10 de junho de 2008

Vergonha (?)

Hoje estive em um "Seminário 20 Anos da Constituição Cidadã". Seminário bastante interessante, apresentando as relações entre vários dos conceitos que apresento nas minhas aulas e a relação dos mesmos com a área do Direito. Diria eu que foi um seminário fundamental para alunos da área de Direito.

No início do Seminário senti certa satisfação por ver vários alunos e ex-alunos meus por lá. A maioria era de Sobradinho, e foi levada por uma das professoras de lá, o que justifica a presença dos mesmos. Alguns alunos de Taguatinga por lá também.

Por um lado, para minha vergonha dois ex-alunos ficaram sem graça quando me viram porque não estavam entendendo o que foi dito pelos diversos juristas, parlamentares e professores que estiveram presentes por lá. Senti certa vergonha porque acabei "deixando passar" dois alunos que não tinham condições de seguir adiante. Infelizmente, nem sempre é possível filtrar efetivamente por meio das avaliações.

Entretanto, por outro lado, não tive vergonha nenhuma desses alunos que não entenderam o que foi dito. E não tive vergonha porque sei que o ensino não é responsabilidade apenas do professor: se o aluno não se dedicar um mínimo, não irá aprender mesmo. Os alunos geralmente confundem as coisas, e acham que "passar na disciplina" é o mesmo que aprender, e definitivamente uma coisa nada tem a ver com a outra. E como sei que estes dois alunos não se dedicaram nem um pouco, digamos que fiquei com a consciência tranqüila depois do impacto inicial.

Além disso, gostaria de destacar também o esquema "fast-food" em que toda a sociedade se transformou nos últimos 10 ou 15 anos -- inclusive na esfera da educação. "Aprende-se" (ou decora-se) o necessário para passar hoje, e a grande maioria acredita que tal conhecimento não será mais necessário. E de repente, hoje à tarde, expandi essa "teoria" pra tudo: pra mim foi difícil saber de qual música eu gostava de ouvir há um, dois ou três anos atrás. Ou qual grupo musical me agradou mais. Ou qual programa de TV chamou minha atenção. De repente pareceu-me que a grande massa alienada e jogada à própria sorte não faz mais nada além de viver o momento presente, ignorando o passado e não pensando no futuro, em um esquema bem "fast-food" mesmo -- uso agora, me satisfaço e depois acabou. Após fazer essa pequena reflexão, e após aplicá-la especificamente à área da educação, dei uma broxada. Pena que a maioria pensa assim -- a nota é pra passar na matéria agora, não para efetivamente agregar conhecimento ao que já sei.

Pelo menos outros dois pensamentos aliviaram esse meu estado de espírito cabisbaixo: 1) Eu tento, na medida do possível, não ter um conhecimento "fast-food" -- não com aquilo que eu considere importante. E, na minha área, eu tenho tal conhecimento, e se tem alguém que não pensa assim... É problema pessoal de tal pessoa. 2) Inúmeros dos conceitos que apresento nas minhas disciplinas -- e, mais importante, inúmeras das análises políticas que faço em sala de aula -- foram apresentados e feitas no Seminário de hoje. O que mostra que estou no caminho certo... :)


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