro com Brown foi conhecer o sistema de confecção do Orçamento introduzido há dez anos pelos trabalhistas britânicos, e que permite ao governo aumentar seus gastos com investimentos sem comprometer o equilíbrio fiscal.

As regras adotadas na Grã-Bretanha na década passada determinam que o governo não pode se endividar a não ser para custear investimentos e estabelecem um teto para o endividamento público.

No caso do Brasil, disse Mantega, o governo não pretende se endividar para custear investimento. "O Brasil teve que conquistar a confiança dos investidores e não tem como fazer o mesmo que a Grã-Bretanha", afirmou o ministro.

Segundo ele, os dois governos coincidem na filosofia de que o investimento é um ativo, não um passivo.

"O modo de implementar é diferente, porque não vamos aumentar endividamento. Os dois governos concordam que o Estado precisa fazer mais investimentos não para substituir o setor privado, mas para melhorar as condições criadas pela globalização"

O conceito já foi utilizado em parte na confecção do PAC, que destina meio ponto percentual do PIB para investimentos considerados essenciais sem que esse gasto seja deduzido das contas para o superávit primário.

Mantega diz ter conversado com Brown também sobre a Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), relançada neste fim de semana durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Brown teria reiterado a intenção do governo britânico de contribuir para o sucesso das negociações.

Além disso, os dois trataram das Parceria Público Privadas, as PPPs, outro conceito britânico que serviu de modelo ao governo brasileiro.

Mantega e Brown discutiram, por exemplo, a dificuldade de estabelecer uma remuneração justa os investidores privados.

Finalmente, os ministros concordaram com a formação de um grupo técnico regular de discussões entre Grã-Bretanha e Brasil para tratar de iniciativas comuns, incluindo a proposta de um fundo internacional de vacinação.

Gordon Brown é considerado o provável sucessor do atual primeiro-ministro, Tony Blair, quando este deixar o cargo neste ano.


Mais um filme

Hoje eu estava meio desanimado pra escrever. Até pensei umas duas ou três vezes no blog durante o dia, pensei em escrever algo, mas "escrever o que?" Estava sem inspiração e, além disso, estava com a mente ocupada montando os planos de ensino de todas as minhas turmas deste semestre (já que as aulas recomeçam na próxima segunda-feira, dia 5). No entanto, nada como ver um filme intelectualmente instigante para fazer com que as idéias passassem a borbulhar na minha cabeça a ponto de me fazerem vir aqui para escrever às 23 h, quando eu gostaria de estar entrando no banho.

O tema sobre o qual vou falar um pouco hoje tem sido recorrente na mídia desde o início do ano: mudanças climáticas. Já senti vontade de escrever sobre isto antes, mas achei que seria apenas "mais um", já que quase todo dia passavam notícias no Jornal Nacional e, em todos os domingos, tá passando uma série de reportagens sobre o tema no Fantástico. Mas, após ver o filme, resolvi escrever um pouco não especificamente sobre mudanças climáticas (apesar de que eu vou colocar umas coisinhas mais pro final do texto), mas mais sobre a questão política que está subjacente à questão climática.

O nome do filme do dia é "Uma verdade inconveniente". O filme é apresentado pelo Al Gore, ex-vice presidente dos Estados Unidos durante o período Clinton (1992-2000). Foi derrotado (injusta e incorretamente, na minha modesta opinião) nas eleições de 2000 pelo atual presidente dos EUA, George W. Bush (também conhecido como "mula" ou "jumento", se bem que isto é ofender os pobres dos animaizinhos). Uma análise do filme pode ser lida clicando-se aqui (apesar de que, pela primeira vez, não gostei muito da análise deste site).

O filme gira em torno, obviamente, das mudanças climáticas. Este filme esteve em cartaz nos cinemas brasileiros no final do ano passado, mas não sei precisar por quanto tempo (pois, assim que o filme entrou, eu viajei para MG e meio que perdi o contato com o mundo, hehehe). Eu não havia visto o filme no cinema, mas tinha ouvido (e lido) diversos comentários positivos sobre o mesmo. Sendo assim, peguei o filme e o assisti no final da tarde/início da noite de ontem.

O filme foi feito para chocar. Durante quase todo a sua duração, Al Gore joga no telão estatísticas e mais estatísticas provando por A + B que o gás carbônico realmente causa o efeito estufa e que este, por sua vez, causa mudanças climáticas que poderão ser irreversíveis. Uma destas estatísticas mostra que, se metade da Groenlândia e metade da parte ocidental da Antártida derreterem, mais de 100 milhões de pessoas no mundo ficarão desabrigadas por causa do aumento do nível dos mares (isto, é claro, sem contar o que os outros bilhões de pessoas sofrerão com tempestades e/ou secas, furacões e coisas do tipo).

Como disse anteriormente, não vou ficar falando sobre as mudanças climáticas em si, porque apesar de entender um pouco sobre o tema (já fiz um estágio no Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, há um tempo atrás), não é minha área específica. Quero me concentrar na politicagem que impede que ações mais positivas frente às mudanças climáticas sejam tomadas.

Por exemplo: mais para o final do filme, Al Gore mostra que um dos principais assessores de George W. Bush falsificou um documento do próprio governo americano. Neste documento, alarmava-se sobre os perigos do aquecimento global, e o assessor riscou o texto dizendo que "aquilo era apenas especulação científica" e que tal informação não deveria ser publicada. O filme mostra também a conexão direta entre membros do governo que trabalhavam (ou trabalham) na área ambiental e têm, ao mesmo tempo, tinham (ou têm) fortes ligações com a indústria petrolífera. A pergunta que fica no ar é: será que alguém que trabalha na indústria petrolífera, uma das principais responsáveis pelo aquecimento global, vai querer divulgar informações dizendo que a sua própria indústria é diretamente responsável pelos problemas ambientais atuais?

AInda na questão política, há um trecho do filme no qual Gore está fazendo uma apresentação na China. Lá ele conversa com algumas pessoas ligadas à área carbonífera e constata o que qualquer ambientalista teria pavor de saber: a China está sobre uma das maiores reservas mundiais de carvão, e -- é claro -- se utiliza do mesmo para financiar energeticamente seu crescimento (que, a título de curiosidade, ficou em 10,7% no ano passado -- o quarto ano seguido em que a China cresce mais de 10%). Ora, para qualquer pessoa que tem bom senso, dá pra imaginar a preocupação de Al Gore: o carvão é mais poluente ainda do que os derivados de petróleo; a China tem a maior reserva mundial do produto; a China tem 1,3 bilhão de habitantes, e uma parte considerável dos mesmos são ávidos por consumir cada vez mais; a China precisa de energia; a China tem problemas para conter seu crescimento exagerado (não estou zoando, é verdade); qual a possível conclusão de tudo isto junto? Muito simples: a China se tornando o segundo maior emissor individual de CO2 do mundo (atrás dos EUA que, por sinal, usam carvão em mais de 52% da sua geração de energia elétrica). Só que o "detalhe" é que a China é um país "em desenvolvimento", enquanto os EUA são desenvolvidos. No entanto, o que impede cada um dos 1,3 bilhão de chineses de querer ter o mesmo nível de vida que os 300 milhões de norte-americanos? Nada impede, a não ser uma coisa: o próprio planeta, que não dá conta de sustentar esta verdadeira ganância.

Outra coisa que achei interessante (ainda que não relacionada diretamente com política) foi Gore mostrando que as seguradoras já perceberam o aumento do valor pago devido a catástrofes naturais. Ele apresenta no filme um gráfico no qual é mostrado tal evolução, e fica bem claro que, a cada ano que passa, mais e mais desastres ambientais acontecem.

Em suma, vai ser interessante e, ao mesmo tempo, preocupante, assistir e analisar o jogo político por trás desta questão ambiental daqui pra frente. O filme mostra que o processo está acontecendo e, pior, está acelerado e, ainda, acelerado nas distorções que, em princípio, fogem de todos os padrões científicos no que diz respeito ao clima. Vai ser interessante ver como o governo federal americano vai se comportar enquanto mais e mais cidades americanas aderem individualmente ao Protocolo de Kyoto -- aquele protocolo para conter as emissões de poluentes que os EUA assinaram mas não ratificaram. Tanto vai ser interessante que o pai dos burros (e não é o Aurélio), em seu discurso na semana passada, defendeu que os EUA reduzam seu consumo de petróleo em 20%. Ainda que tal anúncio tenha motivações muito mais políticas, econômicas e geopolíticas que ambientais -- tanto que Bush defendeu o etanol feito de milho, que polui quase tanto quanto a gasolina --, não deixa de ser uma boa notícia indireta, já que os EUA são responsáveis por mais de 30% das emissões de gases poluentes na atmosfera.

Por fim, acredito ser interessante destacar algumas frases que estão disponíveis no site do filme, que já divulguei em outro post mas que repito aqui: www.climatecrisis.net. Estas estatísticas e informações estão disponíveis em inglês e foram traduzidas por mim mesmo. Algumas são válidas para nós, mas outras (como o aquecimento central dentro de casa, presente nos itens 5 e 7) já não valem pra todo mundo (porque nem todos no Brasil têm calefação em casa). O título do panfleto é "Dez coisas para fazer", e o texto é o que se segue:

Quer fazer alguma coisa para ajudar a parar o aquecimento global? Aqui estão 10 coisas simples que você pode fazer e o quanto de dióxido de carbono que você deixará de lançar ao fazê-las.

1) Mude a lâmpada. Ao trocar uma lâmpada comum, fosforescente, por uma lâmpada fluorescente compacta, você evitará que 68 kg de dióxido de carbono sejam lançados na atmosfera.

2) Dirija menos. Ande a pé, de bicicleta, de carona ou de transporte coletivo com mais freqüência. A cada 1 km que você não andar de carro, estará evitando que 0,226 kg de dióxido de carbono seja lançado na atmosfera.

3) Recicle mais. Você pode evitar que 1.088 kg de dióxido de carbono sejam lançados na atmosfera por ano reciclando apenas metade do lixo da sua casa.

4) Verifique os pneus do seu carro. Deixar os pneus de seu carro corretamente calibrados melhora o consumo em até 3%. Cada litro de combustível não gasto evita que 2,4 kg de dióxido de carbono sejam lançados na atmosfera.

5) Use menos água quente. Gasta-se muita energia para se aquecer água. Use menos água quente instalando um chuveiro de pequena vazão (menos 159 kg de dióxido de carbono lançados na atmosfera por ano) e lavando suas roupas com água fria ou apenas morna (menos 227 kg de dióxido de carbono lançados na atmosfera por ano).

6) Evite produtos com muitas embalagens. Você pode evitar que 545 kg de dióxido de carbono sejam lançados na atmosfera por ano se reduzir seu lixo em 10%.

7) Ajuste seu termostato. Movimente seu termostato apenas 2 graus para cima no inverno e, no verão, dois graus para baixo. Com este simples ajuste, você pode evitar que 907 kg de dióxido de carbono sejam lançados na atmosfera por ano.

8) Plante uma árvore. Uma única árvore absorve uma tonelada de dióxido de carbono durante toda sua vida.

9) Desligue equipamentos eletrônicos. Apenas desligando sua televisão, seu aparelho de DVD, seu aparelho de som e seu computador quando você não os estiver utilizando já evitará que milhares de kg de dióxido de carbono sejam lançados na atmosfera.

10) Divulgue a idéia! Encoraje seus amigos a ver o filme "Uma verdade inconveniente".

Para terminar: se alguém se interessar pelo filme e quiser ver, é só pedir pra mim. Realmente vale a pena ver a situação em que a natureza se encontra.


30 de janeiro de 2007

Uma pena

Não funcionou de colocar diretamente no meu blog. Mas, de toda maneira, espero que consigam ver o que eu publiquei. Vou ver o Jornal das 10 agora e depois volto pra escrever mais.

Enquanto isso, visitem o site www.climatecrisis.net.


Teste

Estou apenas testando pra ver se consigo colocar um documento nesta página, mas parece-me que não vai funcionar :(

Em todo caso, se não aparecer, vocês podem ver o que quero mostrar clicando aqui, aqui e aqui.


Controle de leitura

Um está atrasado, mas é a vida.

1) CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; DA SILVA, Roberto. Metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. Livro em português, 162 pág. Início da leitura no dia 26 de janeiro.

2) BERRY, Steve. A sala de âmbar. Rio de Janeiro: Record, 2006. Livro em português, 475 pág. Início da leitura no dia 29 de janeiro.


29 de janeiro de 2007

Quarto bloco do debate

Os candidatos respondem a perguntas mandadas pela população.

Pergunta a Fruet: Vossa Excelência concorda que deveria ser convocada uma constituinte exclusiva para fazer todas as reformas?

Resposta de Fruet: Não é possível transformar esta legislatura em constituinte. É necessário que a própria Câmara faça as reformas política, eleitoral e tributária. Basta votar projetos que já estão na Câmara, deixando para um segundo momento uma reforma constitucional.

Pergunta a Aldo: Qual a importância do Legislativo ser independente dos demais?

Resposta de Aldo: O poder Legislativo tem elevadas atribuições na política do país. Trabalha com o Orçamento da União, destinando recursos para as mais diversas áreas, estados e municípios. Além disso, o Legislativo tem por função fiscalizar os demais poderes, especialmente o Executivo, além de votar todas as leis que influenciam os próprios três poderes.

Pergunta a Chinaglia: O Congresso Nacional continuará a ser jurado do Executivo ou vai legislar desta vez?

Resposta de Chinaglia: O problema são as medidas provisórias, que trancam a pauta. Mas já foi pior, pois antes elas podiam ser reeditadas. Então, em primeiro lugar, temos de solucionar o problema das medidas provisórias. Mas a Câmara votou diversos projetos na última legislatura de iniciativa de parlamentares. Devemos, na próxima legislatura, enfatizar a votação de projetos de parlamentares.

Pergunta a Fruet: Por que não divulgar ao povo a idéia de que o povo tem acesso à informação governamental?

Resposta de Fruet: É necessário acabar com o preconceito, com o mal tratamento e com a escassez de informação. Os dados do SIAFI não são atualizados, e os próprios parlamentares não têm acesso. Pretendemos intensificar a divulgação de informações e que as pessoas sejam respeitadas pelo poder público.

Pergunta a Chinaglia: Por que não acabar com o voto secreto? Por que não ampliar de um ano para quatro anos o tempo de filiação partidária?

Resposta de Chinaglia: Creio que devemos ampliar a fidelidade partidária, e este é um dos poucos consensos que temos na reforma política. Sobre o voto secreto, já votamos na Câmara, em primeiro turno, a proposta de se abrir o voto. Já deu para perceber aqui no debate que há divergências. Colocaremos em plenário e este será soberano. A base do governo é favorável ao voto aberto.

Pergunta a Aldo: Pergunta sobre o projeto da Super-Receita.

Resposta de Aldo: O projeto da Super-Receita foi retirado de pauta para melhor exame por parte da Câmara. O projeto tem coisas boas, mas há também medidas que os parlamentares querem observar e discutir melhor. A minha posição é que a próxima mesa coloque em votação o projeto.

Pergunta a Chinaglia: Qual o seu interesse em ser presidente da Câmara? Quais projetos para beneficiar a população?

Resposta de Chinaglia: Tenho militância desde 1970 lutando contra a ditadura militar. Tenho experiência política (citou vários "cargos" que teve). Quero trabalhar na área de criação de emprego e de distribuição de renda. Vamos ouvir todos os deputados para fazer o melhor para o país.

Pergunta a Aldo: Qual projeto que o sr. tem para assentamentos em que todos vivem em situação de miséria?

Resposta de Aldo: Eu creio que é preciso fazer primeiro um registro histórico de que a questão da terra tem sido origem de muitos conflitos sociais e políticos no Brasil. Cita a questão de Canudos, na Bahia. Mas, ao mesmo tempo, quero reconhecer que no governo FHC foram realizados mais de 400 mil assentamentos, o que é um número fabuloso. O governo do presidente Lula deu prosseguimento a este esforço, inclusive ampliando crédito. Temos de legislar e apoiar a reforma agrária no país.

Pergunta a Fruet: O que o sr. fará para combater a corrupção parlamentar?

Resposta de Fruet: Este é um dos temas que provocou esta candidatura. Eu tive a oportunidade de ter participado da investigações de CPIs. A Câmara está fortalecendo seus métodos e processos de julgamento de parlamentares. O maior exemplo para acabar com a corrupção é o acompanhamento desta eleição para a mesa da Câmara. É necessário termos firmeza para a apuração de todos os casos.

Considerações finais:

Aldo Rebelo: Quero dirigir minha palavra aos parlamentares que foram eleitos ou re-eleitos. Que cheguem com confiança e com elevado espírito público, para que possamos iniciar esta nova legislatura valorizando a Câmara dos Deputados como o poder mais representativo do povo brasileiro, para que possamos solucionar problemas que há séculos afligem o nosso país (cita diversos problemas). Quero dizer que minha candidatura não é projeto pessoal, e nada tenho contra meus concorrentes. Fui aliado do presidente, cumpri meus compromissos, mas não creio que um único partido (alusão ao PT) deva ter partido no Executivo e também no Legislativo; a concentração de poder não é boa.

Gustavo Fruet: Os deputados, daqui 3 dias, votarão ou no continuísmo ou em um novo caminho para a mudança. É o início de se buscar um reencontro entre a Câmara e a sociedade. Nosso compromisso com o eleitor não termina no dia da eleição; ao contrário, ele começa neste dia. A Câmara deve sair das páginas policiais. Deve-se acabar com a subserviência do Legislativo em relação ao Executivo, bem como com a letargia do Executivo que espera a eleição para só depois definir o parlamento. Eles são governo, eu quero ser a Câmara; quero ser a mudança que o Brasil precisa e que o Brasil confia.

Arlindo Chinaglia: Agradeço à TV Câmara. Critico o deputado Aldo, pois ele foi eleito com o apoio do PT, sabendo tratar bem os aliados. Minha candidatura é mais ampla do que o PT; nós somos companheiros, temos uma posição na sociedade e devemos manter certa postura neste sentido. Em relação ao deputado Fruet, quando o governador Aécio Neves foi presidente da Câmara, ele não foi submisso só por ser do mesmo partido do governo.


Terceiro bloco do debate

No terceiro bloco, um candidato pergunta para outro.

Pergunta de Chinaglia para Fruet: O sr. é a favor de manter as verbas indenizatórias ou não?

Resposta de Fruet: Defendemos a transparência dos gastos. Não podemos tratar as verbas indenizatórias como complemento salarial. Defendemos a correção salarial pela inflação; para atividade parlamentar nos estados é necessário ter uma estrutura, mas o recurso não pode ser uma complementação do salário e sim utilizado para atuação firme do parlamentar em sua base. A atividade parlamentar é algo nobre e deve ser respeitada. O deputado Arlindo Chinaglia representa (por ser do PT) a continuidade e tudo aquilo que pretendemos extirpar.

Chinaglia: Espero que Fruet não tenha incluído como "origem dos escândalos" a parcela do PSDB que me apoiou antes de Vossa Excelência lançar sua candidatura. Vossa Excelência defendeu as verbas indenizatórias, ainda que de maneira vacilante.

Fruet: O deputado Chinaglia mistura conceitos. Não critiquei ninguém, e sim a simbologia e os apoios que ele tem, como do partido de Severino Cavalcante. Não cobro posição de líderes; respeitarei a posição das bancadas.

Pergunta de Aldo Rebelo para Fruet: Para que não permaneça a sombra do negativismo dos seus erros, ele gostaria que Fruet citasse 6 projetos importantes para o país aprovados pela Câmara.

Resposta de Fruet: Sempre reconheceu que houve bons projetos para o Brasil que foram votados. Cita a questão da Mata Atlântica, a questão do Super Simples, pequenas mudanças tributárias, lei de tecnologia, leis que garantam o fim da discriminação das mulheres e lei de incentivo ao esporte e cultura. Todos estes projetos foram aprovados com apoio dele (Fruet). Critica a presidência de Aldo, dizendo que a cada quatro dias havia uma medida provisória na pauta, travando-a. Ele não quer ser "ministro de estado" na Câmara.

Aldo: Ressalta a capacidade que o presidente tem de ter para mediar conflitos. Relembra a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas.

Fruet: Critica a distribuição de cargos para votar projetos. Ressalta o papel do PSDB e do PFL ao auxiliar Aldo no gerenciamento das crises.

Pergunta de Fruet para Aldo: O relacionamento próximo entre ele (Aldo) e o governo não prejudica a independência do Legislativo?

Resposta de Aldo: Nunca perguntou ao presidente se poderia/deveria ser candidato. A relação dele (Aldo) com o presidente Lula é uma relação política, não uma relação de subordinação. Ele comunicou ao presidente Lula que seria candidato, e cita testemunhas de tal comunicado. O PT também se julgou no direito de lançar uma candidatura (alusão ao fato de que ele - Aldo - não é o candidato do governo). Minha candidatura é dos deputados federais, especialmente daqueles novos que estão chegando com a nova legislatura e que pretendem mudar o foco de atuação da Câmara no sentido do crescimento do país. Estamos escolhendo o presidente da Casa, e não o líder do governo.

Fruet: Nós estamos mesmo elegendo o presidente da Câmara, e não o líder do governo. O que eu quero reforçar, no entanto, não é a questão pessoal. No período da sua presidência, tivemos a "não-Câmara". Estivemos com a pauta sempre trancada por causa das excessivas medidas provisórias. Não é possível que o presidente da Câmara já tenha sido líder do governo ou ministro de estado.

Aldo: A Câmra dos Deputados não pode ser presidida por uma dicotomia entre governo e oposição. O povo brasileiro, ao votar, atribuiu funções de governar e funções de oposição. Temos os partidos da base do governo que legitimamente defendem o governo e aqueles que atacam o governo.

Pergunta de Aldo para Chinaglia: Quais os compromissos que ele assume com a bancada do Amapá, de Roraima e do Acre? Quais são as duas prioridades para cada uma destas bancadas caso seja eleito?

Resposta de Chinaglia: Primeiro, esclareço que sou candidado à presidência da Câmara e que tenho de tratar dos assuntos nacionais e regionais. Não sou candidato a governador destes estados. O que eu quero é estabelecer métodos de trabalho, pois eu quero que as bancadas digam o que devemos fazer. Quero ouvir as frentes parlamentares, que é o caminho para compatibilizar os interesses desta ou daquela região. Devemos combater a guerra fiscal, mas respeito a estratégia de cada estado. Eu penso que os interesses regionais devem se orientar a partir da reforma tributária. Portanto, independentemente do estado, estarei ouvindo os deputados e a bancada e seus problemas regionais.

Aldo: O sr., como candidato, já deveria ter ouvido todas as bancadas. Na minha presidência votamos um acordo binacional entre o Brasil e a Guiana Francesa ligando o Amapá àquele país. Votamos também contatos com a Guiana Inglesa.

Chinaglia: Eu penso que o seu papel na presidência de colocar em votação é regimental. Mas gostaria que Vossa Excelência também lembrasse que os líderes trabalharam muito pra produzir os acordos que fizessem os projetos serem aprovados no plenário. O trabalho da presidência não deve ser maximizada. Os líderes também trabalham.

Pergunta de Chinaglia para Aldo: Gostaria que Vossa Excelência externasse quatro propostas para atender à democratização da Casa no que tange à participação feminina.

Resposta de Aldo: Recebi propostas da deputada Luíza Erundina para que houvesse mulheres na mesa diretora. Acredito que tal proposta é importante e deve ser avaliada. Levei a proposta ao colégio de líderes e sugeri a criação de uma comissão permanente que estude a participação das mulheres na Casa. Levei em consideração a presença e a ampliação das mulheres nos meios de comunicação da Casa. O PCdoB, juntamente com o PSB, é o partido que tem mais mulheres em sua direção.

Chinaglia: Eu tenho dúvidas em relação à proposta da deputada Luíza Erundina. Quero assumir aqui quatro propostas: 1) Apoio institucional à bancada feminina e ao exercício do mandato das deputadas; 2) Fortalecimento da presença feminina nos meios de comunicação; 3) Apoio às iniciativas femininas; 4) Criação de portal das mulheres na Câmara.

Pergunta de Fruet para Chinaglia: Questiona a proximidade dos outros dois candidatos em relação ao governo. O sr. apoiou o deputado Aldo Rebelo como resultado da crise. O sr. entende que mudou o apoio ao apoio ao deputado Aldo Rebelo? Por que ele não tem mais o apoio do governo? O sr. pode ser mais importante para o governo do que o deputado Aldo Rebelo?

Resposta de Chinaglia: Eu gostaria que a situação explicitada agora, de que o presidente da República não tem candidato, tivesse surgido antes. Em relação à minha dependência (em relação ao presidente Lula), tive de aguentar comentários de que eu estaria dividindo a base do governo na Câmara. Minha candidatura foi tão simbólica no sentido contrário que recebi o apoio do PSDB, seu partido.

Fruet: Eu insisto: disputam a presidência da Câmara dois ex-líderes do governo. Minha candidatura dá, especialmente aos novos candidatos, uma nova opção política, especialmente no sentido de evitar escândalos. Para ser presidente da Câmara, não é necessário ter sido líder do governo.

Chinaglia: Eu prezo a ética, e a melhor maneira em um debate é a gente não trabalhar com insinuação ou com aquilo que ouviu dizer. Desafio Vossa Excelência, como qualquer um no plenário ou fora dele, que eu esteja lançando minha candidatura para anistiar o ex-deputado José Dirceu. Nós, como presidentes da Câmara, não podemos impor nossa preferência pessoal, e tudo deve ser colocado em plenário para votação.


Segundo bloco do debate

Pergunta a Chinaglia de Delis Ortis, da TV Globo: A legislatura atual foi marcada por escândalos e por impunidade. As regras internas atuais da Casa se prestam à impunidade. O sr. falou que vai lutar pela recuperação da autoridade política do Congresso, mas é apoiado por partidos que mais produziram mensaleiros e sanguessugas de acordo com as investigações. Como o sr. pretende fazer alteração das regras?

Resposta de Chinaglia: O presidente da Câmara seria questionado se não cumprisse as regras. Chinaglia defende a mudança do regimento interno da Câmara. Mas isto não deve ser feito pelo presidente da Câmara de maneira autoritária; isto deve ser feito pelos próprios parlamentares. Sobre os mensaleiros, associa à religião: o fato de haver "pecadores" no partido dele não o torna um pecador. Delis Ortis sugere fazer "expurgos" para acabar com o problema. Chinaglia diz que não cabe a ele, se eleito, fazer isso, pois foram eleitos pelo povo. Não se deve fazer "expurgos", e sim mudar as regras da própria Câmara.

Pergunta a Aldo Rebelo de Denise Madueño, do Estado de SP: Alguns deputados renunciaram para fugir do processo de cassação e foram reeleitos. Se reeleito, o sr. vai reabrir os processos?

Resposta de Aldo: João Paulo Cunha, quando presidente, reabriu o processo de outro deputado. Qualquer iniciativa desta tem origem em um partido político ou em um deputado. Não cabe à presidência reabrir processos, e sim receber os pedidos e executá-los conforme o regimento interno. Denise pergunta: o sr. vai reabrir ou acredita que as urnas têm o poder de julgar os deputados? O sr. vai ou não reabrir os processos? Aldo: é possível combinar as urnas com o respeito ao regimento interno, pois este também é instrumento da democracia. O regimento prevê a iniciativa partidária junto ao Conselho de Ética, e este encaminha ao presidente da Câmara, ou ainda a iniciativa individual, do parlamentar ou de quem quer que seja, que encaminha o pedido ao presidente e este o envia ao Conselho de Ética.

Pergunta a Fruet de Isabel Braga do jornal O Globo: Esta legislatura extinguiu mais de 1000 cargos, que precisam ainda ser votados pelo plenário. O sr. vai colocar o assunto em pauta?

Resposta de Fruet: É favorável à redução de gastos. No entanto, neste momento esta redução demonstrou que não fez falta em termos de gastos salariais, mas já em termos de força de trabalho fez falta. Então, cabe ao presidente da Câmara saber avaliar a necessidade de cargos comissionados, de salários ou de serviços terceirizados e agir conforme a necessidade. Isabel Braga: qual a posição do sr. sobre o nepotismo? Fruet responde: não é apenas discurso, é prática. Ele diz que tem por princípio ser contra o nepotismo, pois isso gera desvios e não privilegia a profissionalização do funcionário da Câmara.

Chinaglia tem direito de resposta sobre a pergunta ao Aldo: não admite que seja atribuído a ele o que não foi dito. Ele respeita a soberania popular, que se expressa por meio do voto. O deputado que foi eleito não tem direito de exercer seu mandato? Se as regras permitem que alguém se livre mais facilmente do que seria uma punição exemplar, então que se discutam as regras.

Pergunta a Chinaglia de Maria Clara Cabral, da Agência Terra: Aliados tradicionais do governo têm criticado o forte apetite de poder do PT. Se eleito, o sr. não atrapalharia a governabilidade do segundo mandato do governo Lula?

Resposta de Chinaglia: Disputas no governo não podem influenciar a Câmara. São apenas disputas políticas. Se o PT terá a segunda maior bancada, isto tem de ser respeitado (alusão à vontade popular). Fala sobre a origem popular do PT. Se o PT tem o que tem, é porque o povo quis. Maria Clara diz: Por que o sr. acha que membros da própria coalizão não podem criticar o PT? Chinaglia responde: os que criticam estão fazendo disputa política. Todos têm legitimidade a ter opinião política. A candidatura dele é supra-partidária.

Pergunta a Fruet de Walmor Parente, da Rádio Web: Os escândalos mancharam a Casa, ainda mais com a série de absolvições. O sr. é a favor ou contra o voto aberto no plenário?

Resposta de Fruet: sou a favor. Isto já foi assumido como compromisso público e está na pauta que justificou a minha candidatura. Na Câmara há a defesa intransigente do voto aberto, pois seremos julgados pela sociedade por meio do que fazemos no plenário da Câmara. Dos 9 escândalos nos últimos quatro anos, 7 tiveram origem no Congresso Nacional, e temos de solucioar isto. Uma das maneiras é pelo voto aberto dos parlamentares. Walmor Parente: O sr. defende a votação aberta a todos os casos? Fruet: À eleição da presidência sim, ao veto do presidente não. A derrubata do veto é uma forma autônoma de manifestação do Congresso e, portanto, deve ter voto fechado.

Pergunta a Aldo de Leandro Colombo do Portal G1: Depois deste mandato, cite três erros que o sr. acha que cometeu e que não cometeria novamente.

Resposta de Aldo: Seria injusto citar apenas os erros. Vou citar erros e falhas, mas gostaria de ter liberdade de citar os poucos acertos que alcançamos ao presidir a Casa e também as crises. Teria tido mais resultado se tivesse tido mais reuniões com líderes partidários. A radicalização entre governo e oposição levou ao impasse, e se eu tivesse mais contato com a oposição, poderíamos ter aprovado mais projetos. O segundo erro foi o não envio ao plenário da Câmara do aumento dos salários dos parlamentares. O terceiro erro foi não ter esperado mais pela formação da base para a candidatura. Leandro: o que fazer, então, sobre o aumento dos salários? Aldo: há uma decisão do Supremo: qualquer reajuste deve ser submetido ao plenário. O salário do Judiciário deve ser congelado enquanto não houver um teto estabelecido para o serviço público no Brasil.


Começam as perguntas

Primeiro bloco

Primeira pergunta para Chinaglia, sobre a cláusula de barreira. "O tema só voltará à pauta se for provado que a mesma favorece a democracia." Disse que não é papel da presidência estudar o assunto, e sim papel de todos. Deve-se aproveitar o trabalho já feito por uma comissão sobre o tema. É contra o voto distrital puro e tem restrições sobre a lista fechada. O compromisso dele será promover o debate e pôr em pauta a reforma política.

Gustavo Fruet: A reforma é imperativa para quebrar vícios da cultura política brasileira. Fala do governo que não fez ainda reforma ministerial, ligando tal ausência de reforma ministerial à eleição para a presidência da Câmara. Fala da união entre dois partidos para obter resultados na Câmara, removendo a possibilidade dos outros partidos participarem.

Aldo Rebelo: A cláusula de barreira tem relação com a própria democracia e com a liberdade política e partidária. Associando a liberdade política com a liberdade religiosa e de imprensa, critica a cláusula de barreira: "a liberdade de um partido pequeno não pode assustar a liberdade de um partido grande."

Arlindo Chinaglia: Elogios ao Aldo. Fala novamente em democracia, no sentido de que é o plenário que vai definir o resultado da cláusula de barreira. Comenta o que Fruet criticou (conluio entre partidos).

Segunda pergunta para Aldo Rebelo: qual a proposta para o reajuste dos "subsídios" para os parlamentares? Acompanham o Judiciário? Resposta: O reajuste deve obedecer ao critério da inflação. O problema permanente que se apresenta é o teto entre os salários e subsídios das carreiras do Executivo, do Judiciário e do Legislativo. Há distorções graves entre tais "subsídios". Cita a reportagem da Folha de pessoas que ganham acima do teto salarial. Acha que a Constituição deve ser obedecida: que a base do maior salário exista para os três poderes. Fala que a médio e longo prazo é obrigatório que a busca da igualdade entre salários é algo saudável para o relacionamento dos três poderes. Dá a entender buscar a redução dos salários que estão acima do teto, mas deixa subentendido que vai aumentar o salário daqueles que estão abaixo do teto.

Chinaglia: Fala a mesma coisa que Aldo: é necessário igualar os salários dos três poderes. O teto é moralizador.

Fruet: Defende a correção do salário pela inflação. Não pretende igualar os salários, dando a entender que o Judiciário tem de ganhar mais mesmo do que o Legislativo e/ou Executivo.

Aldo: a definição deve ser feita de forma democrática e com transparência pelos próprios parlamentares em plenário. Defende que o Legislativo incentive a transparência dos três poderes, e afirma que o Legislativo é o poder mais transparente dos três.

Pergunta para Fruet: Projetos de segurança estão parados na Câmara. Pretende colocá-los em votação? E sobre a maioridade penal, apóia a redução? Ele responde: Não é só o rigor e mudança na lei que garante a segurança e a prevenção. A Câmara é um local de discussão das políticas públicas e de encaminhamento de soluções legislativas, mas de nada adianta uma lei boa se ela não tiver resultados. Critica a falta de recursos para penitenciárias. É contrário à redução da maioridade penal.

Aldo: Há um ambiente de calamidade quando o assunto é segurança pública no Brasil. Fala da violência na periferia, que não é divulgada na mídia: para esta ser solucionada, é necessário que os poderes executivos federal e estaduais darem um fim ao problema.

Chinaglia: É necessário um enfrentamento eficaz contra a violência e criminalidade no Brasil. Não se pode partir do princípio de que temos uma boa legislação que resolve tudo. Deve-se criar uma comissão no Legislativo para ouvir a sociedade e o poder executivo para corrigir o que tiver de ser corrigido.

Fruet: A Câmara já tem comissão permanente sobre segurança. O papel do Legislativo é criar leis e projetos, fazer com que tais projetos sejam aprovados no plenário e sejam aprovados pelo presidente. Não há ilusão de fazer leis mais severas; deve-se acabar com a possibilidade do governo de contingenciar recursos e obrigá-lo a cumprir o repasse dos fundos para as unidades da federação. Rigor na legislação e rigor na aplicação dos recursos pode solucionar o problema, inclusive integrando a segurança com outras áreas (habitação, saúde, educação).


E eis que começa o debate entre os candidatos à presidência da Câmara...

Aldo Rebelo começa falando até bonitinho, como se a Câmara pudesse/quisesse voltar a fazer parte da sociedade brasileira. Faz uma apresentação geral sobre a função da Câmara e fala sobre os altos e baixos da Câmara.

Segundo a falar: Arlindo Chinaglia. Fala sobre a estrutura atual interna da Câmara e já faz propaganda do que pretende fazer: critica a estrutura atual e já diz que vai mudar a mesma.

Por último, Gustavo Fruet. Afirma que a eleição atual está tendo o mérito de trazer a Câmara de volta à sociedade brasileira. Cita estatísticas divulgadas na revista Veja desta semana, que fala mal dos políticos. Diz que quer resgatar o papel da Câmara no cenário político e social brasileiro.


Uma música interessante

My Way

Frank Sinatra

Composição: Paul Anka & Jacques Revaux

And now the end is near
And so I face the final curtain
My friend, I'll say it clear
I'll state my case of which I'm certain

I've lived a life that's full
I traveled each and every highway
And more, much more than this
I did it my way

Regrets, I've had a few
But then again, too few to mention
I did what I had to do
And saw it through without exemption

I've planned each charted course
Each careful step along the byway
And more, much more than this
I did it my way

Yes there were times, I'm sure you knew
When I bit off more than I could chew
But through it all when there was doubt
I ate it up and spit it out

I faced it all and I stood tall
And did it my way

I've loved, I've laughed and cried
I've had my fill, my share of losing
And now as tears subside
I find it all so amusing

To think I did all that
And may I say, not in a shy way
Oh no, oh no, not me
I did it my way

For what is a man, what has he got?
If not himself, than he has naugth
To say the things he truly feels
And not the words of one who kneels

The record shows, I took the blows
And did it my way...


Frases

"Quando estiver lavando pratos, reze. Agradeça pelo fato de que tem pratos para lavar; isso significa que ali já esteve comida, que alimentou alguém, que cuidou de uma ou mais pessoas com carinho -- cozinhou, colocou a mesa. Imagine quantos milhões de pessoas neste momento não têm absolutamente nada para lavar, ou ninguém para quem preparar a mesa."

COELHO, Paulo. A bruxa de Portobello. São Paulo: Ed. Planeta do Brasil, 2006. Pág. 168.


27 de janeiro de 2007

Libéria

Libéria, oficialmente a República da Libéria, é um país da costa oeste da África. É limitado a norte por Serra Leoa e pela Guiné, a leste pela Costa do Marfil e a sul e a oeste pelo Oceano Atlântico. A sua capital é a cidade de Monróvia. A Libéria ("Terra Livre") foi fundada no século XIX por escravos libertos dos Estados Unidos, não tendo conhecido o domínio colonial. Recentemente, o país passou por duas guerras civis: a Primeira Guerra Civil, de 1989 a 1996, e a Segunda Guerra Civil, de 1999 a 2003. Ambas expulsaram milhares de suas casas e destruíram a economia do país (informações e imagens tiradas da Wikipédia).

  • População: 3.042.004 (est. Julho 2006)
  • Taxa de mortalidade infantil: total: 155,76 mortes/1.000 nascimentos; homens: 171,96 mortes/1.000 nascimentos; mulheres: 139,06 mortes/1.000 nascimentos (est. 2006)
  • Expectativa de vida ao nascer: população total: 39,65 anos; homens: 37,99 anos; mulheres: 41,35 anos (est. 2006)
  • Número de pessoas com AIDS: 100.000 (6% da população - est. 2003)
  • Taxa de alfabetização: definição: maiores de 15 anos que podem ler e escrever. População total: 57,5%; homens: 73,3%; mulheres: 41,6% (est. 2003)
  • PIB (Produto Interno Bruto): US$ 2,911 bilhões (est. 2006)
  • PIB per capita: US$ 1.000 (est. 2006)
  • População abaixo do nível de pobreza: 80% (est. 2005)
  • Número de estações de rádio: AM 0, FM 7 (2004)
  • Número de estações de TV: 1 (2004)
  • Principais recursos naturais: minério de ferro, madeira, diamantes, ouro, energia hidrelétrica

Como vocês podem imaginar, esta introdução demográfica tem por objetivo falar de mais um filme, chamado "O senhor das armas" (informações com spoilers aqui). Este filme foi lançado em 2005, e eu tive o prazer, à época, de vê-lo no cinema. Já vi o filme mais umas duas ou três vezes, sendo que a mais recente foi ontem, dia 26/01/2007.

Interessante notar como, recentemente, o "destino" (coisa na qual não acredito) me colocou frente a situações que envolvem, de uma maneira ou de outra, a África. Duas semanas atrás, quando ainda estava em MG, algumas coisas aconteceram neste sentido: tive contato com alguns africanos que estavam aqui visitando o Brasil, e tive de ajudá-los com traduções e indicações de lugares pra ir e coisas do tipo. Na semana passada, por duas vezes tive contato com africanos no meio da rua, que estavam também aqui em Brasília e estavam meio "perdidos", e lá fui eu auxiliá-los no que precisavam. Por fim, nesta semana que está terminando hoje, vi três filmes que têm como pano de fundo a situação política, econômica e social daquele continente.

Não irei comentar muito neste post sobre meus sentimentos em relação à África. Creio que, lendo o que escrevi sobre Ruanda e sobre Serra Leoa vocês, leitores, já poderão ter idéia do que penso sobre o assunto. Falando sobre o filme, ele mostra como um cara se torna traficante de armas e, mais que isso, deixa no ar a necessidade que os governos das "grandes potências" têm de ter "pequenos" traficantes de armas no ramo: sem tais traficantes, os governos perderiam dinheiro, pois seria politicamente incorreto vender armas pra ditadores ou pessoas do tipo. Sendo assim, o trabalho "sujo" ficaria com os traficantes de armas, mas as armas têm sua origem no próprio governo que diz combater o tráfico. Uma situação, ao que tudo indica (pelo que li sobre a criação do filme e sobre o tema), real.

O que me chamou a atenção nesta semana foi a maneira como os três filmes comentados aqui no meu blog se encaixam, especialmente os dois últimos. O filme Hotel Ruanda fala especificamente sobre o genocídio de 1994, e é claro que, pra haver genocídio, são necessárias armas e, para haver armas, é necessário dinheiro. Vale lembrar que, se não possui diamantes, Ruanda possui como recursos naturais ouro, cassiterita, tungstênio e metano, produtos que, de uma forma ou de outra, são extremamente valorizados no mercado internacional. Nas mãos de rebeldes, tais produtos fariam o papel que os diamantes faziam -- e ainda fazem -- em Serra Leoa e na Libéria. Enfim, voltando ao filme, Hotel Ruanda é mais específico, concentrando-se na questão do genocídio em si mesmo, mas deixa no ar este substrato de verdadeira podridão que levou ao próprio genocídio, além de deixar muito bem claro o desprezo do Ocidente com a miséria e com a desgraça da África.

Os outros dois filmes, Diamante de sangue e O senhor das armas, são mais conectados entre si. Apesar de serem filmes independentes um do outro, com diretores diferentes e atores diferentes, e até mesmo produdoras diferentes, é óbvio o relacionamento que os filmes têm entre si. Em primeiro lugar, Diamantes de sangue se passa em Serra Leoa, país vizinho da Libéria, no qual aproximadamente um terço da trama de O senhor das armas está situado. Além disso, em determinado momento do filme O senhor das armas Nicolas Cage (que faz o papel principal) está vendendo armas para o ditador liberiano, e este ditador quer que Cage venda armas também para a Frente Revolucionária Unida (RUF), de Serra Leoa. Fica clara a associação entre um ditador de um país e sua influência nos países vizinhos. O próprio Cage, ao vender as armas para a RUF, recebe como pagamento diamantes, que são o tema central de Diamantes de sangue.

Interessante também notar como os personagens foram construídos, e aí muito do mérito vai para roteiristas e diretores dos filmes. É claro que há o apelo hollywoodiano clássico: no início o personagem principal só quer saber de grana e fodam-se os outros, mas com o passar do tempo ele se situa naquela encruzilhada entre continuar ganhando grana mesmo sabendo que os outros estão se matando pelo seu dinheiro ou para com o "trabalho" devido a questões morais. Em ambos os filmes há também o caso amoroso, que não pode faltar em nenhum filme de Hollywood. No entanto, mesmo com tais clichês, os filmes deixam claro aquilo que todos nós sabemos, ainda que instintivamente, e que às vezes tentamos reprimir: o fato de que não dá mais pra gente olhar pro lado e fazer de conta que não temos nada a ver com a pobreza do outro. E, a meu ver, este é o mérito principal dos três filmes, qual seja, o de mostrar (explícita ou implicitamente) algo que o Paulo Coelho falou no seu blog e que achei extremamente interessante:

"A vida nos pede constantemente: 'participe!'. A participação é necessária para nossa alegria, mas também para nossa proteção. Quem se omite diante das barbaridades que vê está prestando serviço à força das trevas, e isto lhe será cobrado um dia.

"Há momentos em que evitamos a luta, sob os mais diversos pretextos: serenidade, maturidade, senso de ridículo. Vemos a injustiça sendo feita a nosso próximo, e ficamos calados. 'Não vou me meter à toa em brigas', é a explicação.

"Isto não existe. Quem percorre um caminho espiritual carrega consigo um código de honra a ser cumprido. A voz que clama contra o que está errado é sempre ouvida por Deus. Se o nosso irmão não tem mais forças para reclamar, é nossa vez de fazê-lo por ele."

Esta idéia está presente nos três filmes: a participação necessária para acabar com a injustiça. Em diversos momentos dos três filmes surgem frases que, em outras palavras, dizem "não vou ajudar o próximo porque o problema é dele e não meu, e eu não posso me meter na luta alheia". Os personagens, mesmo sabendo que moralmente devem intervir, não intervêm por motivos diversos, mas quase sempre se justificam com a frase acima. Para além de considerações espirituais e/ou religiosas, sobre as quais eu, por enquanto, me abstenho de escrever, tal ideário me chama a atenção porque reflete, claramente, a ideologia liberal em ação: tal ideologia defende como foco principal a defesa e a preservação das liberdades individuais na sociedade. Ou seja, se eu sou livre, se eu estou bem, se eu estou satisfeito, se eu isso, se eu aquilo... Tudo está bem, porque eu estou bem. O liberalismo, neste sentido, é uma ideologia que estimula o egoísmo, já que faz com que cada um olhe apenas para o seu próprio umbigo e desconsidere os laços que nos unem a todos -- ou alguém aí acha que as ações realizadas por traficantes de armas ou de diamantes na África não influenciam nossas vidas aqui no Brasil?

À guisa de conclusão, copio aqui alguns parágrafos da minha dissertação de mestrado. Tento mostrar que, por mais que o individualismo tenha aspectos positivos, como a constante evolução tecnológica decorrente da extrema competição entre os indivíduos, por outro lado há momentos em que deveríamos nos ver como membros de um único grupo -- o da raça humana --, e portanto, como grupo, temos de agir em conjunto para solucionar diversos problemas que nos afligem no momento -- seja a questão dos diamantes que financiam as armas que serão utilizadas em genocídios, por exemplo, ou a questão climática, tão em voga neste início de 2007. Independentemente do que for, não há mais possibilidade de concretização de um sistema de soma-zero, no qual o ganho ou perda de um participante do grupo é exatamente balanceado pelos ganhos ou perdas de outro(s) participante(s) do mesmo grupo. Chegamos a um ponto em que ou todos ganham, ou todos perdem.

"A temática da liberdade, oriunda do liberalismo político, é transformada em principal pilar da democracia liberal, e a essa temática é associada a idéia do capitalismo como o melhor sistema econômico que pode garantir a liberdade individual. Entre o estado e o cidadão deve haver um acordo que fixa claramente a cada uma das partes quais são suas obrigações: as regras da democracia liberal estão dispostas em leis, definidas e garantidas pelo estado. Essas regras, no entanto, são regras formais, pois se baseiam primordialmente na igualdade política existente entre os cidadãos. Tal igualdade política, sem dúvida, é importante, pois dá chance a todos os indivíduos de participar politicamente na tomada de decisões (ou, pelo menos, de participar em eleições).

"No entanto, a forma como essa igualdade, influenciada pelo capitalismo e por questões econômicas, é usufruída pelos cidadãos é desconsiderada, o que leva à conclusão de que a igualdade é, necessariamente, formal. A democracia liberal não condena as opressões na esfera privada, já que seu âmbito oficial de atuação é a esfera pública (ou política): a democracia liberal não pode nem deve interferir nos problemas da esfera privada, pois se assim o fizer deixa de ser liberal. A esfera privada dos indivíduos deve ser coordenada pelos mesmos em situações de mercado, sendo esse último a única instituição capaz de satisfazer os desejos dos indivíduos de maneira eficiente. Alega-se que “(...) não apenas a intervenção não é necessária, mas também que o estado não é responsável pela perpetuação dos arranjos opressivos no mundo privado” (Cunningham 2002, 70). A democracia liberal prioriza os direitos individuais em detrimento dos de grupo ou de classe, e ao mesmo tempo afirma ser incapaz de lutar por direitos universais, pois isto seria “insensibilidade” frente às diferenças entre grupos: o estado deve, por um lado, garantir a liberdade do indivíduo em atingir seus objetivos, e por outro deve trabalhar de forma isenta, como um mediador que faz com que a busca de soluções para os problemas individuais seja equilibrada entre os indivíduos que compõem determinada sociedade.

(...)

"Em suma: a ênfase dos liberal-democratas em garantir a liberdade dos indivíduos, considerando a igualdade política em segundo plano como algo dado e garantido, leva a diferenças notáveis entre os indivíduos. O capitalismo desregulado defendido pelos economistas clássicos, bem como pelos neoliberais da atualidade, garante uma igualdade política formal, onde a função do voto é destacada e considerada como a grande possibilidade de participação política. No entanto, a qualidade do voto não é levada em consideração, fazendo com que os votos daqueles que tenham mais recursos sejam votos “melhores” por serem mais informados ou mais conscientes. Além disso, mesmo que o voto tenha peso igual para todos, aqueles que dispõem de mais recursos são capazes de influenciar o voto de outrem, fazendo com que os mesmos não sejam tão livres quanto parecem em um primeiro momento.

"Não há como acreditar que a igualdade de possibilidades exista para todos na prática, já que os recursos econômicos disponíveis aos indivíduos não são iguais. Como citado anteriormente, aqueles que dispõem de mais recursos serão mais beneficiados pelos mesmos ao colocarem em prática suas ações, seja em âmbito político ou econômico, e a apresentação da liberdade como o bem supremo a ser perseguido pela democracia liberal apenas faz com que a diferença de recursos políticos e econômicos entre os que têm pouco e os que têm muito aumente com o passar do tempo."


Esqueci-me de dizer

O filme "Diamante de Sangue" foi visto na última quinta-feira, dia 25/01/2007.


Serra Leoa

Serra Leoa é um país da África Ocidental, limitado a norte e a leste pela Guiné, a sudeste pela Libéria e a sul e a oeste pelo Oceano Atlântico. Durante o século XVIII, Serra Leoa foi um importante centro do comércio transatlântico de escravos. A capital, Freetown, foi fundada em 1792 pela "Companhia Serra Leoa" como um refúgio para os "negros ingleses" que lutaram pela Grã-Bretanha na guerra de independência dos Estados Unidos. Em 1808, a cidade de Freetown se tornou uma colônia do Império Britânico, e em 1896 o interior do país se tornou um protetorado britânico. Com o passar do tempo, as duas regiões (a capital e o interior) se uniram e obtiveram a independência em 1961. De 1991 a 2000, o país sofreu muito devido a uma guerra civil. Para terminá-la. a ONU e forças militares britânicas desarmaram 17 mil milicianos e rebeldes, na maior ação de manutenção da paz da ONU da década de 1990 (informações e imagens obtidas da Wikipédia).

  • População: 6.005.250 (est. 2006)
  • Taxa de mortalidade infantil: total: 160,39 mortes/1.000 nascimentos; homens: 177,47 mortes/1.000 nascimentos; mulheres: 142,8 mortes/1.000 nascimentos (est. 2006)
  • Expectativa de vida ao nascer: população total: 40,22 anos; homens: 38,05 anos; mulheres: 42,.46 anos (est. 2006)
  • Número de pessoas com AIDS: 170,000 (7% da população - est. 2001)
  • Taxa de alfabetização: definição: maiores de 15 anos que podem ler e escrever. População total: 29,6%; homens: 39,8%; mulheres: 20,5% (est. 2003)
  • PIB (Produto Interno Bruto): US$ 5,38 bilhões (est. 2006)
  • PIB per capita: US$ 900 (est. 2006)
  • População abaixo do nível de pobreza: 68% (est. 2005)
  • Número de estações de rádio: AM 1, FM 9 (2004)
  • Número de estações de TV: 2 (2004)
  • Principais recursos naturais: diamante, minério de titânio, bauxita, minério de ferro, ouro, cromita

Mais um filme assistido, desta vez no cinema. Chama-se "Diamante de Sangue" e tem como principal "atrativo" o ator Leonardo DiCaprio (que, por sinal, tem excelente atuação). E, após mais um filme sobre a situação na África, mais reflexões sobre a vida e, principalmente, sobre as reclamações sobre a própria vida. Informações sobre o filme (com spoilers) podem ser obtidas clicando-se aqui.

A situação em Serra Leoa parece ser pior do que a de Ruanda, pelo menos em termos estatísticos. A renda per capita de Ruanda é maior, de US$ 1.600 (mil e seiscentos dólares, ou R$ 3.408) por ano, enquanto a renda per capita de Serra Leoa é de US$ 900 (novecentos dólares, ou R$ 1.917) por ano. Os ruandenses devem estar extremamente felizes, pois ganham quase o dobro do que seus companheiros de continente. E olhem que Ruanda fica muito mais no interior da África do que Serra Leoa e tem muito menos recursos naturais...

Tirando a ironia de lado, este é mais um filme que nos faz pensar: como é possível o ser humano chegar a tal nível de vida? O filme mostra como a "Frente Revolucionária Unida" (RUF, em inglês), em nome da "libertação" do país, atacava, saqueava e dizimava aldeias no interior do país, matando pais e mães e ficando com os filhos pequenos, objetivando "convertê-los" à sua ideologia e utilizá-los como "crianças-soldado", ou seja, crianças que lutavam com armas e tudo o mais contra o governo estabelecido. Além disso, mais uma vez, o filme mostra o desprezo que as chamadas "potências ocidentais" têm pelo continente africano. A ONU e/ou ocidentais não aparecem diretamente no filme, mas são mostrados como os "brancos" que apenas têm interesses jornalísticos, econômicos, financeiros ou políticos no país, mas nenhum interesse social no sentido de melhorar a vida daquelas pessoas. (Apenas a título de curiosidade, acredita-se que existam entre 200 e 250 mil crianças-soldado na África nos dias de hoje. Crianças-soldado estão sendo usadas em conflitos armados ainda presentes no Burundi, na Costa do Marfim, na República Democrática do Congo, em Ruanda, em Serra Leoa, na Somália, no Sudão e em Uganda.)

O filme mostra, também, o que faz a indústria de diamantes: deixa claro que as empresas que compram os tais "diamantes de sangue" (assim chamados porque as milícias extraem os diamantes, que são contrabandeados para fora do país de maneira oficial ou extra-oficial, e o dinheiro recebido pela venda dos mesmos é utilizado na compra de armas para os conflitos) sabem da origem "sangrenta" de tais diamantes, mas não se importam com isso. Ainda, o filme mostra que as empresas são donas de grandes quantidades de pedras preciosas, mas as deixam guardadas em cofres para que o preço de revenda continue alto -- é a velha estratégia de segurar o produto pra que o preço suba. Dá até a impressão de que diamantes não são tão raros assim como se divulga.

Enfim, como disse antes, este filme é mais um que faz pensar. Sugiro fortemente a todos que assistam a tal filme e que tentem enxergá-lo para além de um mero "momento de diversão". O filme é longo, tem mais ou menos duas horas e quinze minutos (eu adorei isso), mas compensa e muito. Acredito que todos aqueles que se disponham a assistir ao filme tentando ver no mesmo "algo mais" sairão com a pulga atrás da orelha, e pensarão duas vezes quando visitarem lojas tais como Swarowski: será que as pedras preciosas ali à venda não financiaram um AK-47?


25 de janeiro de 2007

Sobre livros de Filosofia

É por estas e outras que as pessoas acham que a filosofia é algo inútil.

Como vocês bem sabem, estou lendo o livro intitulado "Temas de filosofia do direito: velhas questões, novos cenários". Olhando-se o sumário, o livro parece ser extremamente interessante: mostra como determinadas questões da filosofia do direito estão sendo vistas neste início de século XXI. Lendo-se a introdução, fica-se mais empolgado ainda com o livro.

No entanto, quando começamos a lê-lo, o livro torna-se cansativo. Anteontem li o primeiro capítulo, que fala sobre a questão da desobediência civil e sobre como a desobediência civil pode (e deve, na visão do autor) ser garantida constitucionalmente. O assunto é interessante, mas o texto não: o autor tem boas idéias sobre o assunto, mas não sabe expô-las de maneira atrativa para o leitor. Modéstia um pouco à parte, até eu, que tenho gosto por este tipo de leitura, achei o texto maçante. Fico imaginando um aluno de primeiro ou segundo semestre do curso de Direito: com certeza, tal aluno acharia o texto um saco, e com razão não iria querer lê-lo.

Hoje li o segundo capítulo. Fala sobre a questão da eficiência: como obter eficiência de uma lei? E, mais ainda, como coordenar a idéia de eficiência com a idéia de moral? Tema extremamente interessante se considerarmos dois pontos um tanto quanto contraditórios, quais sejam: 1) Toda lei deve ser eficiente, no sentido de efetivamente concretizar alguma coisa da melhor maneira possível para o maior número de pessoas possível (senão a todas); 2) Qual é a melhor maneira possível de se fazer algo para o maior número de pessoas possível (senão a todas)? O que eu acho correto pode não ser eficiente, em termos de gestão estatal (gasto de recursos públicos para se atingir um bem comum -- ainda que isto seja impossível). Por outro lado, o que o governo acha eficiente, em uma relação custo x benefício, pode não ser moralmente correto (não apenas pra mim, mas pra muitas pessoas). A autora do capítulo dois trabalha com tais idéias, que considero fundamentais nos dias de hoje na área da filosofia, da política e do direito.

No entanto, tenho certeza de que tais textos seriam vistos como extremamente chatos por alunos do curso de direito. E não é pra menos: ao invés de tratar a coisa de maneira direta, clara e objetiva, os autores acabaram "empolando" demais sua linguagem, transformando o que deveria ser um artigo acadêmico-educativo em um artigo que pode ser bem analisado apenas por aqueles que já são conhecedores do assunto, ou por aqueles que já têm uma boa base sobre os temas. Não houve a preocupação, dos autores, em esmiuçar os temas de modo que qualquer um pudesse ler os textos, compreendê-los e debatê-los. Ao meu ver, uma falha terrível, pois considero que o conhecimento deve ser distribuído a todos da maneira mais aberta possível, de maneira que todos possam compreender o que está sendo dito.

Para expor melhor o que quero dizer, pego aqui emprestadas algumas das idéias de Jörn Rüsen, divulgadas em seu livro Razão histórica. Foi um livro que li quando estava fazendo uma disciplina do doutorado em História na UnB, e que penso seriamente em adotar em todas as minhas disciplinas (por mais que, se eu fizer isto, tenho certeza, surgirão conflitos com os outros professores de metodologia).

Em determinada parte de seu livro, Rüsen destaca o que ele chama de critérios de verdade do pensamento histórico. Tais critérios são necessários para poder distinguir-se a história-“senso comum” da história-“ciência”: apenas quando determinada narrativa histórica atender a tais critérios de verdade poderá então ela ser considerada científica; caso contrário, nada mais será do que um artefato que não deverá ser tratado no âmbito da história, e sim da literatura. Rüsen destaca três pontos que irão verificar se determinada narrativa histórica pode ser considerada científica ou não. São eles: 1) O conteúdo experiencial; 2) A significação; 3) O sentido.

Irei passar direto pelos pontos 1 e 2, pois os mesmos não me interessam para o que quero destacar aqui. O importante é destacar o terceiro ponto, ou seja, a questão do sentido. Se não houver sentido em uma história, ou seja, se sua idéia principal não for claramente expressa, tal narrativa perde sua validade científica. Como o próprio Rüsen (2001, p. 120-1) afirma:

A narrativa histórica torna-se especificamente científica quando obedece a uma regra que imponha ao narrador (historiador) explicitar e fundamentar os critérios (as idéias) que determinam, para ele, a instituição de sentido, as seleções de fatos e significados que se fazem com eles e a síntese entre ambos. Como fator de constituição de sentido, as histórias têm sempre um “fio condutor”. (...) O caráter científico do pensamento histórico depende do modo como esses fios condutores organizam o conhecimento histórico.

Rüsen destaca também o fato de que apenas com a união destes três itens é possível determinar se dada narrativa histórica é científica ou não. Ela não pode apenas apresentar vestígios empíricos; também não pode apenas estar relacionada com os valores e as normas vigentes; ainda, não pode apenas ser apresentada como uma boa história, narrativamente falando. Apenas por meio da união destes três itens será possível definir como científica determinada narrativa, ou seja, apenas quando ela ao mesmo tempo apresentar dados empíricos, possuir significado normativo e valorativo e quando a exposição de suas idéias, ou seja, quando a historiografia, for feita de maneira concatenada, permitindo que o leitor efetivamente compreenda o que está sendo narrado.

Quero destacar a última frase: algo só é considerado científico se o texto for escrito de maneira concatenada, permitindo que o leitor efetivamente compreenda o que está sendo narrado. E a grande maioria dos livros de filosofia não é escrita assim! À exceção, é claro, de manuais básicos, introdutórios, que servem apenas para introduzir o aluno no mundo da filosofia (como o livro Convite à filosofia, de Marilena Chauí), a grande maioria dos livros específicos de filosofia do direito, que tratam de assuntos relevantes para a formação básica de um aluno de direito, são escritos em uma linguagem empolada, a qual não é compreendida pelo aluno do primeiro ou segundo semestre e que não é interessante para a mente já cristalizada do aluno do oitavo ou nono semestre (períodos em que, de maneira geral, a disciplina "Filosofia" é ministrada aos alunos dos cursos de direito, ou no início, ou no fim do curso).

Quer dizer, os próprios autores escrevem textos que são oficialmente direcionados para alunos do curso de direito, mas que na prática são compreensíveis apenas por aqueles que já têm um conhecimento básico sobre o tema. Se tal situação não for mudada, ou seja, se não se escreverem livros sérios sobre o assunto, mas com linguagem acessível, a filosofia continuará sendo vista como algo "inútil", que não serve pra nada, muito bem caracterizada por aquela situação em que alguém começa a falar demais e os outros já dizem "fulano tá filosofando". A filosofia é extremamente interessante e importante, não apenas para alunos do curso de direito, mas para todo e qualquer mortal, pois ensina a pensar. Faz "só" isso. Mas, repito, enquanto os livros e textos filosóficos forem escritos para os já "iniciados", a filosofia continuará sendo uma disciplina à parte, isolada, envolta em um mistério que impede que os outros a conheçam a fundo. Enquanto iniciativas tais como a de Jostein Gaarder, que escreveu O mundo de Sofia, ou a de Eduardo Bittar, com seu Curso de filosofia do direito, forem iniciativas pontuais, e não disseminadas no mercado editorial, a filosofia continuará sendo vista como algo "estranho" ao ser humano -- quando, na verdade, ela é intrínseca a todos nós. E depois reclamam que os alunos não se interessam pela leitura!


24 de janeiro de 2007

Ruanda

Hoje à tarde vi um filme chamado "Hotel Ruanda". Sugiro a todos que o vejam assim que possível. Informações preliminares (com spoilers) estão disponíveis aqui.

Ruanda é um pequeno país montanhoso da África, encravado entre Uganda a norte, Tanzânia a leste, Burundi a sul e a República Democrática do Congo a oeste. Vejam no mapa onde o país fica: bem no meio da África (obs.: informações e imagem copiadas da Wikipédia).

O que mais me chamou a atenção não está apenas no filme: ao visitar a página sobre o país na Wikipédia, dei de cara com algumas estatísticas que me surpreenderam, por serem extremamente terríveis. Procurei, então, estatísticas mais atualizadas, e encontrei os seguintes números:

  • População: 9.038.248 (2005)
  • Taxa de mortalidade infantil: total: 89,61 mortes/1.000 nascimentos; homens: 94,71 mortes/1.000 nascimentos; mulheres: 84,34 mortes/1.000 nascimentos (2006)
  • Expectativa de vida ao nascer: população total: 47,3 anos; homens: 46,26 anos; mulheres: 48,38 anos (2006)
  • Número de pessoas com AIDS: 250.000 (2003)
  • Taxa de alfabetização: definição: maiores de 15 anos que podem ler e escrever. População total: 70,4%; homens: 76,3%; mulheres: 64,7% (2003)
  • PIB (Produto Interno Bruto): US$ 12,54 bilhões (2005)
  • PIB per capita: US$ 1.500 (2005)
  • População abaixo do nível de pobreza: 60% (2001)
  • Número de estações de rádio: AM 0, FM 2 (2005)
  • Número de estações de TV: 2 (2004)

A BBC, em uma reportagem, afirma que "cerca de 65% dos ruandeses estão abaixo da linha de pobreza - vivem com menos de US$ 1 por dia."

O PIB per capita de Ruanda coloca o país na posição nº 160 no mundo. Em média (é bom destacar: em média, o que significa dizer que nem todos ganham isso) cada habitante do país ganha US$ 1.500 (ou R$ 3.210) por ano. O IDH de Ruanda, de 0,450, coloca o país na posição nº 158 no mundo, em uma lista com 177 países.

Por que estou escrevendo estas coisas? Pra mostrar o quanto reclamamos da vida. Eu, que estou aqui escrevendo, bem como você, que está aí me lendo, reclama da vida o tempo todo. A reclamação maior é a falta de dinheiro, seja pra comprar um monitor de 19 polegadas LCD novo (foi minha reclamação de hoje de manhã), seja pra comprar um vestido que custa R$ 280 (foi a reclamação da minha irmã hoje), seja pra sair, se divertir, estudar ou fazer sei lá o que. Nós, brasileiros da "sofrida" classe média, reclamamos que o governo nos tira quase um quarto do que produzimos em um ano sob a forma de impostos. Reclamamos de tudo, o tempo todo. E nos esquecemos de que neste mesmo planeta em que habitamos existem pessoas que estão em situações muitíssimo piores que as nossas. Será que não é hora de pararmos de reclamar e fazermos alguma coisa para tentar melhorar nossas vidas -- nossas, do mundo inteiro?

Frases

Muito se fala de Paulo Coelho. Uns dizem que ele é o melhor autor do mundo, outros dizem que é o pior. Eu, pessoalmente, não levo muito em consideração o que "críticos" dizem sobre livros, revistas e filmes (a única exceção que levo a sério é o site Omelete, sobre cinema). Especificamente sobre o Paulo Coelho, eu li cinco livros dele: "O diário de um mago", "O alquimista", "Manual do guerreiro da luz", "O demônio e a srta. Prym" e o mais recente, "A bruxa de Portobello". Gostei de todos os que li, apesar de ter achado o último um tanto quanto superficial.

Mesmo assim, destaquei algumas frases no livro (eu risco mesmo) e, por achá-las interessante, irei publicá-las de quando em quando aqui no blog. Espero que tais frases ou trechos possam fazê-los refletir sobre determinados assuntos que eu considero importante.

"Ai daqueles que buscam pastores, ao invés de ansiar pela liberdade! O encontro com a energia superior está ao alcance de qualquer um, mas está longe daqueles que transferem sua responsabilidade para os outros. Nosso tempo nesta terra é sagrado, e devemos celebrar cada momento.

"A importância disso foi completamente esquecida: até mesmo os feriados religiosos se transformaram em ocasiões para se ir à praia, ao parque, às estações de esqui. Não há mais ritos. Não se consegue mais transformar as ações oridnárias em manifestações sagradas. Cozinhamos reclamando da perda de tempo, quando podíamos estar transformando amor em comida. Trabalhamos achando que é uma maldição divina, quando devíamos usar nossas habilidades para nos dar prazer, e para espalhar a energia da Mãe.

"(...) O mundo físico e o mundo espiritual são a mesma coisa. Podemos enxergar o Divino em cada grão de poeira, e isso não nos impede de afastá-lo com uma esponja molhada. O divino não parte, mas se transforma na superfície limpa."

COELHO, Paulo. A bruxa de Portobello. São Paulo: Ed. Planeta do Brasil, 2006. Pág. 20-21.

Controle de Leitura

Até o momento, li dois livros neste ano, que são os seguintes:

1) "Russia under the old regime". Autor: Richard Pipes. 361 pág., em inglês. Início no dia 03 de janeiro, término dia 08 de janeiro.


2) "A bruxa de Portobello". Autor: Paulo Coelho. 293 pág., em português. Início no dia 22 de janeiro, término no dia 23 de janeiro.

Ontem (dia 23 de janeiro) iniciei a leitura do terceiro:

3) "Temas de filosofia do direito: novos cenários, velhas questões". Autor: Eduardo C. Bittar (org.). 260 pág., em português. Quando terminar de lê-lo, aviso por aqui.

Retorno!

Pois bem, eis que voltei à ativa aqui no blog. Desde domingo estava sem monitor, porque o flyback do meu queimou (aliás, de uma maneira bastante "assustadora", diria eu: fazendo uns barulhos muito estranhos, dando uns estalos e soltando uma fumacinha bacana, além de um cheirinho não muito bom...). Enfim, levei-o a uma loja aqui perto de casa, e os viadinhos não haviam me respondido até hoje de manhã. Mas como sou um pouquinho "chato", fiquei tanto no pé que o cara me deu uma resposta de quando o meu estará pronto (na próxima segunda-feira) e, além disso, me emprestou um outro monitor pra eu ir usando. O ruim é o tamanho: este emprestado é de 14 polegadas, e o meu é de 19 com tela plana... Então sintam o drama! Diferença drástica que me faz sentir saudades do meu "menino".

A partir de hoje, vou fazer aqui no blog um "controle de leitura": vou informar quando começo e quando termino de ler os livros que leio. Não é pra me exibir nem nada, como provavelmente alguns pensarão. Apenas quero manter um controle do que li e quando li neste ano de 2007. E se acharem que estou sendo metido, tenho uma solução simples: é só vocês pararem de ler meu blog :P

No mais é isso. Daqui a pouco escrevo mais.

20 de janeiro de 2007

Uma vergonha

Assistam e tirem suas próprias conclusões.

http://www.youtube.com/watch?v=gdzu-fqrWxQ