27 de janeiro de 2007

Serra Leoa

Serra Leoa é um país da África Ocidental, limitado a norte e a leste pela Guiné, a sudeste pela Libéria e a sul e a oeste pelo Oceano Atlântico. Durante o século XVIII, Serra Leoa foi um importante centro do comércio transatlântico de escravos. A capital, Freetown, foi fundada em 1792 pela "Companhia Serra Leoa" como um refúgio para os "negros ingleses" que lutaram pela Grã-Bretanha na guerra de independência dos Estados Unidos. Em 1808, a cidade de Freetown se tornou uma colônia do Império Britânico, e em 1896 o interior do país se tornou um protetorado britânico. Com o passar do tempo, as duas regiões (a capital e o interior) se uniram e obtiveram a independência em 1961. De 1991 a 2000, o país sofreu muito devido a uma guerra civil. Para terminá-la. a ONU e forças militares britânicas desarmaram 17 mil milicianos e rebeldes, na maior ação de manutenção da paz da ONU da década de 1990 (informações e imagens obtidas da Wikipédia).

  • População: 6.005.250 (est. 2006)
  • Taxa de mortalidade infantil: total: 160,39 mortes/1.000 nascimentos; homens: 177,47 mortes/1.000 nascimentos; mulheres: 142,8 mortes/1.000 nascimentos (est. 2006)
  • Expectativa de vida ao nascer: população total: 40,22 anos; homens: 38,05 anos; mulheres: 42,.46 anos (est. 2006)
  • Número de pessoas com AIDS: 170,000 (7% da população - est. 2001)
  • Taxa de alfabetização: definição: maiores de 15 anos que podem ler e escrever. População total: 29,6%; homens: 39,8%; mulheres: 20,5% (est. 2003)
  • PIB (Produto Interno Bruto): US$ 5,38 bilhões (est. 2006)
  • PIB per capita: US$ 900 (est. 2006)
  • População abaixo do nível de pobreza: 68% (est. 2005)
  • Número de estações de rádio: AM 1, FM 9 (2004)
  • Número de estações de TV: 2 (2004)
  • Principais recursos naturais: diamante, minério de titânio, bauxita, minério de ferro, ouro, cromita

Mais um filme assistido, desta vez no cinema. Chama-se "Diamante de Sangue" e tem como principal "atrativo" o ator Leonardo DiCaprio (que, por sinal, tem excelente atuação). E, após mais um filme sobre a situação na África, mais reflexões sobre a vida e, principalmente, sobre as reclamações sobre a própria vida. Informações sobre o filme (com spoilers) podem ser obtidas clicando-se aqui.

A situação em Serra Leoa parece ser pior do que a de Ruanda, pelo menos em termos estatísticos. A renda per capita de Ruanda é maior, de US$ 1.600 (mil e seiscentos dólares, ou R$ 3.408) por ano, enquanto a renda per capita de Serra Leoa é de US$ 900 (novecentos dólares, ou R$ 1.917) por ano. Os ruandenses devem estar extremamente felizes, pois ganham quase o dobro do que seus companheiros de continente. E olhem que Ruanda fica muito mais no interior da África do que Serra Leoa e tem muito menos recursos naturais...

Tirando a ironia de lado, este é mais um filme que nos faz pensar: como é possível o ser humano chegar a tal nível de vida? O filme mostra como a "Frente Revolucionária Unida" (RUF, em inglês), em nome da "libertação" do país, atacava, saqueava e dizimava aldeias no interior do país, matando pais e mães e ficando com os filhos pequenos, objetivando "convertê-los" à sua ideologia e utilizá-los como "crianças-soldado", ou seja, crianças que lutavam com armas e tudo o mais contra o governo estabelecido. Além disso, mais uma vez, o filme mostra o desprezo que as chamadas "potências ocidentais" têm pelo continente africano. A ONU e/ou ocidentais não aparecem diretamente no filme, mas são mostrados como os "brancos" que apenas têm interesses jornalísticos, econômicos, financeiros ou políticos no país, mas nenhum interesse social no sentido de melhorar a vida daquelas pessoas. (Apenas a título de curiosidade, acredita-se que existam entre 200 e 250 mil crianças-soldado na África nos dias de hoje. Crianças-soldado estão sendo usadas em conflitos armados ainda presentes no Burundi, na Costa do Marfim, na República Democrática do Congo, em Ruanda, em Serra Leoa, na Somália, no Sudão e em Uganda.)

O filme mostra, também, o que faz a indústria de diamantes: deixa claro que as empresas que compram os tais "diamantes de sangue" (assim chamados porque as milícias extraem os diamantes, que são contrabandeados para fora do país de maneira oficial ou extra-oficial, e o dinheiro recebido pela venda dos mesmos é utilizado na compra de armas para os conflitos) sabem da origem "sangrenta" de tais diamantes, mas não se importam com isso. Ainda, o filme mostra que as empresas são donas de grandes quantidades de pedras preciosas, mas as deixam guardadas em cofres para que o preço de revenda continue alto -- é a velha estratégia de segurar o produto pra que o preço suba. Dá até a impressão de que diamantes não são tão raros assim como se divulga.

Enfim, como disse antes, este filme é mais um que faz pensar. Sugiro fortemente a todos que assistam a tal filme e que tentem enxergá-lo para além de um mero "momento de diversão". O filme é longo, tem mais ou menos duas horas e quinze minutos (eu adorei isso), mas compensa e muito. Acredito que todos aqueles que se disponham a assistir ao filme tentando ver no mesmo "algo mais" sairão com a pulga atrás da orelha, e pensarão duas vezes quando visitarem lojas tais como Swarowski: será que as pedras preciosas ali à venda não financiaram um AK-47?


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