25 de abril de 2007

É uma vergonha

É uma verdadeira vergonha o que diversos canais de notícias estão fazendo/falando sobre o finado Boris Ieltsin, ex-presidente da Rússia.

Tenho lido diversos textos sobre o assunto (afinal, todos sabem que a Rússia é uma das minhas paixões), e tenho visto que a grande maioria destaca como ponto positivo o fato de que ele instaurou uma economia de mercado e a democracia liberal no país. Ao invés de dizerem isso, as reportagens deveriam dizer que Ieltsin, na verdade, instaurou uma economia de rapina (chegando a vender empresas estatais por 10% ou 15% do valor original delas, em suas duas fases de privatização) e instaurou uma pseudo-democracia liberal, já que a população passou a ter o "direito" a votar, mas não o de efetivamente decidir (a própria reeleição do Ieltsin, em 1996, que o diga).

As reportagens exaltam: "a morte do primeiro presidente eleito democraticamente". Mas não destacam o fato de que, na verdade, o próprio Ieltsin deu um semi-golpe de estado, já que ele havia sido eleito em 1990 como presidente da Rússia MAS da Rússia que fazia parte da União Soviética. Fazendo uma analogia ao Brasil, seria como se hoje o Brasil se desmembrasse e o Aécio Neves se tornasse o presidente do país chamado Minas Gerais. Ele foi eleito para presidente? Não, foi eleito para governador. Com Ieltsin foi a mesma coisa: ele foi eleito para o cargo de presidente (que, à época, poderia ser associado ao de um governador aqui no Brasil) da Rússia, mas ainda sujeito à legislação nacional do país (a União Soviética). Quando a URSS deixou de existir, ele simplesmente se manteve no cargo por "hereditariedade", e não sendo eleito pelo povo. Sua real eleição só aconteceu em 1996, em um processo considerado extremamente manipulado por observadores internacionais.

Há diversas outras coisas a serem ditas sobre ele, e que devido ao avançado da hora, não o farei hoje (amanhã tenho de dar aula cedo). Mas acho importante destacar aqui o fato de que Ieltsin não foi este governante tão "bonzinho" que a mídia está tentando mostrar. Ao contrário, foi um governante que, devido à corrupção desenfreada, fez o país chegar à bancarrota em 1998, vendeu as indústrias nacionais a preço de banana e fez com que a qualidade de vida dos cidadãos russos, que, em alguns aspectos, já não era muito boa durante o período soviético, ficasse ainda pior.


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