31 de dezembro de 2007

Ah, o Lago Baikal!

Hoje foi "o" dia, talvez o dia mais esperado da viagem: conhecer, finalmente, o Lago Baikal.

Algumas informações básicas: o lago tem mais de 600 km de comprimento por, em média, 80 km de largura. A profundidade média é de 1 km, com o ponto mais fundo do lago sendo de 1687 metros. Acredita-se que o lago contenha 20% de toda a água doce do mundo. Como diz no guia de viagem, ele contém mais água do que todos os Grandes Lagos (na divisa dos EUA com o Canadá) juntos. E interessante -- toda essa água é, em 90% do lago, potável. Só em um ponto do lago, no qual há uma indústria de papel, a água é poluída.

Fui com o alemão pra lá. Ele se chama Uwe e é bastante divertido. Saímos do albergue relativamente tarde: deveria ser umas 11 h da manhã. O dia estava incrivelmente bonito, com sol e sem neve alguma para nos atrapalhar. Fomos para o centro da cidade, para a rodoviária, e lá pegamos uma lotação pra Listvyanka, uma cidadezinha que fica à beira do lago. Apesar dos mapas mostrarem a rodovia na beira do rio Angará, não deu pra ver nada no meio do caminho: apenas montanhas e mais montanhas, um sobe-e-desce contínuo, e árvores e mais árvores dos dois lados. Pinheiros pra lá e pra cá. Demorou uma hora pra chegarmos lá.

Quando estávamos quase chegando já deu pra ver a água. Primeiro do rio, e depois, finalmente, do lago. E eu digo pra vocês: o lago é muito mais do que os diferentes sites na internet dizem. É simplesmente demais. Água transparente (mas geladíssima -- infelizmente o lago não estava congelado, pelo menos não em Listvyanka), límpida, incrível. E a cidade, ainda que pequena, tem lá seu charme: fica bem à beira do lago, casinhas de madeira, vivendo exclusivamente (creio eu) do turismo para o lago e da venda de omul, um peixe que só existe no Baikal.

Apesar do dia estar lindo, estava muito frio: -18 graus. O vento vindo do lago dava a sensação de que estava ainda mais frio. Uwe (o alemão) e eu ficamos um tempinho apenas apreciando esta "brisa" e tirando algumas fotos do lago e desta parte da cidade. Em seguida, resolvemos subir as montanhas logo atrás da cidade. Imaginem: há a beira do lago, depois um terreno plano, de talvez uns 150 ou 200 metros, e em seguida começam as montanhas, montanhas e mais montanhas cheias de pinheiros e de neve, logo atrás e acima das casas.

E lá fomos nós subir as montanhas. No início tudo tranquilo, caminho asfaltado, sem problema algum. Chegamos a uma espécie de área de camping, na qual o povo vai fazer piqueniques (e, obviamente, apesar do sol, estava vazia). No caminho mais casas de madeira, semelhantes com as que eu vi ontem em Irkutsk.

Uma vez lá em cima, fotos e mais fotos, vídeos e mais vídeos. O suco que compramos ficou geladinho, mais rápido do que em uma geladeira. Um homem que trabalha na área nos falou de um telescópio, utilizado para pesquisas científicas, que poderia estar aberto. Não pensamos duas vezes: lá fomos nós, no meio das montanhas, procurar o tal telescópio. Mais caminhadas na neve, neve até quase o joelho, um pouco de frio, nariz escorrendo (hehehe), mas não desistimos: lá fomos nós bravamente seguindo as poucas trilhas ainda visíveis na neve. O telescópio, como já imaginávamos, estava fechado; mas a vista lá de cima é simplesmente inigualável e, mais ainda, nos permitiu seguir uma outra trilha que nos levou a um outro caminho que não tínhamos visto antes e que nos levou bem para a beira do lago, mas do outro lado das montanhas. Vimos alguns paredões de pedra e até pensamos em subir, mas sem equipamento seria arriscado demais.

Admiramos mais um pouco a beleza do local, tiramos fotos das formações de gelo -- bastante interessantes -- e recomeçamos nossa lenta caminhada de volta para o centro da cidade -- afinal, já eram quase 16 h e sabíamos que logo iria escurecer. "O sonho estava acabando"... Mas não sem antes bebermos mais uma vez a água do lago e brincarmos um pouco no gelo formado sobre a "praia". Na volta entramos em alguns terrenos que estavam vazios, vimos o antigo ancoradouro da cidade e, mais uma vez, nos divertimos brincando no escorregador de gelo. Muito engraçada a cara da garota quando viu dois marmanjos pedindo emprestado o negócio de plástico que ela tinha, que é próprio pra escorregar...

Mais fotos -- desta vez do pôr-do-sol, simplesmente lindo --, um pequeno lanche (pequeno para o Uwe, não para mim: eu estava morrendo de fome!) e voltamos pra Irkutsk. Mas não sem antes fazermos uma espécie de "pacto" -- de que voltaremos ao Baikal ainda nesta viagem, provavelmente depois de amanhã, visitando outra cidade que fica na beira do lago -- Slyudyanka, ao sul. Vamos ver como vai ser!


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