17 de outubro de 2007

Inflação? Qual inflação?

(Original aqui)

Reunião hoje, segunda, em Buenos Aires, entre a senadora Cristina Fernández de Kirchner, candidata favorita às eleições presidenciais, e a Associação de Empresários da Argentina. Os empresários perguntam sobre medidas para conter a inflação e crise energética.

A senadora: “A (AEA), dinâmica de preços na Argentina é mais que razoável, levando em consideração o nível de crescimento dos últimos anos”. Os empresários argumentam que os índices de preços estão elevados, mas a senadora explica: Refiro-me aos índices do Indec (instituto oficial) não aos preços da oposição.

Explicação: há alguns meses, insatisfeito com os resultados da inflação, o presidente Kirchner, o marido da candidata, mandou intervir no Indec, trocando os principais diretores, que logo mudaram métodos de pesquisa. Desde então, há uma ampla divergência entre a inflação medida pelo instituto oficial, um pouco abaixo de 10%, e aquela medida por consultorias e universidades, acima dos 20%.

Vejam como o Brasil está léguas na frente nesse quesito. Esse tipo de populismo já acabou. Ninguém questiona os números de IBGE, nem aqueles apresentados por outros institutos, universidades e consultorias. Os índices apresentam variações que decorrem de métodos e amostras diferentes, mas convergem para a mesma tendência, de inflação baixa, na meta.

Com a política de metas, aplicada desde 1999, temos inflação baixa, estável e uma ampla concordância de que isso foi uma conquista para o país, a ser preservada.

Já no que se refere à situação energética, estamos mais parecidos. Lá, empresários e consultorias independentes dizem que já existe uma crise de falta de energia. Para Cristina, porém, não tem problema. Houve apenas falta de energia por causa do forte crescimento da economia e de um inverno muito rigoroso.

Aqui, 100% dos consultores que não estão no governo dizem que já temos alguns problemas, como a falta de gás, e que corremos sério risco de apagão a partir de 2009. e que só não passamos por isso até aqui por sorte, o generoso regime de chuvas. O governo diz que é tudo coisa da oposição.

Não é por nada , não, mas nesse tipo de debate, e verificados os precedentes nacionais e estrangeiros, o governo geralmente está errado.


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