23 de julho de 2009

O sétimo estado físico da matéria

(Original aqui.)

Sabe aquela história dos três estados físicos da matéria? Está ultrapassada. Acabo de descobrir que, desde 2003, são seis, SEIS!, os estados físicos e não só os míseros sólido, líquido e gasoso que aprendi no colégio. O que mais me espanta não é que eu não saiba uma coisa tão complexa dessas. É que, contrariando a lógica do conhecimento, a cada ano que passa eu fico uma ou duas toneladas mais ignorante que no ano anterior. Isso dói, sabe?

A coisa começou quando me perguntaram qual o estado físico do fogo. Estado físico perigoso? Quente? Resolvi ligar para o professor Cláudio Lenz Cesar, professor do Instituto de Física da UFRJ. “Xí, depende da cor do fogo.” Da cor? Ok, eu sempre soube que existem cores quentes e frias, mas não imaginava que os físicos levassem isso tão a sério. “Uma chama azulada ou violeta é bem mais quente que uma amarela ou vermelha”, ele disse. Ou seja, se o Sol fosse roxo, estaríamos literalmente fritos. O fogo amarelo de uma vela está no estado gasoso, mas a chama azul da boca de um fogão pode ter gás e plasma juntos.

Plasma. É isso mesmo, plasma, uma espécie de gás com íons quentíssimo que, embora seja para mim um completo desconhecido, é o estado físico mais abundante em todo o universo. “Está nas estrelas, no cosmo e até no miolo das lâmpadas fluorescentes.” Com isso, vê-se que minha ignorância, além de pesada, é vastíssima.

Os outros dois estados físicos da matéria são ainda mais assustadores. O quinto é a condensação de Bose-Einstein, descoberto em 1995, quando algum cientista maluco esfriou um gás atômico bem pertinho do zero absoluto – idéia que parece coisa de desocupado, mas que possibilita, hoje, que o trem-bala japonês Mag Lev se mova levitando, sem tocar nos trilhos. O último estado físico da matéria se chama condensado fermiônico e é bem recente, surgiu em 2003, depois que alguém conseguiu a proeza de botar dois elétrons emparelhados e condensá-los. Na prática, ainda não serve para muita coisa além de ajudar na construção de relógios atômicos ultraprecisos. O tipo de coisa que (espero) nem eu nem você usaremos um dia.

Depois disso, eu fiquei uns dois gramas mais inteligente, mas só por um nanossegundo, o tempo que meu cérebro levou para processar a idéia de que, enquanto você lê este post, algum cientista, em algum laboratório do mundo, está tentando descobrir coisas bem mais complexas. Qual é o estado físico do pensamento?

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