3 de setembro de 2007

China é o país da pirataria também na internet

(Original aqui)

A China não “inventou” a internet mas, a julgar por um “furo” do “Financial Times”, nesta segunda (03/09), inventou o melhor jeito de espionar pela internet. E conseguiu o sonho de todo hacker: entrar nos computadores do Pentágono, incluindo a rede que serve para as mensagens de e-mail (não classificadas) do Secretário de Defesa americano, Robert Gates.

O ataque foi tão bem sucedido, a ponto do Pentágono ter sido obrigado a desligar por uma semana uma de suas redes internas. E a contra-espionagem virtual não teve grandes dificuldades em detectar de onde veio a infiltração – veio de computadores do Exército chinês. A denúncia ocorreu no mesmo dia em que a chefe de governo alemã, Angela Merkel, queixava-se a autoridades chineses, durante visita oficial a Pequim, que “hackers” chineses haviam penetrado computadores do governo alemão.

O Exército popular regularmente pratica “scans” de redes de computadores de outros países, imitando uma prática iniciada pelos principais países ocidentais. Mas enquanto o Pentágono (e o Ministério da Defesa britânico, entre outros) diz ter tido pouco êxito em romper barreiras virtuais dos adversários, aparentemente os chineses se transformaram nos melhores “cyber spies” da atualidade.

Uma fonte americana citada pelo “Financial Times” diz que o Exército chinês provou com enorme sucesso ser capaz de obrigar ao fechamento de redes de defesa americanas, incluindo instituições ligadas ao Pentágono. “Eles mostraram que podem paralisar essas redes numa situação de conflito”, disse a fonte citada pelo diário londrino.

Por enquanto os chineses parecem mais preocupados em espionagem e não em sabotagem – para os especialistas, contudo, dificilmente uma coisa acaba andando sem a outra (em caso de conflito, evidentemente). O caso que vem sendo citado é o da Estônia, cujo governo teve os computadores sabotados por interferência da Rússia. A espionagem virtual tem um fator que a torna ainda mais complicada do que a “clássica” atividade de roubar segredos alheios: em muitos casos, os “hackers” conseguem assumir identidades falsas.

O problema da China é o grau de controle que o regime exerce sobre o acesso de seus cidadãos à internet. É o que faz os especialistas em segurança cibernética afirmarem que todo “hacker” baseado na China trabalha de uma maneira ou outra para o governo. No caso das reclamações da chefe de governo alemã, as autoridades chinesas disseram que elas também são vítimas de “hackers”, uma atividade que prometeram coibir.

Para o Pentágono, a infiltração chinesa parece ter sido sobretudo um grande dano de imagem. Aparentemente, o tipo de conteúdo veiculado na rede quebrada pelos chineses era menos sensitivo. Quanto ao secretário de Defesa, cujo gabinete era servido pela mesma rede, a saída encontrada para minimizar os danos foi, de fato, original. Gates se declarou um “oldtimer”, avesso a computadores e e-mails.


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