24 de julho de 2007

Satisfação

Não sei o por quê, mas estou sentindo uma certa satisfação em não ter começado as aulas hoje. Claro que este adiamento vai me prejudicar no final do ano -- ao invés de passar 50 dias na Rússia, terei de passar "apenas" 35 --, mas mesmo assim estou achando bom.

Há o lado positivo: na primeira semana de aula sempre há muita agitação, muito nervosismo (não no sentido negativo), muita zueira, muito barulho, e isto me atrapalha no momento de dar aula. Daqui duas semanas, muito provavelmente não haverá mais tal excitação inicial do semestre; ao contrário, haverá apenas o retraimento das turmas de primeiro semestre, que em 90% dos casos (ou até mais) ficam morrendo de medo dos professores durante duas ou até três semanas (e eu me divirto bastante com isso, é claro).

Infelizmente, o primeiro semestre de Direito será ministrado no prédio 4, o que significa dizer que estarei privado das companhias agradáveis que arrumei no semestre passado. E eeste semestre será ainda mais distante do prédio 2, pois absolutamente todas as turmas de primeiro semestre de Direito estarão no prédio 4 -- o que significa dizer que, pelo menos à noite, estarei de segunda a sexta em tal prédio, e não verei ninguém do semestre passado. E, das minhas três turmas do semestre passado, eu bem que gostaria de ter um contato constante com duas delas... Mas é a vida!


23 de julho de 2007

Apagão aéreo é exemplo de lamaçal político

(Original aqui)

A tragédia do Airbus da TAM continua gerando um péssimo noticiário internacional para o Brasil, e com toda justificativa. Faz parte do debate político brasileiro tentar dissociar cada um dos componentes da crise aérea e tomá-los como fatos isolados. É a postura adotada pelas autoridades, mas não é assim que a crise brasileira é vista lá fora.

Associações de internacionais de pilotos e de controladores têm sido acidamente críticas em relação ao Brasil e é difícil, do ponto de vista de um leigo, retirar-lhes considerável dose de razão. Apenas países africanos em guerra civil sofreram um apagão em seus céus como o que foi registrado por falha (até agora, segunda (23) à noite, não totalmente esclarecida) no sistema de radares de cobre a Amazônia e alguns dos principais “portões” aéreos de entrada para aviões que vem das Américas Central e do Norte.

É comum em países do Hemisfério Norte, na Europa e nos Estados Unidos, confusões em aeroportos causadas por fatores climáticos. O aeroporto de Heathrow, em Londres, por exemplo, passou fechado vários dias no meio do último inverno por culpa de neblina, provocando cenas de tumulto inéditas para viajantes europeus (infelizmente, já rotineiras para passageiros brasileiros).

Rio e São Paulo são os principais centros urbanos brasileiros, mas permanecem virtualmente separados por um oceano quando chove em São Paulo. Mesmo nos piores invernos, é difícil imaginar que não haja tráfego aéreo entre os aeroportos mais próximos do centro em Nova York e Washington. Há apenas um ano esse tipo de ocorrência – caos causado pelo clima – não se registrava na Ponte Aérea Rio-São Paulo. A lógica diante dos fatos impõe a conclusão de que alguma coisa grave está acontecendo.

Não ajudou, do ponto de vista da imagem internacional do País, o comportamento dos investigadores dos últimos acidentes. O primeiro, o da Gol, permanece sem resposta oficial – quando se pode supor que dados técnicos não faltam para esclarecer o que aconteceu para levar um Boeing e um Legacy a se chocaram a 11 quilômetros de altitude. Enviar sucata no lugar de uma caixa preta talvez desperte em mentes críticas a idéia de que os investigadores não foram cautelosos o suficiente.

A ânsia com que as autoridades brasileiras querem enxergar em possíveis causas técnicas a causa exclusiva do acidente dá a dimensão do tamanho do dano político que elas sabem que já sofreram. A “politização” da tragédia é o fator mais temido pelos que realmente pretendem entender o que aconteceu. Talvez seja essa politização, praticada a partir do Planalto (a ausência do presidente durante três é sua expressão mais eloqüente), o que tenha impedido até agora que se conclua oficialmente o que aconteceu na primeira tragédia.

Repito o que escrevi na última coluna: o apagão aéreo é, antes de mais nada, um excelente exemplo de políticos e administradores preocupados sobretudo consigo mesmos. E, se alguma imagem pode ser emblemática, então a do deslizamento de terra na cabeceira do aeroporto de Congonhas nesta segunda (23) – sim, aquela imagem de que tudo vai se esvaindo em lama.


Só um comentário de leve

São 20:50 h agora e eu estou aqui em casa tranqüilo, lendo notícias e tomando um cappuccino... Depois de uma manhã de trabalho (em casa, claro) e de uma tarde extremamente recompensante -- fui ver "Transformers" (legendado, é claro!). E, enquanto eu descanso em casa, os alunos ralam na faculdade... E eu aqui de boa... Maravilha!!!


Sobre o acidente com o avião da TAM

Agora são 00:30 h e acabou que estou vendo o início do Fantástico (ele é reapresentado na Globonews de domingo pra segunda, a partir das 00:05 h). Ao mesmo tempo, estou folheando a revista Época desta semana, e vi algumas imagens que me chamaram a atenção.

Como eu disse pra minha amiga Catharina, eu odeio aquelas historinhas de vida que a Globo monta com as pessoas que falecem em tragédias... Acho isso uma falta de respeito, uma exploração comercial da tragédia alheia. Ainda mais quando, depois de 25 minutos de Fantástico com aquele clima triste em relação à tragédia, eles cortam para o Pan e passam a entrevistar o Tiago Pereira, com suas 8 medalhas no Pan (se não me engano, 6 de ouro), e o clima do programa sai da tristeza profunda para a alegria extrema, mostrando como a mãe dele ficou torcendo por ele durante as competições...

Para terminar esta postagem meio melancólica, coloco logo abaixo as duas imagens às quais me referi no primeiro parágrafo desta postagem, bem como sua legenda original, como está na revista Época desta semana. Serve para refletirmos sobre a fragilidade da vida humana.

O DESCONSOLO
Na manhã do dia 18, um bombeiro caminha pelo local do acidente sem esperança de encontrar algum sobrevivente

A CONTAGEM
Carbonizados, os corpos retirados do avião começam a ser reconhecidos ainda no local do acidente


22 de julho de 2007

E dizem que política é chato

A criatura voltando-se contra seu criador: os EUA deram dinheiro aos Talibãs na década de 1980 para que estes lutassem contra os soviéticos, que haviam invadido o Afeganistão. E hoje os EUA lutam contra os Talibãs, que são a principal base formadora de terroristas no mundo -- dentre eles, nosso "querido" Osama Bin Laden. E a desgraça criada pelos EUA se espalha agora pelo Paquistão, que é governado por um ditador apoiado pelos EUA. Mas os EUA são contra ditaduras, tanto é que a guerra no Iraque, iniciada em 2003, tinha o objetivo de tirar Saddam Hussein, um ditador, do poder.

Viram como política é algo fascinante?


Um excelente domingo (2)

Por outro lado, continuando com a maravilha do domingo...

(Original aqui)

São Paulo bate Raposa e é vice-líder
Tricolor vence partida de virada no Mineirão, com um golaço do volante Hernanes

A melhor defesa segurou o melhor ataque do Brasileirão e desencantou. O São Paulo venceu o Cruzeiro, de virada, por 2 a 1, no Mineirão, e mandou para longe a crise que sobrevoava o Morumbi, já que a equipe paulista não ganhou nas últimas três rodadas. Com o resultado, o Tricolor chega a 22 pontos e passa a ocupar a vice-liderança do Brasileirão.

Os dois gols da vitória paulista saíram dos pés, e da cabeça, dos jogadores da defesa. O primeiro foi marcado pelo zagueiro Breno. Já a virada foi conquistada após um lindo lance do volante Hernanes.

O próximo adversário do Cruzeiro no Brasileirão é o Atlético Paranaense, em Curitiba. Já o São Paulo recebe o Sport no Morumbi.

De virada é mais gostoso

O São Paulo mudou de novo para enfrentar o Cruzeiro. No meio campo, Souza foi mantido. Leandro voltou à sua posição de origem e fez dupla de ataque com Borges. As alterações surtiram um efeito positivo, e o time do Muricy Ramalho passou a criar mais oportunidades.

As melhores chances de gol no primeiro tempo foram criadas pelo São Paulo. Mas quem abriu o placar foram os mineiros. Leandro Domingues, aos 33 minutos, aproveitou cruzamento na área, subiu mais do que todo mundo e mandou a bola para a rede de cabeça. Rogério Ceni nem se moveu debaixo da trave.

O gol incendiou ainda mais a partida, que já estava bastante movimentada, com jogadas de ataque criadas pelos dois lados. Aos 38 minutos, o Tricolor tentou igualar o placar. Ilsinho driblou dois zagueiros e tocou para Souza. O meia deu um corte para o meio e chutou, mas a bola desviou em Thiago Heleno e foi para fora.

Nos primeiros dez minutos do segundo tempo, os dois times diminuíram o ritmo de jogo. Mas isso só durou até o São Paulo encontrar a igualdade no placar. Jorge Wagner cobrou falta e Breno completou de cabeça. Na seqüência, o defensor, de apenas 17 anos, evita o Cruzeiro de marcar mais um gol. Araújo recebeu livre, chutou, mas... Breno apareceu para tirar a bola da direção do gol.

Aos 24 minutos, o São Paulo conseguiu virar o jogo. Em um lindo lance, Hernanes deu duas pedaladas na entrada da área e mandou uma bomba! Golaço!

Após conquistar a virada, o São Paulo passou a administrar a vantagem. Já o Cruzeiro se desesperava dentro de campo, tentando de todas as formas chegar, pelo menos, ao empate no Mineirão.


Um excelente domingo (1)

Sei que nada dura para sempre, mas temos de aproveitar os momentos...

(Original aqui)

Náutico vence e afunda Timão na crise
Em dia terrível para a defesa, Corinthians perde por 3 a 0 e tira Timbu da lanterna

A crise está instalada no Corinthians. Em uma de suas piores atuações no ano, o Timão conseguiu reabilitar o ex-lanterna Náutico, que estava há 62 dias sem vitórias, ao perder por 3 a 0, neste domingo, no Morumbi, se afundando ainda mais na zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Foi o sétimo jogo consecutivo sem resultados positivos do alvinegro.

Com o novo tropeço, o Corinthians despenca para a 17ª colocação, com apenas 14 pontos, e agora enfrenta o Figueirense, quarta-feira, às 21h45m, em Florianópolis. Já o Náutico, que não vencia desde a segunda rodada, chega aos dez pontos, em penúltimo, e recebe o Grêmio, também na quarta-feira, às 20h30m, em Recife.

Domingo trágico para o Timão

Sofrível! O show dos horrores no primeiro tempo começou logo aos 24 segundos, quando Fábio Ferreira furou na entrada da área e Ferreira perdeu grande chance para o Timbu, ao pisar na bola e chutar nas mãos de Felipe. Sem poder ofensivo, o Timão foi anulado pela forte marcação adversária e só não sofreu o primeiro gol graças à linda defesa de Felipe no ângulo, em chutaço de Sidny, aos 20 minutos.

Com o zagueiro Betão jogando na lateral direita, o Corinthians apostou nas jogadas pela esquerda. Pena que Marcelo Oliveira e Wellington não entenderam o recado. Nas únicas boas jogadas que conseguiram criar, o boliviano Arce não soube aproveitar, parando no goleiro Eduardo, aos 25, e na zaga, aos 37.

Quando o primeiro tempo caminhava para terminar igual, o zagueiro Fábio Ferreira resolveu colaborar novamente com o Náutico. Aos 42, em cruzamento da esquerda de Júlio César, o defensor não conseguiu cortar e ficou olhando o atacante Ferreira se antecipar de cabeça na pequena área: 1 a 0.

No segundo tempo, Carpegiani sacou os atacantes Arce e Finazzi, para as entradas de Wilson e Júnior Negão. E logo aos dois minutos, Negão quase empatou, ao receber de Willian na direita e chutar forte da entrada da área, para ótima defesa de Eduardo no ângulo esquerdo.

A reação, porém, parou por aí. Mesmo com a entrada de Bruno Bonfim, o Dentinho, a defesa do Timão voltou a falhar e acabou com qualquer chance de reverter o placar. Aos 20 minutos, Amilton bateu falta pela direita, Betão tentou cortar e colocou para dentro do próprio gol. No final, aos 45, Felipe recebeu na área, em bobeira de Zelão, e bateu rasteiro, fechando o placar em 3 a 0.


Sobre o medo

Esta postagem vai para duas pessoas em especial que têm medo de coisas específicas. Obviamente, não direi quem é, mas tais pessoas saberão que esta postagem é para elas.

O diálogo foi tirado do filme "Guerra nas Estrelas -- Episódio I -- A Ameaça Fantasma". Devido ao avançado da hora e à minha preguiça, estou colocando o diálogo no seu original em inglês. Copiem e colem em tradutores on-line, ou então pesquisem na internet o diálogo inteiro. Traduzirei apenas a última frase, que é a que realmente importa (mas a compreensão do diálogo inteiro é interessante para saber de onde veio a frase traduzida).

Yoda: How feel you?
Anakin: Cold, sir.
Yoda: Afraid are you?
Anakin: No, sir.
Yoda: See through you we can.
Mace Windu: Be mindful of your feelings.
Ki-Adi-Mundi: Your thoughts dwell on your mother.
Anakin: I miss her.
Yoda: Afraid to lose her I think, hmm?
Anakin: What has that got to do with anything?
Yoda: Everything! Fear is the path to the dark side. Fear leads to anger. Anger leads to hate. Hate leads to suffering. I sense much fear in you.

Tradução da última frase: "Tudo! Medo é o caminho para o lado negro [da Força]. O medo leva ao ódio. O ódio leva à raiva. A raiva leva ao sofrimento. Sinto muito medo em você."

Como eu disse, espero que as duas pessoas saibam que é pra elas... E que parem com seus respectivos medos!


21 de julho de 2007

Dialeto mineiro

Os que não forem mineiros, tentem ler.

Sapassado, era sessetembro, taveu na cuzinha tomano uma pincumel e cuzinhanum kidicarne com mastumate pra fazê uma macarronada com galinhassada.

Quaiscaí de susto quando ouvi um barui vino de dendo forno parecenum tidi guerra. A receita mandô pô midipipoca denda galinha prassá. O forno isquentô e a galinha isprudiu! Nossinhora!!! Fiquei branquinem um li de leiti. Foi um trem doidimais! Quaiscaí dendapia! Fiquei sensabê doncovim, oncotô, proncovô. Óia só procevê qui locura!

Grazadeus ninguém machucô.


Será que vai mudar alguma coisa?

Depois de, no mínimo, 341 pessoas mortas (154 no avião da Gol no ano passado e 187 passageiros no avião da TAM desta semana), o governo finalmente resolveu agir. Será?

Lula foi para a televisão e falou o óbvio: que o governo faz tudo que pode pela segurança da população, que os padrões de segurança seguem as normas internacionais, que serão feitos investimentos aqui e ali, que o tráfego será diminuído em Congonhas e que São Paulo terá um terceiro aeroporto (!) o mais rápido possível. (Veja a íntegra do pronunciamento do presidente aqui.)

(Apenas a título de comparação: São Paulo tem por volta de 12 milhões de habitantes e tem dois aeroportos. Moscou, capital da Rússia, tem por volta de 9 milhões de habitantes e tem seis aeroportos. Preciso dizer algo mais?)

A pergunta (retórica, talvez) que eu modestamente vos faço é: será que vai mesmo mudar alguma coisa?

O país sofre com o caos aéreo há quase um ano e, até agora, nada se resolveu. O governo esperou este povo todo morrer para pensar em fazer alguma coisa. Esperou acontecer tais acidentes gravíssimos para dar a cara a tapa e aceitar mudanças. Como eu coloquei aqui em outra postagem, o governo alocou para quatro anos menos da metade do que apenas os aeroportos de São Paulo precisam para este ano.

Será que vai mesmo mudar alguma coisa? Ou será que mais acidentes acontecerão para só depois o governo agir de maneira firme e definitiva a fim de solucionar tais problemas?