24 de janeiro de 2007

Ruanda

Hoje à tarde vi um filme chamado "Hotel Ruanda". Sugiro a todos que o vejam assim que possível. Informações preliminares (com spoilers) estão disponíveis aqui.

Ruanda é um pequeno país montanhoso da África, encravado entre Uganda a norte, Tanzânia a leste, Burundi a sul e a República Democrática do Congo a oeste. Vejam no mapa onde o país fica: bem no meio da África (obs.: informações e imagem copiadas da Wikipédia).

O que mais me chamou a atenção não está apenas no filme: ao visitar a página sobre o país na Wikipédia, dei de cara com algumas estatísticas que me surpreenderam, por serem extremamente terríveis. Procurei, então, estatísticas mais atualizadas, e encontrei os seguintes números:

  • População: 9.038.248 (2005)
  • Taxa de mortalidade infantil: total: 89,61 mortes/1.000 nascimentos; homens: 94,71 mortes/1.000 nascimentos; mulheres: 84,34 mortes/1.000 nascimentos (2006)
  • Expectativa de vida ao nascer: população total: 47,3 anos; homens: 46,26 anos; mulheres: 48,38 anos (2006)
  • Número de pessoas com AIDS: 250.000 (2003)
  • Taxa de alfabetização: definição: maiores de 15 anos que podem ler e escrever. População total: 70,4%; homens: 76,3%; mulheres: 64,7% (2003)
  • PIB (Produto Interno Bruto): US$ 12,54 bilhões (2005)
  • PIB per capita: US$ 1.500 (2005)
  • População abaixo do nível de pobreza: 60% (2001)
  • Número de estações de rádio: AM 0, FM 2 (2005)
  • Número de estações de TV: 2 (2004)

A BBC, em uma reportagem, afirma que "cerca de 65% dos ruandeses estão abaixo da linha de pobreza - vivem com menos de US$ 1 por dia."

O PIB per capita de Ruanda coloca o país na posição nº 160 no mundo. Em média (é bom destacar: em média, o que significa dizer que nem todos ganham isso) cada habitante do país ganha US$ 1.500 (ou R$ 3.210) por ano. O IDH de Ruanda, de 0,450, coloca o país na posição nº 158 no mundo, em uma lista com 177 países.

Por que estou escrevendo estas coisas? Pra mostrar o quanto reclamamos da vida. Eu, que estou aqui escrevendo, bem como você, que está aí me lendo, reclama da vida o tempo todo. A reclamação maior é a falta de dinheiro, seja pra comprar um monitor de 19 polegadas LCD novo (foi minha reclamação de hoje de manhã), seja pra comprar um vestido que custa R$ 280 (foi a reclamação da minha irmã hoje), seja pra sair, se divertir, estudar ou fazer sei lá o que. Nós, brasileiros da "sofrida" classe média, reclamamos que o governo nos tira quase um quarto do que produzimos em um ano sob a forma de impostos. Reclamamos de tudo, o tempo todo. E nos esquecemos de que neste mesmo planeta em que habitamos existem pessoas que estão em situações muitíssimo piores que as nossas. Será que não é hora de pararmos de reclamar e fazermos alguma coisa para tentar melhorar nossas vidas -- nossas, do mundo inteiro?

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