28 de outubro de 2007

Boas lembranças do passado

Estava eu aqui a rever algumas fotos de viagens que já fiz para a Rússia -- com o objetivo de encontrar uma foto específica que me será útil em meu projeto do doutorado -- quando me deparei com determinada foto específica. A foto foi tirada em uma estação do metrô em Moscou -- estação Polyanka, na linha cinza.

Era minha primeira vez em Moscou, no ano 2000. Havíamos ficado no mesmo quarto eu, Daniel, Leandro, Henrique e Diego (vulgo Didi). À época eu ainda não era organizador da viagem; o mais próximo disso era o Leandro, posto que o mesmo já vinha há algum tempo trabalhando com o prof. Procópio, organizador da viagem. Mesmo assim, todos nós éramos bem vistos pelo professor: ele nos tinha em alta conta e nos considerava como "alunos modelo" daquela viagem (como posteriormente me foi confidenciado pelo próprio professor).

Nossa rotina diária era levantar cedo, tomar café no hotel e irmos para o Instituto estudar, em ônibus fornecido pelo próprio Instituto. Para tanto, tínhamos de sair do hotel às 8 h da manhã, já que as aulas começavam às 9 h e Moscou, como qualquer cidade grande, tem um trânsito infernal nesta hora da manhã. Em praticamente todos os dias nós quatro éramos os primeiros a estarmos prontos.

Até que, em um belo dia na segunda semana de aula, a gente resolve fazer uma "festinha" no nosso quarto à noite. Afinal de contas, estar no país da vodka e não tomar nada seria um contra-senso. E lá fomos nós tomando um golinho aqui, um golinho aqui -- e todo mundo beeeem fraco pra bebida não podia dar em outra: ficamos todos meio tontos (com direito, inclusive, à famosa cena da lavagem da maçã com sabonete e de um de nós querendo bater nos outros com um cinto -- piadas internas que não vou descrever agora).

O resultado não podia ser outro: no dia seguinte, nós, os "alunos modelo", acordamos tarde e nos atrasamos. Acordamos em cima da hora do ônibus sair. Correria de um lado pra outro, banhos mal tomados, dentes mal escovados e saímos numa correria tentando pegar o ônibus -- que, obviamente, perdemos. Então lá fomos nós, os cinco, apenas com o Daniel falando um pouco de russo, em direção ao metrô. Tínhamos de assistir às aulas, até porque, naquela época, o Instituto era bem mais rigoroso que hoje no que diz respeito às faltas (quem faltasse uma única vez não ganharia o diploma de participação no curso). E lá fomos nós, com o mapinha que o Instituto nos deu, numa correria danada pela avenida até chegar à primeira estação do metrô (e, neste caminho, o Didi reclamando que não conseguia andar mais rápido porque ainda estava de ressaca -- além, é claro, do próprio estilo aristocrático dele, que o impedia de andar rápido em casos de necessidade).

Finalmente chegamos à estação Timiriazevskaya e pegamos o metrô. Segundo o mapa do Instituto, deveríamos descer na estação Polyanka e andar mais uns 10 minutos, mas eu queria porque queria fazer baldeação e descer em outra estação que ficava a um minuto a pé do Instituto -- mas os demais não quiseram. Então ok, lá vamos nós para a estação Polyanka.

Quando descemos do metrô, percebemos que não havíamos ainda estado naquela estação (alguns dias antes havíamos feito um tour pelo metrô, o que é normal para quem vai para Moscou). Ao descermos, ficamos maravilhados com o monumento que estava na estação e, mesmo atrasados, resolvemos tirar fotos -- afinal de contas, tínhamos praticamente certeza de que nunca mais voltaríamos àquela estação. Então imaginem: cinco caras de terno e gratava, atrasados, de ressaca, tirando foto da estação... Cada um tirou foto com suas respectivas máquinas, dois de nós bateram duas vezes porque o enquadramento não ficou bom, fizemos ainda algumas gracinhas, bem descontraídos... E quando acabamos de tirar as fotos, correria novamente, saímos atropelando o povo, meio que correndo até chegarmos ao Instituto...

Chegamos atrasados, é claro, e pegamos apenas o segundo horário. O professor Procópio, claro, ficou irado pelo nosso atraso, mas inventamos e dissemos que o Didi havia comido uns pastéis no dia anterior (ele realmente os havia comido) e que tais pastéis estavam muito engordurados e que, por isso, o Didi havia passado mal e a gente não sabia o que fazer, por isso nos atrasamos. E aí não só o professor, como também nossas guias, vieram nos falar dos perigos de comer frituras nas ruas de Moscou, ainda mais no lugar que havíamos dito que comemos. "Um absurdo, óleo de uma semana", diziam-nos. E no final das contas ainda ficamos numa boa com o professor, que nos elogiou por termos cuidado uns dos outros em momento difícil da viagem.

Uma situação que, talvez para aqueles que não estavam lá, seja normal -- mas que para mim e para os demais do nosso grupo foi extremamente divertida, extremamente curiosa e até hoje rimos da situação quando nos encontramos. Boa demais aquela primeira viagem!

PS: Não posto a foto original com nós cinco porque ela não está escaneada -- e à época eu ainda não tinha máquina digital. Em todo caso, abaixo duas fotos da estação e do monumento que queríamos fotografar.



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