22 de junho de 2007

Amor x apego

Eu não sou contrário ao amor, como me perguntaram. Eu sou contrário ao apego. Já deixei isso claro nas minhas postagens de ontem, mas resolvi vir aqui hoje apenas para fazer breves comentários sobre o assunto.

Tive uma namorada com a qual me encontrava todos os dias (estudávamos juntos na UnB). Passávamos praticamente o dia inteiro juntos, nos vendo nos intervalos das aulas, e também ficávamos juntos após a aula. Saíamos da UnB por volta das 18 h, e eu voltava para casa apenas por volta de 22:30 h da noite. Nos finais de semana também estávamos quase sempre juntos.

Só que este excesso de presença começou a me incomodar. Às vezes eu queria ficar sozinho, mas acabava cedendo e ficando com ela. Às vezes eu queria fazer coisas com minha família, mas eu acabava cedendo e ficando com ela. Ok, culpa minha, eu sei. Não nego.

Mas houve o momento de "rebeldia": cansei daquela situação e comecei a ficar em casa nos fins de semana. Comecei a sair da UnB e ir direto pra casa, sem passar a noite com ela. Eu precisava respirar.

Aí chegamos aonde eu queria: houve uma vez em que discutimos tal situação, e eu falei que ela era muito apegada a mim, e que isso era ruim. E ela respondeu com a frase clássica: "eu não sou apegada, eu apenas te amo." E, naquela época, eu estava iniciando minha caminhada para o lado negro da Força: apenas respondi "ama nada, isso é apego. Não se apegue a mim, pois eu não gosto disso."

Discussões e descrições à parte, o que importa é que, na minha opinião, amor e apego são duas coisas totalmente diferentes. O fato de um indivíduo estar apegado a outra pessoa não quer dizer que o primeiro ama o segundo. Eu vejo a coisa da seguinte maneira: o apego é quando gosto de alguém e não consigo viver sem a pessoa, enquanto o amor é quando gosto de alguém e consigo viver sem a pessoa.

É muito difícil explicar tais sentimentos, pois eu creio que seja uma pessoa diferente neste sentido. Mas vou explicar falando sobre minha falecida vovó. Quando ela se foi, obviamente que fiquei triste, chorei muito e achei que não iria mais conseguir viver (pode parecer dramático, mas é verdade). No entanto, quatro dias depois eu já estava indo ao apartamento no qual ela morava e não sentia tristeza. Ao contrário, sentia-me, de certa forma, feliz por saber que ela está em um ótimo lugar. Claro que a saudade é constante, e ainda hoje, quase 3 anos depois do falecimento dela, às vezes ainda choro e sinto falta. Mas não é um sentimento insuportável, pois eu creio que, por amá-la, sinto-me tranqüilo em relação a ela.

A tranqüilidade não existiu, por exemplo, em relação à minha segunda namorada (não é a mesma citada anteriormente). Acho que por ela eu tinha um apego muito grande, tanto que nosso processo de "morte" durou por volta de seis meses -- e, diria eu, foi muito mais doloroso e trabalhoso do que o processo de separação da minha vovó. Claro que, em um caso, uma pessoa faleceu e não há muito o que fazer, enquanto que no outro caso a pessoa está fisicamente viva e eu posso vê-la a qualquer momento. Mas hoje, retrospectivamente falando, acredito ser possível dizer que, por tal namorada, eu não nutria um sentimento de amor, e sim de apego. Um sentimento de apego que me fez sofrer muito mais quando nós terminamos do que quando minha vovó faleceu.

É neste sentido que afirmo que amor e apego são duas coisas bem diferentes. O fato de eu estar apegado por alguém não quer dizer que eu ame tal pessoa. Ao contrário: creio que, quando estamos apegados a alguém, estamos sendo extremamente egoístas e -- digamos assim -- estamos amando apenas a nós mesmos, pois não nos importa o que o outro quer fazer. Importa-nos apenas a satisfação daquela necessidade que temos de ter o outro por perto -- sentimento bastante egoísta e individualista. Por outro lado, quando amamos verdadeiramente, podemos até mesmo discordar do que os outros estão fazendo (eu, por exemplo, discordo bastante, às vezes, do que o que meu pai ou minha mãe fazem), mas continuando amando a pessoa independentemente disso.

Bom, por hoje era isso que eu queria dizer. Não sei se fui bem claro, pois, como disse, isso é algo bem íntimo meu, bem subjetivo, e não sei se consegui explicitar o que queria. Em todo caso, é o que penso e, mais importante, o que sinto... E, para auxiliar-me com estas "coisas do coração", nada melhor do que um livrinho de filosofia! :P


2 comentários:

Anônimo disse...

Caramba Chu, adorei sua postagem. Fico feliz quando vc fica inspirado para escrever, sempre sai temas interessantes e que me fazem pensar. Esse vai entrar para o meu top 10 :)

Beijos

Kukla disse...

Fico puta quando vcs acham que todas as mulheres se apegam. Nunca acreditam na bosta do amor, pode até ser. Droga.heheehe
Mas concordo com você.
Beijos.