24 de outubro de 2007

A mídia e sua manipulação

Todos sabemos que a mídia manipula as informações e repassa para a sociedade apenas o que ela (ou aqueles que a controlam) querem que seja publicado. Pelo menos é assim que funciona na "mídia oficial", institucionalizada em rádios, TV's, jornais e revistas. Talvez na mídia informal, formada por blogs e sites pessoais, a coisa seja um pouco diferente, mas de maneira geral a coisa funciona desta maneira. Mas há tempos eu não lia uma reportagem tão descaradamente tendenciosa. Há tempos eu não via uma manipulação tão grotesca de fatos, e principalmente de idéias, para se apoiar uma visão de mundo.

A edição deste mês da revista Superinteressante traz como principal reportagem da capa uma matéria sobre a legalização das drogas. O texto se diz "informativo", com o objetivo de ajudar a formar a opinião das pessoas sobre o assunto.

O problema é que o texto é claramente tendencioso por apresentar apenas um lado da moeda -- o lado positivo da legalização. Na primeira parte do texto o autor fala sobre a origem das drogas, sobre a produção e sobre as falhas encontradas nos EUA no que diz respeito ao combate ao tráfico. Em uma segunda parte o texto vai falar dos benefícios da legalização -- como, por exemplo, o fato de que vender drogas deixaria de ser crime e, portanto, os traficantes perderiam muito de seu poder nos morros cariocas. Além disto, esta parte está baseada na experiência da Holanda, país no qual o consumo de droga não é mais considerado como crime.

Debater as drogas e sua influência no cotidiano das pessoas é fundamental e extremamente válido. Porém, o erro da revista foi trazer apenas um lado, o lado positivo, da legalização. E os lados negativos, não existem? Se a revista tivesse tratado o tema com imparcialidade, sem dúvida alguma o aproveitamento da matéria teria sido muito maior. Mas apresentar só um lado, sem dar ao leitor a liberdade para que ele conheça os dois lados e tire uma conclusão por conta própria, é algo que apenas envergonha a revista Superinteressante.


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