30 de dezembro de 2007

Eu por aqui

Ehhhhhh!
Finalmente um computador na minha frente, hehehe. Pena que aqui nao tem o Firefox, o que significa que minha postagem devera ficar visualmente meio baguncada. Mas e a vida. Melhor postar por aqui do que ficar mandando e-mail pelo celular, como fiz anteriormente, e gastando uma fortuna -- afinal de contas, se mandar e-mail no Brasil para o Brasil ja e caro, imagino qual nao vai ser o preco dos e-mails mandados daqui. Mas deixo pra pensar nisso so depois.
Outra coisa -- obvia -- que voces ja devem ter notado: nao havera nenhuma palavra com acento. Culpa dos teclados russos, que nao permitem a acentuacao em portugues. Eu acho horrivel, pois digito muito rapido e estou acostumado com os acentos. Entao toda hora tenho de voltar e apagar os caracteres que aparecem quando aperto as teclas dos acentos... Mais uma vez, e a vida.
Minha ideia original era publicar aqui todo dia, porque disseram-me que no albergue tinha rede sem fio -- e tem, mas nao estara funcionando ate dia 3, quando provavelmente sairei daqui. Assim, nao sei se vai dar pra publicar todo dia como eu queria, mas vamos la ver no que vai dar. De todo jeito, tenho algumas coisas ja escritas no computador, que publicarei assim que possivel -- significa dizer que, eventualmente, havera alguma postagem anterior que, na verdade, e nova.
Ha tanta coisa pra dizer que nem sei por onde comecar! Mas acho que vou fazer um corte a partir do momento em que cheguei em Moscou, ja que algumas coisas da propria viagem ja foram descritas -- ainda que apenas de leve. A chegada aquela cidade foi uma burocracia so: como disse na outra postagem, foi um tempinho esperando as tias decidirem qual ia ficar em qual cabine pra fazer o controle dos vistos. Quando chegou a minha vez, uma serie de perguntas do por que de eu estar aqui; o que eu ia fazer; por que meu visto agora era "comercial", se das outras vezes era de estudante; e ela chegou ao absurdo de perguntar por que eu tinha vindo a Russia tres vezes nos ultimos tres anos. Burocracia "incrivel". Mas ate que comigo foi pouco: na minha frente havia um rapaz com aparencia de caucasiano, e pra ele ela fez milhares de perguntas (pra quem nao sabe, ha um forte racismo dos russos em relacao aos caucasianos; vale lembrar que a Chechenia fica no Caucaso).
Surpreendi-me positivamente na hora de pegar a mala: nao apenas ela nao nao se perdeu (nao que isto seja comum, mas ja aconteceu uma vez) como ja estava la, prontinha pra ser pega, quando sai do controle de imigracao. Tambem pudera... Depois de 30 minutos, era impossivel a mala nao estar ainda la.
Encontrei-me com meu amigo Alexei em seguida, e com ele estavam todos os meus casacos e coisas do tipo que eu havia deixado aqui: sueteres, gorro, luvas, cachecol, bota e o meu lindo, maravilhoso e quentinho casaco azul, hehehe. Nao que eu houvesse sentido frio -- o tempo todo dentro do aviao, ou entao no aeroporto, lugares nos quais nao ha como sentir frio. Mas eu sabia que, se chegasse a Irkutsk sem nada, morreria de frio, mas felizmente o Alexei estava por ali pra me ajudar. Peguei tudo, ja troquei meu sapato pela bota, peguei a luva e tudo mais, e fiquei prontinho pra enfrentar o friozinho de Irkutsk.
Mas antes de chegar aqui, a epopeia do voo. O mesmo estava marcado pras 21:15 h. Fiz o check-in bem antes, por volta das 19:30 h (antes do Alexei me pagar uma deliciosa salada). Entrei no saguao de embarque, apos passar por um rigorosissimo controle anti-bombas (todos ficam so de calca e camisa, sem nenhum tipo de casaco, sapato ou algo do tipo -- ate mesmo o cinto temos de tirar), la estava eu no portao de embarque, todo feliz, alegre, contente e cansado... Quando vejo que o voo fora adiado para as 23:05 h. Simplesmente adiado, sem nenhum motivo especifico. "Sacanagem", pensei eu, mas vamos la. Fiquei rodando pelo aeroporto, que e no maximo do tamanho do de Brasilia, e apos andar por la umas 10 vezes, fui novamente ver o voo. E ai comecou a danca dos portoes: o voo mudou nada menos do que 5 vezes de portao. Todo mundo puto, cansado, mas finalmente o voo saiu -- as 00:45 h da manha. Um "belo" atraso, digno do Brasil. Mas mesmo assim foi legal. Deu pra perceber algumas caracteristicas dos russos neste momento todo -- algumas bem semelhantes com as do brasileiro. Escreverei sobre isto apenas posteriormente, em meu outro blog.
A viagem foi outra atracao. "Apaguei" quase instantaneamente -- afinal, nao sou de ferro, e apos 15 horas em avioes, apos quase seis horas de voo atrasado e cinco fusos horarios distintos eu estava um caco. Mas antes de dormir duas coisas me chamaram a atencao: 1) O aviao era alemao (nao era Boing ou Airbus); 2) Antes de levantar voo, o aviao deu uma escorregadinha na pista, no gelo, mas foi assim mesmo. E o medo que deu daquele troco sair da pista... Mas deu tudo certo.
Cinco horas e vinte depois, e mais cinco fusos horarios (totalizando as 10 horas de diferenca entre aqui e o Brasil), cheguei em Irkutsk. Como ja disse, assim que desci do aviao estava -23 graus -- e agora eu os estava sentindo na pele, ja que aqui em Irkutsk o "aeroporto internacional" nao tem pontes de embarque, o que significa dizer que o aviao para no meio da pista e a gente vai pro aeroporto num onibus. Alem disso, a entrega de bagagens e algo altamente avancado: apenas uma esteira na qual as malas saem. Beeem diferente de Moscou... E bem interessante, porque todo mundo se ajudando, todo mundo pegando malas uns dos outros, num esquema bem diferente da frieza de Moscou (bem que meu amigo Guilherme me disse). Depois de meia hora, mais ou menos, la estava eu saindo com minha mala de 20 kg e minha mochila com mais 6 kg...
... E, logo ao sair, ja vem milhares de taxistas, como urubus sobre a carnica. Engracado: um se aproxima e pergunta se voce quer taxi. Os outros ficam ao redor, meio que esperando. Se voce diz que nao, vem um segundo, com outros ainda esperando, e assim sucessivamente. Enfim, veio o primeiro e me perguntou pra onde eu ia. Falei o endereco e ele disse que sabia onde e. Perguntei o preco e ele disse que nao era muito perto. Perguntei o preco de novo e ele perguntou se eu tinha so isso de mala. Perguntei o preco de novo e ele me perguntou se era so eu ou havia mais alguem. Perguntei o preco de novo e ai sim finalmente ele me respondeu: 500 rublos. Falei que estava caro, ele abaixou pra 400 rublos. Disse que ainda estava caro e fui virando as costas, em direcao a outro taxista. Ele perguntou quanto eu oferecia, eu disse 200, ele pediu 300 e eu finalizei dizendo "meio-termo": 250 rublos. E ele aceitou, hehehe. Nada como uma boa pechincha na hora de pagar algo por aqui. (Pra voces terem ideia dos precos em reais, dividam o valor em rublos por 12).
Em seguida tomei contato com uma das coisas que mais tem me chamado a atencao por aqui: o fato de que a grande maioria dos carros serem a direita, ou seja, o volante e do lado direito. A maioria dos carros e Honda, Mitsubishi, Hyundai ou Subaro, e a grande maioria tem o volante do lado direito. Disseram-me que e pelo fato dos carros virem diretamente do Japao pra ca. Mas o transito e "normal", indo do lado direito e voltando do lado esquerdo.
No meio do caminho, o motorista do taxi perguntou de onde eu era e, apos a resposta, ja aquela coisa de "futebol", "Ronaldinho" e "carnaval". Pensei em sacanea-lo, dizendo que Irkutsk (na Siberia) e so gelo, vodka e urso, mas deixei pra la. Ele entao quis me ensinar um monte de palavrao e saiu falando um monte de coisas. Algumas eu guardei, outras nao, tamanho era meu cansado. Mas eu o recompensei com um cartao postal de Brasilia, e ele ficou todo feliz por isso.
Chegando ao albergue, tudo tranquilo. Tomei um belo de um banho e matei a saudade de uma das coisas que gosto muito daqui: banheira! Acho que fiquei quase uma hora no banho, deitado na banheira (o planeta Terra que me perdoe, um abuso ecologico, mas eu estava precisando). Em seguida, esperei o corpo esfriar um pouquinho e me mandei pro centro da cidade.
Irkutsk tem mais ou menos 600 mil habitantes, e parece que todo mundo estava no centro da cidade. Compreensivel, pois os russos dao presentes uns pros outros na festa do Ano Novo, e acho que todo mundo estava saindo pra comprar coisas pra festa. Tentei encontrar algum lugar pra trocar dinheiro, mas nao encontrei. Estranho: em Moscou tem uma casa de cambio em praticamente todas as esquinas. Dei uma volta, pensei em comer algo mas, como nao estava propriamente com fome e como ficou mais frio ainda (e eu nao estava com a roupa termica por baixo), acabei voltando pro albergue. Tentei ao maximo ficar acordado ate mais tarde, pra me acostumar com o fuso horario, mas nao aguentei: as 19:30 h ja estava dormindo feito uma pedra.
Acordei hoje as 3:15 h da manha. Mandei algumas mensagens, li um pouco sobre a cidade e fui dormir de novo. Acordei as 9:15 h da manha, tomei cafe, arrumei minhas coisas e sai pra passear pela cidade. Mas este passeio (o de hoje) sera contado apenas em outra postagem, ja que esta ja esta bem grandinha e eu ainda tenho uns e-mails pra mandar antes de voltar pro albergue. Entao e isso, meu povo. Por hoje e so. Em breve mais coisas!

Um comentário:

Káh disse...

Que bom você por aqui! :)

Fico feliz por saber que está tudo bem contigo.

Chuzinho como não conversaremos até o ano que vem então quero te desejar um feliz ano de 2008 que ele seja muito melhor do que este ano que se passa e que a nossa amizade se fortifique mais.

Ah, parabéns pelo blog! Afinal dia 1 de janeiro de 2008 ele completará um ano e eu como leitora e comentarista assídua tenho que parabenizar o meu querido mestre :)

Beijão