18 de abril de 2007

Fim da reeleição une Lula e tucanos

'Há um ambiente propício', diz deputado autor da PEC.
PSDB está dividido entre Serra e Aécio em 2010.

Três das principais figuras políticas com influência na disputa eleitoral de 2010 estão afinadas sobre o fim da reeleição no país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) já se posicionaram a favor da proposta, mas jogaram a decisão para o Congresso.

O consenso entre eles, segundo avaliação de políticos, cria condições favoráveis à condução desse debate. Mais, é um condimento conveniente à pacificação do PSDB, hoje dividido entre os dois tucanos, potenciais candidatos do partido ao Palácio do Planalto em 2010.

"Há um ambiente propício. Os três concordam. Isso é apenas o início de um longo processo. Agora, é um nó difícil de desatar", disse à Reuters o deputado Jutahy Magalhães (PSDB-BA), reconhecendo as dificuldades de levar o projeto adiante.

Apesar dos movimentos favoráveis, o maior partido da oposição está dividido em relação ao assunto. Tucanos temem que o governo, com maioria absoluta na Câmara, não cumpra o acordo e consiga uma brecha para um terceiro mandato de Lula.

Emissários do PT junto à oposição garantem que não há perigo de traição. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já avisou que não quer pagar para ver.

Mandato de cinco anos
A concordância entre os três líderes políticos é mais ampla. Além de acabar com o dispositivo constitucional, todos eles defendem a extensão do mandato presidencial para cinco anos. Nesta quarta (18), o presidente Lula afirmou que o debate "não está na pauta do governo".

"O presidente não tomará nenhuma iniciativa a respeito do debate atual sobre o fim da reeleição", disse a jornalistas o porta-voz Marcelo Baumbach.

"Na opinião do presidente, cabe aos políticos e ao Congresso Nacional deliberar sobre a questão", acrescentou Baumbach, lembrando que Lula, "historicamente" é contrário à reeleição e a favor da extensão do mandato em um ano.

Mais cedo, Serra foi na mesma linha. Em visita ao Congresso Nacional, ele admitiu a simpatia pela revisão da regra, mas jogou a articulação do assunto para a Câmara e o Senado. Na véspera, Aécio Neves já havia se manifestado nesse sentido.

Segundo interlocutores, Aécio e Serra vivem tempos de paz. A proposta de acabar com o instituto da reeleição foi um importante ingrediente para o armistício. A idéia é lançar um deles em 2010 com a garantia de que o outro seja o candidato do partido na disputa seguinte. O que não combinaram, porém, é quem seria o primeiro a concorrer.

O fim da reeleição está previsto em proposta de emenda constitucional (PEC) apresentada em 2006 pelo deputado Jutahy Junior (PSDB-BA). Os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), também concordam com a alteração legal.


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