9 de fevereiro de 2007

O que o PT ganharia com juros mais baixos e dólar desvalorizado?

Berzoini é da turma do "vamos abaixar os juros". Quer que o governo gaste mais (chama isto de "investimento"), reduza os juros (na marra) e controle o fluxo de dinheiro para que o dólar não caia tanto (idéia totalmente sem sentido -- pensem em um investidor: "O Brasil está controlando o que entra e o que sai de dinheiro> Não vou investir lá, pois o meu dinheiro poderá ficar retido"). Não é à toa que o PT fez o que fez para conquistar a presidência da Câmara. Só espero que o Lula realmente se mantenha firme e forte em suas palavras (ver post anterior) e não tire o Henrique Meirelles do comando do Banco Central. Se isto acontecer... Melhor nem pensar muito.

(O original da reportagem está aqui)

BERZOINI: EM DOCUMENTO, PT CRITICARÁ JUROS
Diretório Nacional do PT deve aprovar documento neste sábado (10).
PT não tomará posição sobre anistia a José Dirceu.
09/02/2007 - 16h53m - Atualizado em 09/02/2007 - 18h41m
Leandro Colon
Enviado especial do G1 a Salvador

O Diretório Nacional do PT deve aprovar neste sábado (10) um documento que, entre outras coisas, critica a política de juros do Banco Central. A informação foi confirmada pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini, em entrevista ao G1, nesta sexta-feira (9), em Salvador, onde o PT comemora seus 27 anos de fundação.

O documento, segundo Berzoini, falará ainda da participação do PT no governo e da eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara dos Deputados. O presidente petista avisa que o partido não tomará posição sobre a campanha de anistia do Congresso ao deputado cassado José Dirceu.

Abaixo, os principais trechos da entrevista:

G1 - Quais os principais pontos do documento que o diretório nacional aprovará neste sábado?
Ricardo Berzoini - Estamos tentando construir um texto que faça uma boa avaliação sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que busca fazer uma reflexão sobre a política brasileira, a retomada dos trabalhos do Congresso, a eleição do Chinaglia na Câmara e do Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado, a constituição das novas lideranças no Congresso dos partidos de coalizão, as novas comissões de trabalho no Congresso e também debater um pouco as questões econômicas, os desafios pela frente.

G1 - O documento criticará a política de juros?
Berzoini - O documento faz considerações que nós entendemos que são críticas em relação a essa última decisão do Copom [que reduziu a taxa de juros em 0,25 ponto percentual]. Não queremos transformar isso num centro do nosso documento. Mas achamos que a posição do partido é muito clara sobre isso. Nós entendemos que há um espaço na economia brasileira para reduzir os juros de maneira mais consistente. Agora, entendemos que, por outro lado, precisamos sempre ressalvar que a política econômica foi vitoriosa nos últimos quatros anos a ponto que hoje debatemos a agenda do crescimento e não a inflação.

G1 - E sobre espaço do PT no governo. O que o documento dirá?
Berzoini - Que o PT deve participar colaborando, cooperando, com quadros no governo, fortalecendo as políticas sociais e econômica, fortalecendo as áreas de infra-estrutura. Mas sempre lembrando que o PT é um dos partidos da coalizão. Não podemos esquecer que outros partidos têm o direito de pleitear áreas importantes do governo. Vamos falar que o PT quer ter uma participação qualitativa no governo, e que a decisão é do presidente Lula.

G1 - O PT vai discutir a anistia do Congresso a José Dirceu?
Berzoini - Não há movimento para evitar ou discutir. Temos a consciência muito grande de que esse é um assunto que deve ser tratado socialmente, não partidariamente. Algo que, se tiver base social, terá sucesso. Não haverá uma deliberação do partido sobre isso, até para que cada um possa se manifestar.

G1 - O encontro em Salvador ocorre depois dos escândalos do mensalão e do dossiê e ainda após a divulgação de documentos de grupos dentro do partido criticando a direção da legenda. Isso criou uma tensão interna?
Berzoini - A tensão é positiva. É uma maravilha que um partido como o PT seja tão aberto a ponto de se tornar o assunto principal dos jornais. Isso depois de eleger o presidente da Câmara. Democracia é isso. Nós percebemos que um partido como o nosso tem que debater todos os assuntos com franqueza. Há um sentimento de respeito dentro do partido. Vamos trabalhar. O Congresso [do PT] vai ser em julho. Faremos debate em todos os estados. A partir daí, teremos uma resolução do Congresso que dará as diretrizes aos militantes do partido.


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