29 de maio de 2007

Pois é...

Como quase sempre faço, "eu ia tomar banho e dormir", mas fiquei vendo uma coisinha aqui, uma coisinha ali, e lembrei-me de um blog meu "das antigas", no qual eu escrevia muito mais com meu coração do que com meu cérebro, como faço agora.

E eis que me deparo com o texto abaixo, escrito no dia 27 de novembro de 2004. Após ler o texto, lembrei-me da situação que vivi, e lembrei-me do quão mal eu me sentia naquela época. Mas por que o texto está aqui novamente?

Não, eu não estou me sentindo mal. Ao contrário, eu estou me sentindo em um momento muitíssimo bom da minha vida. Mas resolvi colocar o texto logo abaixo porque tem duas pessoas que visitam este meu blog e que disseram que eu tenho "coração de pedra", que eu sou um ser sem sentimento, e me perguntaram se eu tinha namorada. Quando eu disse que não, disseram-me "Se tivesse, tadinha dela", ou algo do tipo, pois estas pessoas me acham meio... "Brutinho" :P

Enfim, resolvi colocar o texto logo abaixo para que todos possam ver que, quando eu quero, eu sei ser extremamente sentimental. Ok, o texto abaixo talvez seja meio melancólico, pois era o que eu sentia no momento em que escrevi, mas é uma "pequena" amostra do fato de que, quando eu quero, eu sei deixar meus sentimentos aflorarem, e muito bem, modéstia à parte...

Sem Título

Sinto como se algo estivesse fugindo de mim. Fugindo não, escapando. Também não. Sinto como... Como se eu perdesse uma coisa muito querida, de uma forma terrível... Como água escorrendo por entre os dedos. Já usei esta expressão em uma outra oportunidade, já senti este sentimento em outro momento também triste como este agora... Mas parece-me que desta vez é um pouco mais sério que antes. Não sei explicar como sei disso, não sei explicar o por quê de eu pensar assim. Aliás, não penso. Eu sinto. Apenas sinto. E sinto que a água continua escorrendo pelos dedos, e não há nada – parece-me – que eu possa fazer pra evitar que isso aconteça. Nem mesmo colocar um balde embaixo das minhas mãos eu posso...

Detesto esta sensação de impotência. Detesto estar nas mãos dos outros, e mais ainda, detesto ter de admitir que estou nas mãos dos outros. Sempre fui muito emotivo, é verdade; sempre fui capaz de expressar muito bem meus sentimentos. Ao mesmo tempo, sempre fui otimista, ou seja, sempre expressei meus sentimentos de forma a mostrar que eu tinha confiança no futuro.

Ainda tenho confiança. Não me transformei em um pessimista que se fecha na sua própria concha (apesar de ser do signo de Câncer) da noite pro dia. Continuo achando que a vida é bela, que o céu azul e o sol amarelo fazem um contraste visual muito bonito, continuo acreditando que “tudo acaba bem no final”. Mas de repente paro e me dou conta que já não sou a mesma pessoa de quatro dois meses atrás. Já não sou o mesmo que tinha tudo garantido, tudo certo, tudo organizado, tudo em fila, com tudo caminhando da maneira que eu acreditava ser a melhor pra mim. Já não é assim.

O que mudou? Tive apenas uma frustração nestes últimos dois meses. OK, foi “a” frustração, realmente não esperava receber tal notícia. Mas recebi, fiquei mal por um ou dois dias, mas foi passando e acho que depois de uma ou duas semanas já estava tudo bem novamente. Já havia aquela alegria e aquele otimismo característicos meus de volta. Estava tudo bem – mesmo.

Mas, ao mesmo tempo em que estava tudo bem, algo estava errado. Na época não percebi; sinto agora. Os objetivos continuam os mesmos, mas a vontade e a força para atingi-los já não são as mesmas. O desejo de concretizar o sonho agora é latente, e não mais vivo. Dou-me conta disto agora, passados estes quase dois meses desta notícia. E o coração sentiu também.

Ah, o coração. Culpado – pelos outros – por eu ter direcionado todas as minhas energias para atingir este objetivo. Todos dizem – “você tem este objetivo porque seu coração manda”. Não é bem assim. É claro que o coração manda, mas o objetivo existia antes mesmo do coração mandar – na verdade, existia há muito tempo atrás. Mas ninguém acredita – o que fazer? Continuar como tenho feito, ignorando. Enfim, voltando ao coração, o coração sofre, o coração grita, o coração chora. O coração até mesmo desiste – ele já desistiu duas vezes antes. Mas basta uma faísca, basta uma fagulha, pro coração se incendiar novamente, arrebatar todo o corpo e a mente, basta um pinguinho no i pro coração escrever todo o alfabeto novamente e fazer com que tudo gire novamente em torno do objetivo.

Mas o coração sofre.

Sofre porque ele, assim como tudo o mais, quer atingir o objetivo, mas não pode. Ele quer se satisfazer, e não consegue. Então ele sofre. Mas o coração é bobo – quanto mais ele sofre, mais ele tenta transformar o sofrimento em força pra resistir a este mesmo sofrimento e avançar um degrau a mais na escada, em direção ao objetivo.

Então me pergunto: será que o coração cansou? Como em outras vezes, o coração agora está cansado. Como em outras vezes, o coração agora quer desistir. Como em outras vezes, o coração quer jogar fora todo o esforço que já fez e partir para novos rumos, novos objetivos, novos desejos. O coração cansou, como em outras vezes.

Mas, pela primeira vez, o coração não se reacendeu com a fagulha. Pela primeira vez, o coração não escreveu todo o alfabeto após ter o pinguinho no i. O coração... O que houve com o coração? A mente se assusta: como pode o coração não fazer girar a roda de transformação sofrimento-força contra o sofrimento? Alguém me responda – o que houve com o coração? O que houve com a força, com a vontade, com o desejo? Será que tudo isso acabou? Será que é hora do coração, cansado, fazer com que todo o resto se altere em direção a novos rumos, novos objetivos, novas praias? Será que é chegado o momento de pular do barco, será que é chegado o momento de fechar o ciclo, de apontar a flecha para outro alvo?

A mente e o corpo se assustam. E se for isso que o coração quer agora? Novos rumos, novos desafios. Claro, a mente adora desafios. A mente gosta da idéia, acha instigante, apesar de – como o cooração – ainda estar apegada ao passado e não querer abandoná-lo. Mas a mente acha possível e, até mesmo, viável. a mente, eu acho, é mais a favor da oposição do que da situação.

Mas... E o coração? Ele não sabe ainda. O coração age por rompantes, por impulso; a mente age com tranqüilidade. E o coração quer agir como a mente, pretende agir com tranqüilidade. Mas não há tranqüilidade! Não há como o coração decidir de uma maneira tranqüila o que deve ser feito, qual rumo deve ser seguido, qual objetivo deve ser buscado! O coração quer se manter no rumo atual, ainda que o mesmo faça o coração sofrer! O coração quer continuar tentando, não quer desistir, não apenas por motivos lógicos e racionais – como todo o esforço feito até agora no sentido de se atingir tal objetivo –, mas principalmente porque... Porque o coração ama. E, ao amar, o coração, por mais triste que esteja, por pior que esteja se sentindo, o coração perdoa.

É uma loucura.

O coração quer e não quer. O coração deseja e não deseja. O coração quer mandar tudo às favas, mas também quer dizer palavras carinhosas. O coração não sabe o que fazer.

A única coisa da qual o coração tem certeza é que ele está cansado. E, para surpresa do próprio coração, ele está mais cansado do que o normal, e é por isso que – pela primeira vez – o coração fraquejou.

Não sou hipócrita, tenho de admitir: o corpo fraquejou duas vezes. A mente fraquejou várias vezes – considerando-se o fato de que é a mente que controla o desejo. Mas o coração, o coração nunca havia fraquejado antes. O coração sempre se manteve fiel aos objetivos. A todos os objetivos, não apenas aos objetivos que todos sabem que existe. O coração se manteve fiel a todos os objetivos, eu sei disto e basta eu saber pra ter a consciência tranqüila. Mas agora o coração está fraquejando, o coração – o último bastião que dava garantias de que a mente e o corpo seguiriam em direção ao objetivo – está querendo desistir também.

Fica a pergunta: a desistência leva à morte? Já me ocupei um pouco deste tema ontem, quando estava mais abatido do que hoje, e agora não me estenderei sobre o mesmo. Mas fico a pensar: será que o coração está morrendo? Como eu disse, o coração é o último peso que segura todo o conjunto em direção aos objetivos. E o coração, sendo sincero, não vê outros objetivos, não vê outras possibilidades, pois se ele as vir, saberá que irá sofrer. Se o coração desiste do objetivo atual sem haver um novo objetivo, o coração morre.


2 comentários:

P. disse...

Você pode baixar por um compartilhador. Emule, Shareaza, Morpheus, Kazaa...
Eu, particularmente, indico os dois primeiros.
Eu já li esse seu texto um vez, sabia?

*bju*

P. disse...

http://mpassosbr.zip.net/

Essa história é tão interessante que eu vou contar logo.
Um dia eu estava no site do Projeção quando vi aquele link que dá acesso às informações acadêmicas dos professores.Aí eu cliquei lá e digitei o nome, que ficou memorizado em pesquisas recentes. Certo dia, lá estava eu
a procurar umas imagens do Matthew McConaughey pra minha área de trabalho,
quando digitei Mat apareceu o seu nome na barra de pesquisas do google, aí, "acidentalmente", eu cliquei.

Contando assim não dá nem pra acreditar, né? Principalmente no "acidentalmente".
Já baixou a música?