28 de dezembro de 2007

Chutando...

Estou chutando o horário. Por que? Porque estou no avião a caminho de Moscou -- e não faço a mínima idéia de que horas são. Pelo tempo de vôo, devo estar sobrevoando a Hungria ou a Ucrânia no momento. Não tenho como ter certeza de nada, pois olho pela janela e só vejo uma coisa -- a cor branca da neve que toma conta de tudo.

Quando estava indo de Brasília pra São Paulo ontem de manhã, tudo que eu via era o verde: o verde das plantações de diversos tipos de culturas. Sobrevoando a Europa, vejo uma paisagem completamente diferente: passei pelos Pireneus (divisa natural entre Espanha e França), depois pelos Alpes suíços (divisa entre a Suíça e a Itália) e, dos Alpes para cá, apenas branco, branco, branco...

Outra coisa interessante de se notar é o comportamento das pessoas de acordo com sua nacionalidade. No aeroporto na Espanha percebi que os europeus têm uma forma de se postar em público; já americanos e ingleses têm outra. Acho que não é muito necessário explicar a maneira prepotente como os americanos e ingleses se colocam em relação aos demais: chegam falando alto e reclamando de tudo, como se os EUA fossem o céu na terra. Bando de fdp...

Outra curiosidade que notei na Espanha: a consciência ecológica dos europeus. Tudo deles estava em sacos de papel -- muito mais biodegradáveis do que sacos plásticos. Reparei que os americanos presentes no aeroporto na Espanha estavam cheios de plástico (e eu também), e os europeus apenas com saquinhos de papel pra tudo. Os copos para tomar as coisas também: fui tomar um cappuccino na Starbucks (não queiram saber quanto foi) e o café feio num copo de papel. Pedi um outro copo com água e veio copo de papel. Tudo em papel. Um barato!

Ainda mais para se notar: o tratamento das aeromoças da Espanha para a Rússia é bem diferente do de São Paulo para Madri. Notei que no primeiro vôo os comissários de bordo (todos europeus) nos tratavam com um levíssimo ar de superioridade -- talvez se achando "europeus" e os demais "latinos". Dá pra perceber a maneira que eles tratam as pessoas no avião de acordo com sua nacionalidade: eram muito mais amáveis e sorridentes com os espanhóis que estavam voltando pra casa do que com os brasileiros que estavam indo para a Espanha. A diferença é quase imperceptível, mas não impossível de ser notada por quem tem bons olhos. Já agora, no vôo pra Moscou, é diferente: talvez por acharem que todos são europeus, os comissários tratam a todos da mesma maneira, sem distinção nenhuma. Até pensei em deixar meu passaporte à mostra pra ver se mudava alguma coisa, mas como falta pouco (e, felizmente, consegui dormir um pouco neste vôo), deixa pra lá.

No mais eu acho que é isso. Não consigo mais ver o chão: apenas uma camada de nuvens brancas lá embaixo, que são as responsáveis pelo tempo "parcialmente nublado" que o comandante disse estar em Moscou. Daqui a pouco o sol se põe -- no inverno, em Moscou, como a cidade está bem para o norte, o sol nasce mais ou menos às 9 h da manhã e se põe às 16 h da tarde -- e eu vou chegar em Moscou já na escuridão. E aí é agüentar mais 4 horas de espera e depois mais 5 horas de vôo até chegar em Irkutsk amanhã de manhã -- vou chegar lá por volta das 8 h da manhã do dia 29 (hora local), quando no Brasil será 22 h do dia anterior. Esse mundo é grande mesmo!


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