1 de outubro de 2007

O famoso "custo Brasil"

(Original aqui)

Parece tranqüilo, mas é custo Brasil

Passei por Congonhas na noite de ontem. Bem tranqüilo. O vôo saiu atrasado, mais do que os 15 minutos de tolerância, mas também não muito mais que isso. Sem correrias, inclusive no bar-balcao do térreo em que costumo comer um sushi.

Tudo bem?

Depende de que lado do balcão você se encontra. Por exemplo, fiquei sabendo que muitas pessoas que trabalhavam naquele bar perderam o emprego. O movimento chegou a cair pela metade, me contaram.

Provavelmente, parte dos empregos perdidos em Congonhas foi recuperada em Cumbica, que recebeu vôos novos.

Isso ameniza o problema geral, mas obviamente não alivia a vida dos que perderam o emprego em Congonhas. Serão outros a ocupar as vagas novas em Cumbica. E, no geral, houve perda de vagas.

Isso porque houve uma redução geral na oferta em todo o sistema aeroportuário. Menos vôos, menos passageiros, menos negócios para as agencias, menos sushis vendidos, menos pessoas para operar aviões, aeroportos, lojas e restaurantes.

Paciência, se diz. Tudo em nome da segurança.

Isso, entretanto, não elimina a questão central: a demanda por vôos foi reprimida, levando a uma queda em todos os negócios paralelos.

E a culpa é do governo, que manda nos aeroportos, no controle do tráfego aéreo e nos sistemas de segurança. Eis o resumo da ópera: a demanda aumentou e a infra-estrutura, operada e planejada pelo governo, não acompanhou.

Hoje, parece que a situação está sob controle.

Não está. O que fizeram foi reduzir a oferta, de modo a conter a demanda. Digamos que era o necessário – e inevitável – para o momento.

Mas onde estão os planos e as obras para ampliar de fato a malha aeroportuária? Há algumas reformas em andamento, mas nada que mude a estrutura do setor, como ampliação de fato e construção de novos aeroportos ou sistema de trem para os aeroportos mais distantes.

Parece tudo mais calmo, mas tem aí custo Brasil. Menos vôos, menos negócios e, daqui a pouco, preços mais caros.


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