24 de julho de 2007

Confiança/desconfiança

(Original aqui)

O noticiário tem sido negativo para a imagem do país. Há tempos se discute o problema da infra-estrutura. De repente, sai a notícia: investimentos estrangeiros diretos (IED) chegam a US$ 10,3 bilhões em junho, um recorde absoluto. Investimentos externos indicam confiança no país. Como se combina isso?

Primeiro, a carência de infra-estrutura (estradas, portos, ferrovias, hidrovias e aeroportos) não inviabiliza o país, a não ser em casos extremos. Apenas aumenta o custo de se operar nesse país e limita a capacidade de crescimento. Mas muitas atividades continuam lucrativas.

Continua sendo muito lucrativo e eficiente produzir álcool e cana no país. Idem para aço, minérios, papel e celulose. (Aliás, a maior parte dos dólares que entraram em junho se destinava à compra de uma siderúrgica aqui instalada, a Arcelor, pela indiana Mittal).

Outra parte expressiva do dinheiro do IED de junho foi para pagar a compra da Serasa, empresa especializada na avaliação do risco de crédito. A Serasa já é uma baita empresa e, além disso, o crédito no Brasil está em expansão, uma consequência direta do fim da inflação da estabilização da economia.

Por outro lado, é difícil avaliar o efeito negativo dos problemas de infra-estrutura. Como medir coisas que não acontecem?

Uma empresa desiste de instalar uma fábrica por temer a falta de energia. Isso não aparece nas contas. Mas a gente sabe do que está acontecendo conversando com os chamados agentes econômicos.

E verificando os problemas reais. Por exemplo: empresas orientam seus funcionários para que não marquem compromissos no dia da viagem aérea. Isso é custo.


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